fbpx Skip to content

PANCs: conheça as plantas alimentícias não convencionais

plantas alimentícias não convencionais

PANC é a sigla para Plantas Alimentícias Não Convencionais. As PANCs são espécies de plantas com partes comestíveis como talos, flores, folhas, brotos, rizomas, sementes, cormos, raízes e tubérculos, que dão um sabor super especial aos pratos.

De uns tempos para cá, o consumo de PANCs tem ganhado força, no entanto, são usadas na alimentação há milhares de anos, já que são bem fáceis de encontrar mesmo nas cidades grandes, e de fácil cultivo.

Em geral, são espécies de plantas que não necessitam de grandes cuidados, sofrem menos impacto das mudanças climáticas e são independentes do sistema de cultivo, pois nascem sozinhas e se adaptam em diferentes ambientes.

São muito cultivadas em hortas de escolas, hortas comunitárias, parques, jardins, muitas vezes, brotam espontaneamente em parques ou em canteiros nas calçadas, e podem ser facilmente cultivadas em casa.

Por serem sustentáveis e sazonais, as PANCs se destacam pelo seu alto valor nutricional, com altos teores de vitaminas, minerais, fibras e antioxidantes, em comparação às plantas domesticadas ou fora da sazonalidade.

Graças a sua capacidade de se adaptar e se disseminar em muitos ambientes, as PANCs podem ter impacto positivo na alimentação futura.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a população mundial tende a crescer em mais de um terço até 2050, chegando a quase 10 bilhões de pessoas. Com isso, a demanda por alimentos também aumenta e manter a segurança alimentar e nutricional de toda a população se torna um desafio.

Logo, o consumo de PANCs se configura como uma estratégia para garantir uma alimentação diversificada, saudável e sustentável para a população.

Adquirir o hábito de variar a alimentação, principalmente com o consumo das PANCs só traz benefícios para a saúde do planeta e para a nossa saúde, além de resistir à monotonia alimentar e resgatar a cultura do comer diretamente da natureza.

 

Uso das plantas alimentícias não convencionais na alimentação

Devido ao seu rico valor nutricional, versatilidade e sabor, as PANCs podem ser consumidas em sucos, saladas, no preparo de pães e tortas, dentre outros.

Veja abaixo como cada uma das plantas alimentícias não convencionais podem ser usadas na alimentação:

 

  • Almeirão-de-árvore (Lactuca canadensis L.): usada como a couve ou espinafre no preparo de pratos quentes ou em saladas. Pode ser preparado com feijão, arroz, angu e como recheio de bolinhos e tortas.

 

  • Araruta (Maranta arundinacea): uso tradicional na forma do polvilho extraído das raízes (rizomas). O polvilho seco e peneirado e usado para fazer bolos, biscoitos e mingau. Também engrossa molhos, cremes e sopas.

 

  • Azedinha (Rumex acetosa L.): as folhas frescas picadas podem ser utilizadas em saladas e sucos, conferindo-lhes um agradável e estimulante sabor ácido. As folhas refogadas são usadas também em sopas e molhos.

 

  • Beldroega (Portulaca oleracea): são utilizados os talos e as folhas em saladas cruas, sucos, sopas e caldos, conferindo característica consistência cremosa.

 

  • Bertalha (Basella alba L.): é utilizada refogada e em sopas, da mesma forma que se utiliza o espinafre.

 

  • Capiçoba (Erechtites valerianifolius): de sabor levemente amargo, é consumida como couve e pode ser acompanhada com angu, arroz e feijão.

 

  • Capuchinha (Tropaeolum majus): tem sabor picante, semelhante ao agrião. Confere um toque exótico às saladas. Seu caule é suculento e as folhas possuem formato arredondado com flores vistosas em tons de vermelho, laranja e amarelo. Os frutos verdes em conserva substituem à altura as alcaparras.

 

  • Cará (Dioscorea batatas): pode ser consumido cozido, frito, assado ou em forma de pão.

 

  • Chicória-do-Pará (Eryngium foetidum L.): muito utilizada como condimento, formando no Norte o popular cheiro-verde.

 

  • Chuchu-de-vento (Cyclantherapedata): os frutos são consumidos refogados, cozidos, em pratos com carnes ou aves ou recheados. De sabor levemente amargo, semelhante ao do jiló, os frutos verdes podem ser consumidos crus.

 

  • Cubiu (Solanum sessiliflorum): pode ser consumido ao natural, ou processado na forma de sucos, doces, geléias e compotas. Também é usado na caldeirada de peixe ou como tempero de pratos à base de carne e frango.

 

  • Jacatupé (Pachyrhizus tuberosus): raízes consumidas cruas e cozidas em sopas, preparo de massas e produtos de panificação.

 

  • Jambu (Acmella oleracea): com paladar peculiar que causa característico amortecimento das mucosas, é forte seu uso no Norte no preparo de pratos tradicionais como o tacacá, o pato no tucupi e peixes regionais.

 

  • Jurubeba (Solanum paniculatum): particularmente amargos, os frutos são cozidos com arroz ou feijão ou em conservas.

 

  • Mangarito (Xanthosoma riedelianum): depois de cozido, a polpa branca ou amarelada, dependendo da variedade, ganha consistência tenra. Usado como batata e mandioca, cozido, frito, em purê, bolinhos, sopas e assados.

 

  • Maxixe (Cucumis anguria): é consumido refogado ou cozido com arroz, carne ou feijão. Para consumo cru, o maxixe deve ser previamente descascado ou raspado, retirando a fina casca.

 

  • Ora-pro-nobis (Pereskia aculeata): a combinação mais usada em pratos tradicionais em Minas Gerais é com frango ou com angu. Pode ser usado em sopas, recheio, mexidos e omeletes. Pode-se usar as folhas secas e moídas no preparo da farinha múltipla, complemento nutricional no combate à desnutrição.

 

  • Peixinho (Stachys byzantina): suas folhas podem ser utilizadas no preparo de sucos, refogados, sopas, omeletes, e recheios diversos. Quando preparadas à milanesa tomam sabor de peixe.

 

  • Serralha (Sonchus oleraceus): utilizada em saladas ou refogadas.

 

  • Taioba (Xanthosoma sagittifolium Schott): as folhas são usadas refogadas ou cozidas com frango, carne moída ou arroz. Faz-se também omeletes e suflês. São tóxicas quando cruas. Os rizomas podem ser usados como o inhame.

 

  • Inhame (Colocasia esculenta): os rizomas são consumidos cozidos, assados ou em produtos de panificação.

 

  • Vinagreira (Hibiscus sabdariffa): as folhas são usadas em saladas cruas ou refogadas e as flores em chás. Dos cálices, faz-se geleias e sucos. É ingrediente do tradicional arroz-de-cuxá do Maranhão.

 

 

Onde encontrar em SP?

Para encontrar as plantas alimentícias não convencionais, recorra a feiras orgânicas ou ao Ceasa da sua cidade, pois não costumam ser comercializadas em mercados convencionais.

Algumas sugestões de onde podem ser encontradas gratuitamente na cidade de São Paulo, são:

  • Horta da Faculdade de Medicina da USP

Av. Doutor Arnaldo, 455, Pacaembu

Localizada no coração de São Paulo, a Horta da Faculdade de Medicina da USP conta com a colaboração de funcionários e voluntários para os cuidados que as plantas necessitam. Nesse clima colaborativo, você pode encontrar espécies de PANC para colheita ou até uma mudinha para plantar em casa.

 

  • Horta das Flores

Av. Alcântara Machado, 2200, Brás

Pomares, viveiro de mudas, orquidário, ervanário, bromélias e PANC são apenas uma amostra do que a comunidade pode construir. Além da área verde, a Horta das Flores conta com uma programação aos finais de semana, que inclui atividades gratuitas sobre segurança alimentar e nutricional, agroecologia e meio ambiente.

 

  • Horta das Corujas

Av. das Corujas, 39, Sumarezinho

Com nove anos de existência, a Horta das Corujas é um exemplo de que é possível manter uma horta urbana com biodiversidade. O projeto teve a iniciativa do grupo Hortelões Urbanos, que integra pessoas interessadas em conversar sobre agricultura urbana por meio das redes sociais. O espaço colaborativo oferece uma experiência de contato com as espécies de PANCs, como capuchinhas, taioba, peixinho da horta, açafrão da terra e muito mais

 

Livia Freitas e Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutrição e Curadoria da Boomi.

 

Referências:

SUSTENTAREA. Revista Sustentarea, Novembro, 2021, Vol 5, Nº 4. Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Disponível em: <https://www.fsp.usp.br/sustentarea/wp-content/uploads/2021/12/Revista-12.pdf>. Acesso em: Março de 2022.

MAPA. Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo , 2010. MANUAL de hortaliças não-convencionais. Brasília, DF, 2010. 92 p. Disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/857646/manual-de-hortalicas-nao-convencionais>. Acesso em: Março de 2022.

1
Loading...

Ver carrinho