A alimentação para Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é um dos mais importantes tratamentos da doença.
As principais características clínicas são a presença de cistos nos ovários, hiperandrogenismo e anovulação crônica, causando sintomas como crescimento de pelos, acne, queda de cabelo, resistência à insulina, colesterol alto e ganho de gordura corporal.
Sua prevalência varia de 5 a 20% no Brasil e no mundo, sendo um dos desequilíbrios hormonais que mais afeta mulheres em idade reprodutiva.
A causa da SOP ainda não é conhecida, porque as etiologias variam e as diferentes características estão consideravelmente interligadas.
Por isso, o foco deixou de ser exclusivamente o sistema reprodutor, mas sim o organismo como um todo, sendo considerada também uma doença metabólica.
O diagnóstico é feito pela presença de pelo menos dois dos três critérios abaixo, desde que excluídas outras doenças que também cursam com essas mesmas características clínicas:
- Oligoamenorreia: ausência de menstruação por 90 dias ou mais, ou a ocorrência de menos de nove ciclos menstruais em um ano.
- Hiperandrogenismo: relacionado com alterações na programação da regulação do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano. Manifesta-se como hirsutismo (aumento de pelos), acne, alopecia (queda de cabelo).
- Policistose ovariana: presença de múltiplos cistos nos ovários.
Esses desequilíbrios culminam em sintomas como crescimento de pelos, acne, queda de cabelo, resistência à insulina, colesterol alto e ganho de gordura corporal.
Com isso, portadoras de SOP têm maior risco para desenvolver:
- Obesidade
- Doenças cardiovasculares
- Infertilidade
- Diabetes mellitus tipo 2
- Esteatose hepática
- Apneia do sono
- Depressão
- Câncer de endométrio.
O ganho de gordura corporal agrava o risco de desenvolver diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares, portanto, no diagnóstico da SOP é preciso investigar se há também a presença de síndrome metabólica, por ter relação com gordura abdominal, triglicerídeos, pressão arterial e glicose sanguínea elevadas e o bom colesterol (HDL) baixo.
Como ainda não existe um medicamento específico para a doença, haja vista sua etiologia desconhecida, a alimentação para Síndrome dos Ovários Policísticos e mudanças no estilo de vida é primordial para o tratamento.
O tratamento medicamentoso, atualmente, é feito com medicamentos que apenas controlam os sintomas, como anticoncepcionais orais, medicamentos que controlam os níveis de glicose e colesterol no sangue, a acne, a queda de cabelo, por exemplo.
Alimentação para Síndrome dos Ovários Policísticos
A alimentação para Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é essencial, afinal, o principal objetivo do tratamento não está relacionado apenas aos fatores reprodutivos, mas à atenuação dos sintomas.
Assim, além da redução do peso corporal são controlados outros fatores de risco para as comorbidades associadas.
As recomendações de alimentação para Síndrome dos Ovários Policísticos são:
- Carboidratos de médio a baixo índice glicêmico: como arroz integral, aveia, feijão, lentilha, ervilha, grão de bico, soja, batatas, inhame, abóbora, brócolis, abobrinha, berinjela, pêra, maçã, pêssego, morangos, iogurte, leite, dentre outros, estimulam menos a insulina, controlando a resistência à insulina e a DM2. Veja com mais detalhes no post “Tipos de diabetes, sintomas, tratamento e índice glicêmico”.
- Fibras: alimentos ricos em fibras, além de ajudarem a controlar o índice glicêmico da refeição, regulam a microbiota intestinal que, por sua vez, age indiretamente no bom funcionamento do organismo como um todo. Portanto, faça das frutas, legumes e verduras, a base da sua alimentação. Veja os posts “Fibras alimentares: benefícios e como incorporar na alimentação” e “12 farinhas com fibras para enriquecer receitas e como usa-las”.
- Antioxidantes: frutas, especiarias como cravo, canela, gengibre, cúrcuma, e os chás (confira o post “Guia do Chá: tipos de chás e seus benefícios”) são as maiores fontes de antioxidantes. Os antioxidantes auxiliam a redução do estado inflamatório do corpo, portanto, são essenciais no tratamento da SOP e na prevenção das comorbidades associadas.
- Gorduras de boa qualidade: são as gorduras mono e poliinsaturadas, que controlam o colesterol e previnem DCV. As gorduras monoinsaturadas, em especial, ajudam a abaixar o colesterol ruim (LDL), enquanto mantém alto o colesterol bom (HDL). Boas fontes são: abacate, azeitonas, azeite, e oleaginosas como amêndoas, amendoim, castanha de caju, avelã, pistache, nozes.
- Ômega 3: é uma gordura poliinsaturada essencial, capaz de controlar os triglicerídeos e auxiliar o processo inflamatório causado pela SOP. As maiores fontes são peixes gordurosos, como salmão e sardinha, e sementes de chia e de linhaça. Confira o post “Os benefícios do ômega 3 e quando é preciso suplementar”.
- Vitamina D: a deficiência de vitamina D está associada ao DM2, obesidade, dislipidemia, infertilidade, hirsutismo, hiperandrogenismo e exacerbação da SOP. Há evidências da relação entre vitamina D e a melhora dos sintomas da SOP. A exposição solar é a melhor forma de obter vitamina D ativa (20 minutos, no sol das 11 às 15h, sem filtro solar). Fontes alimentares são ovos, peixes gordurosos (atum e salmão), leite e derivados, alimentos fortificados e cogumelos.
- Controle do ganho de gordura corporal: tendo em vista que o ganho de gordura corporal contribui para a piora das comorbidades associadas, é importante apostar nos alimentos acima por ajudarem a controlar a fome, ou seja, manter a saciedade por mais tempo. No post com “9 dicas para emagrecer de forma saudável e sustentável” explicamos mais sobre saciedade e controle do peso.
- Evitar o consumo de açúcares e adoçantes: os açúcares e mesmo os adoçantes, estimulam a insulina, portanto é importante evitar, afim de atenuar o quadro de resistência à insulina. Dentre esses, o mais interessante a se optar é o açúcar de coco, que é o de menor índice glicêmico dentre os açúcares, e com mais fibras, mas, ainda assim, esporadicamente, não devendo fazer parte da dieta.
- Evitar alimentos ricos em gorduras saturadas: como carnes e queijos gordos, manteiga, creamcheese e creme de leite, porque contribuem com o aumento do colesterol ruim.
- Evitar alimentos ultraprocessados: esses alimentos são aqueles que contém conservantes com nomes estranhos, além de gorduras trans e sódio, que podem piorar os sintomas das comorbidades associadas e gerar um estado inflamatório no organismo.
- Evitar o excesso de bebida alcoólica: pois podem piorar os sintomas da SOP.
Além da alimentação, mudanças no estilo de vida, como a prática de exercícios físicos, manejo do estresse e ter uma boa noite de sono (o próprio hormônio do sono, a melatonina, é um potente antioxidante natural) são essenciais para o controle dos sintomas da SOP.
Conclusão
Gostou de saber por que a alimentação para Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) e as mudanças no estilo de vida são tão importantes para o controle dos sintomas?
Não tem segredo. Basta aderir a bons hábitos de estilo de vida e alimentação saudável. Se precisar, procure um nutricionista para te auxiliar.
Se você tem SOP, conhece alguém que tem ou quer apenas apostar numa alimentação mais saudável, no nosso Caderno de Receitas você encontra diversas receitas com os alimentos mencionados acima, para aplicar de forma prática no seu dia a dia.
Livia Freitas e Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutrição e Curadoria da Boomi.