Veja no post de hoje como deve ser a alimentação para a doença pulmonar obstrutiva crônica.
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma condição respiratória progressiva caracterizada por inflamação prolongada das vias aéreas, danos nos pulmões e obstrução do fluxo de ar nos pulmões.
O tratamento inclui múltiplas abordagens, como parar de fumar, reabilitação pulmonar, medicamentos e oxigenoterapia nos casos mais graves. Embora muitas vezes negligenciada, a alimentação para a doença pulmonar obstrutiva crônica tem um papel significativo no manejo dos sintomas e na melhora da qualidade de vida dos pacientes.
Alimentação para a doença pulmonar obstrutiva crônica
A DPOC geralmente é causada pela exposição crônica a substâncias irritantes, como fumaça de tabaco, poluição do ar, vapores químicos e poeira. A principal causa é o tabagismo, que é responsável por uma grande parcela dos casos. A exposição prolongada a esses agentes irritantes leva a danos nos pulmões ao longo do tempo, resultando em inflamação crônica e destruição dos tecidos pulmonares.
A DPOC é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo. No Brasil e no mundo, a prevalência varia entre 7% e 15% da população adulta.
Os sintomas incluem tosse crônica, falta de ar, produção excessiva de muco e chiado no peito. Esses sintomas geralmente pioram progressivamente ao longo do tempo e podem impactar significativamente a qualidade de vida.
O diagnóstico é baseado em uma combinação de fatores, como história clínica, exame físico, testes de função pulmonar e exames de imagem.
O tratamento tem como objetivo aliviar os sintomas, retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida, o que costuma envolver uma abordagem multifacetada, como:
- Cessação do tabagismo: é a intervenção mais importante. Pode retardar a progressão da doença e reduzir o risco de complicações.
- Medicamentos: broncodilatadores e corticosteroides inalados são frequentemente prescritos para ajudar a aliviar os sintomas e melhorar a função pulmonar.
- Reabilitação pulmonar: programas de reabilitação pulmonar, que incluem exercícios físicos supervisionados, educação sobre a doença e suporte psicossocial, podem melhorar a capacidade de exercício e a qualidade de vida dos pacientes.
- Oxigenoterapia: para pacientes com DPOC grave, a oxigenoterapia domiciliar pode ser necessária para aumentar os níveis de oxigênio no sangue e aliviar a falta de ar.
- Alimentação para a doença pulmonar obstrutiva crônica: embora, muitas vezes, negligenciada, a alimentação tem um papel significativo no manejo dos sintomas e na melhora da qualidade de vida dos pacientes.
As principais orientações em relação à alimentação para a doença pulmonar obstrutiva crônica incluem:
- Hidratação
Beber bastante água é importante para manter as vias respiratórias úmidas e facilitar a expectoração do muco. A recomendação para ingestão de água é de 35mL por quilo de peso corporal, por dia.
Além da água, chás podem ajudar no manejo dos sintomas. Eles são ricos em polifenóis que podem auxiliar na redução da inflamação, devido ao seu potencial antioxidante.
- Proteínas
Muitas pessoas com DPOC podem desenvolver sarcopenia, devido aos sintomas da doença que podem levar à diminuição da prática de atividades físicas. Por isso, uma alimentação rica em proteínas é essencial.
Aposte em alimentos fonte de proteínas magras como aves, peixes, ovos e leguminosas em geral, como feijão, ervilha, lentilha e grão-de-bico.
Além de serem ricos em proteínas, esses alimentos fornecem minerais importantes para o manejo da DPOC, como fósforo, zinco e magnésio.
- Frutas, legumes e verduras
As frutas, legumes e verduras desempenham um papel importante no manejo dos sintomas, já que o estresse oxidativo e a inflamação são os principais processos patogênicos da DPOC.
Eles são ricos em vitaminas, minerais e antioxidantes com propriedades antiinflamatórias, como vitaminas C e E, magnésio, catequinas, antocianinas e resveratrol. Além disso, alguns medicamentos podem afetar os níveis de potássio no sangue. Por isso, aposte em alimentos ricos nestes nutrientes, como limão, maracujá, abacate, maçã, pêra, uvas, frutas vermelhas em geral, pimentão, brócolis, couve, agrião, alface, cenoura, beterraba, entre outros.
- Alimentos ricos em fibras
Algumas pessoas com DPOC podem apresentar constipação intestinal, devido a diminuição da prática de atividades físicas e a alguns medicamentos. Por isso, é importante incluir alimentos ricos em fibras na alimentação, como leguminosas, cereais integrais, sementes, castanhas, frutas, legumes e verduras.
- Alimentos fonte de ômega 3
O ômega 3 é uma gordura poliinsaturada com propriedades antiinflamatórias. Para aumentar o seu consumo, inclua na alimentação peixes gordos, como o salmão, e óleos de chia e de linhaça.
- Alimentos ricos em cálcio
Muitas pessoas com DPOC podem apresentar osteoporose, devido ao uso de medicamentos, deficiência de vitamina D e estilo de vida sedentário. Por isso, aposte em alimentos como leite, queijos magros, iogurte, sardinha, homus, couve, grão-de-bico, espinafre, tofu, entre outros. Em alguns casos, a suplementação pode ser necessária.
- Vitamina D
A inflamação crônica e baixa exposição ao sol, devido à mobilidade reduzida, pode ocasionar baixos níveis de vitamina D no organismo, em pessoas com DPOC. Diversos estudos demonstram que a suplementação de vitamina D nesses pacientes tem se mostrado bastante eficiente, principalmente quando se encontram em corticoterapia.
- Alimentos fonte de selênio
Pessoas com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) podem apresentar deficiência de selênio devido a vários fatores, incluindo inflamação crônica, consumo inadequado de nutrientes e estresse oxidativo. O selênio é um antioxidante importante que ajuda a reduzir o estresse oxidativo e a inflamação, o que pode ser benéfico para pacientes com DPOC, uma vez que a inflamação crônica está intimamente ligada à progressão da doença. Alimentos ricos em selênio incluem castanhas do Brasil, peixes, frango, ovos e sementes de girassol.
O que evitar na alimentação para a doença pulmonar obstrutiva crônica:
- Sódio: em excesso, pode levar à retenção de líquidos, aumentando o volume sanguíneo e a pressão arterial, o que dificulta a respiração. Veja aqui as principais dicas para diminuir o consumo de sódio.
- Alimentos ricos em gorduras saturadas: como carnes gordas, manteiga, entre outros. O consumo excessivo desses alimentos pode levar ao aumento do colesterol LDL (o “mau” colesterol), o que pode aumentar o risco de doenças cardíacas, que frequentemente coexistem com a DPOC e podem piorar a saúde respiratória.
- Alimentos ultraprocessados, refinados e açucarados: o excesso de alimentos como biscoitos de pacote, macarrão instantâneo, doces e bebidas açucaradas em geral, podem desencadear respostas inflamatórias, estresse oxidativo, aumento do colesterol LDL e promover infecção pulmonar através da concentração de glicose nas vias aéreas.
- Álcool: o consumo de álcool pode agravar a dificuldade respiratória na DPOC, aumentar o risco de infecções respiratórias e interagir com medicamentos, além de contribuir para doenças cardiovasculares.
Além de apostar nos melhores alimentos para o manejo da DPOC, siga essas dicas de alimentação:
- Fazer várias refeições ao longo do dia e em pequenas quantidades ajudará você a sentir menos fome e evitar exageros na hora de comer. O excesso de comida pode ocasionar dificuldade para respirar depois das refeições. Procure fazer 6 pequenas refeições ao dia.
- Se ao alimentar-se você logo se sente satisfeito, procure não ingerir líquido junto com as refeições, beba somente uma hora após. Dê preferência aos alimentos frios.
- Procure eliminar toda a secreção e usar broncodilatador antes das refeições, evitando assim a falta de ar na hora de comer.
- Coma devagar. Comendo mais devagar, você vai respirar melhor e sentirá melhor o gosto dos alimentos.
- Procure descansar antes das refeições, escolha alimentos de fácil preparo e tenha alimentos preparados para os períodos de falta de ar ou cansaço.
Livia Freitas e Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutrição e Curadoria da Boomi.
Referências
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. II Consenso Brasileiro sobre Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica – DPOC. J Bras Pneumol. 2004;30(Suppl 5):S1-S42. Disponível em: http://www.jornaldepneumologia.com.br/details-supp/40
Fernandes, A. C., & Bezerra, O. M. de P. A.. Terapia nutricional na doença pulmonar obstrutiva crônica e suas complicações nutricionais. Jornal Brasileiro De Pneumologia, 32(5), 461–471. 2006. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1806-37132006000500014
Manual da DPOC. Programa de Reabilitação Pulmonar. Hospital Santa Cruz. Santa Cruz do Sul, RS. Disponível em: https://www.hospitalstacruz.com.br/wp-content/uploads/2014/09/16153_lay_cartilha.pdf
Nutritotal PRO. Qual o tratamento nutricional para a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)? Redação Nutritotal. 12 de fevereiro de 2024. Disponível em: https://nutritotal.com.br/pro/qual-o-tratamento-nutricional-para-a-doenca-pulmonar-obstrutiva-cronica-dpoc/