FODMAPs é a sigla para Fermented Oligosaccharides, Disaccharides, Monosacharides and Polyols. Alimentos que contém FODMAPs podem causar desconforto abdominal em algumas pessoas. Veja mais sobre a Síndrome do Intestino Irritável e os FODMAPs.
A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é um distúrbio gastrointestinal que causa dor abdominal e alterações do trânsito intestinal, que afeta entre 3 e 25% da população mundial e aproximadamente 12% da população brasileira.
Os alimentos que contém FODMAPs, são, em geral, algumas frutas, legumes, feijões, lácteos e adoçantes. No entanto, os alimentos que causam desconforto variam de pessoa para pessoa.
Basicamente, o tratamento nutricional da SII consiste em eliminar os FODMAPs da dieta e reintroduzir aos poucos, para definir quais deles exatamente causam desconforto abdominal.
Síndrome do Intestino Irritável: o que é, causas e sintomas
A Síndrome do Intestino Irritável é uma doença crônica que alterna entre fases graves e assintomáticas e que atinge mais as mulheres antes dos 35 anos de idade.
Nas fases graves, com a ingestão dos FODMAPs, surgem sintomas como dor abdominal e, dependendo da pessoa, diarreia ou constipação.
Por isso, a causa ainda é desconhecida e, segundo os especialistas, a SII pode ser provocada por vários fatores, como:
- Os tipos de bactérias que povoam o intestino, já que a microbiota varia muito de pessoa para pessoa.
- Em algumas pessoas, as contrações musculares do intestino podem ser mais intensas e prolongadas que o normal, aumentando a velocidade do trânsito intestinal, causando cólicas, gases e diarreia.
- Em outras, as contrações podem ser fracas e em uma porção menor do intestino, tornando o trânsito intestinal mais lento, favorecendo a constipação e as fezes secas.
- Outra possibilidade é que as pessoas que sentem dor, podem ter receptores da dor mais sensíveis, que reagem de modo intenso quando o intestino está cheio de gases ou fezes, causando um incômodo muito maior que em uma pessoa com o intestino saudável.
- Fatores psicológicos (estresse e depressão) e infecções virais e bacterianas no estômago ou intestino, também podem ser causas do desenvolvimento da SII.
Em resumo, os sintomas variam de pessoa para pessoa e incluem:
- Dor abdominal
- Inchaço na barriga
- Diarreia
- Constipação
- Gases em excesso
- Arrotos
- Refluxo
- Dificuldade para engolir
- Azia
- Náuseas
- Saciedade precoce
Algumas pessoas que tem Síndrome do Intestino Irritável ainda não diagnosticadas, muitas vezes, podem acreditar estar com doença celíaca ou intolerância ao glúten e o retiram da alimentação. Mas a SII não provoca inflamações, lesões e não aumenta o risco de câncer no intestino.
Diagnóstico
A Síndrome do Intestino Irritável não é fácil de ser diagnosticada, já que os exames laboratoriais e de imagem costumam ser normais nesses pacientes.
Então o diagnóstico é feito através da avaliação dos sinais e sintomas.
Para padronizar e facilitar, os especialistas criaram um conjunto de critérios de avaliação chamado “critérios de Roma III para a SII”.
Segundo o Roma III, o paciente precisa ter apresentado pelo menos 3 dias por mês, em 3 meses, dor ou desconforto abdominal associada a 2 ou mais critérios:
- Mudança da consistência das fezes
- Mudança da frequência das fezes
- Melhora da dor após evacuar
O diagnóstico classifica a SII em 4 subtipos:
- SII com constipação intestinal: fezes duras/em bolinhas em pelo menos 25% das evacuações ou fezes moles/líquidas em menos de 25% das evacuações.
- SII com diarreia: fezes moles/líquidas em pelo menos 25% das evacuações ou fezes duras/em bolinhas em menos de 5% das evacuações.
- SII mista: fezes moles/líquidas em pelo menos 25% das evacuações ou fezes duras/em bolinhas em pelo menos 25% das evacuações.
- SII inespecífica: quando não se encaixa nas 3 definições acima.
Tratamento da Síndrome do Intestino Irritável e os FODMAPs
O tratamento medicamentoso pode ser necessário, muitas vezes, para controlar a dor abdominal, a diarreia ou a constipação.
Mas o tratamento nutricional é imprescindível, já que os alimentos altamente fermentáveis é que causam os sintomas nesses pacientes.
Como os efeitos desses alimentos variam de paciente para paciente, o tratamento consiste, de início, em retirar todos os FODMAPs, ou grande parte deles.
Depois, os alimentos são reinseridos aos poucos, para que sejam identificados os causadores dos sintomas e então evitados definitivamente.
Os alimentos ricos em FODMAPs são:
- Frutas: maçãs, peras, pêssegos, manga, melancia, caqui, damasco, cereja, pitomba, lichia, nectarina, ameixa, ameixa seca, abacate, frutas em calda, frutas secas, sucos de frutas.
- Cereais e massas: trigo e centeio (em grandes quantidades), pães, bolos, biscoitos
- Leguminosas: ervilhas de vagem, ervilhas, grão de bico, lentilhas, feijões
- Legumes: alcachofras, aspargos, beterraba, couve-de-bruxelas, couve-flor, brócolis, repolho, erva-doce, alho, alho-poró, quiabo, cebola
- Adoçantes: mel, xarope de milho rico em frutose, sorbitol, maltitol, manitol, xilitol, dentre outros que terminam em “ol”.
- Lácteos: leites de vaca, cabra e ovelha, sorvetes, queijos cremosos (ricota, cottage, cream cheese), iogurtes naturais e desnatados.
Sendo assim, os alimentos abaixo, pobres em FODMAPs, devem ser priorizados:
- Frutas: banana, amora, carambola, uva, abacaxi, melão, kiwi, limão, lima, laranja, tangerina, morango, maracujá.
- Laticínios: leite sem lactose, iogurte sem lactose, manteiga, queijos curados (cheddar, parmesão, brie, camembert).
- Leites vegetais: leite de soja, leite de arroz, leite de amêndoa,
- Legumes: broto de bambu, cenoura, aipo, berinjela, cebolinha, pepino, abóbora, abobrinha, tomate, batata, batata doce.
- Verduras: alface, espinafre, couve
- Cereais: milho, quinoa, arroz, tapioca, macarrão de arroz, pães e biscoitos feitos com farinha de milho ou mandioca.
Livia Freitas e Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutrição e Curadoria da Boomi.