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Dia do trigo: a farinha de trigo realmente faz mal?

farinha de trigo realmente faz mal

Hoje, dia 10 de novembro, é comemorado o Dia do Trigo no Brasil. E aproveitamos a data para desmistificar a dúvida sobre se a farinha de trigo realmente faz mal.

Com certeza você já ouviu falar que é bom evitar a farinha de trigo, por causa do glúten. Mas será mesmo que a farinha de trigo realmente faz mal?

Como todo alimento, quando em excesso, pode fazer mal. Mas, na quantidade certa, pode fazer parte da alimentação equilibrada de uma pessoa saudável sem problema algum.

 

A farinha de trigo realmente faz mal?

O trigo é um cereal cultivado durante o inverno, utilizado na alimentação em diferentes formas:

  • Trigo em grãos: é o grão de trigo integral, utilizado em saladas e risotos.

 

  • Trigo para kibe: também conhecido como triguilho ou bulgur, é o grão de trigo integral, que passa por uma espécie de pré-cozimento, para depois serem secos e moídos. É muito utilizado na culinária árabe, no preparo de kibe e tabule, por exemplo.

 

  • Gérmen de trigo: durante o processo de moagem dos grãos para extração da farinha de trigo, o gérmen e o farelo de trigo são descartados. O gérmen de trigo é o embrião do grão e sua parte mais nobre, onde fica concentrada a maioria dos nutrientes do cereal. O gérmen pode ser usado para enriquecer receitas como vitaminas, iogurtes, sopas e sucos de frutas.

 

  • Farelo de trigo: a fibra de trigo, ou farelo de trigo, é a camada externa do grão, película que o envolve, obtida no processo de moagem para produção da farinha. É a parte do grão mais rica em fibras e pode ser utilizada para enriquecer receitas, assim como o gérmen.

 

  • Farinha de trigo: nas versões branca ou integral, a farinha de trigo é a versão do grão mais presente na alimentação das pessoas em todo o mundo, utilizada na produção de pães, massas, bolos e biscoitos. A diferença entre elas é que a farinha de trigo integral contém mais fibras em sua composição, retardando a absorção do amido, que é a parte branca da farinha. Enquanto a farinha de trigo integral contém 12,8g de fibras, a farinha branca contém apenas 2,58g. Além disso, como a farinha de trigo integral é feita com o grão de trigo inteiro, contém mais nutrientes, como vitaminas do complexo B e minerais. Já a farinha de trigo branca, refinada, é feita apenas com a parte interna do grão que, além de ser pobre em fibras, contém menos nutrientes, pois estes são perdidos durante o processo de refinamento.

 

Muitas pessoas acreditam que a farinha de trigo realmente faz mal por causa do glúten, mas não é bem assim.

Se você é uma pessoa que não tem doença celíaca ou intolerância ao glúten, a farinha de trigo pode ser consumida sem problema algum, assim como qualquer outro alimento que contém glúten, mas com moderação, no caso da farinha branca, por se tratar de um alimento refinado e de alto índice glicêmico.

O índice glicêmico indica a rapidez com que o organismo transforma o alimento em glicose. Todo carboidrato contido em um alimento recebe uma pontuação de 0 a 100 de acordo com o seu índice glicêmico (IG). Quanto mais alto o número, mais rapidamente ele é decomposto e transformado em glicose pelo organismo.

Alimentos que apresentam:

  • IG menor que 55 são considerados de baixo IG
  • IG entre 56 e 69 são considerados de médio IG.
  • IG maior que 70 são considerados de alto IG.

 

Grãos de trigo integral, por exemplo, ricos em fibras, têm um IG de cerca de 30. Já a farinha de trigo branca, por ser a parte mais refinada do cereal, é mais rica em amido, tendo um índice glicêmico que gira em torno de 70.

No entanto, em relação aos alimentos feitos com farinha de trigo, o seu IG pode ser maior ou menor, de acordo com o processamento de cada um.

Se a farinha de trigo for utilizada no preparo de um pão de sanduíche, seu IG pode ser de cerca de 64 a 75. Já se utilizada no preparo de uma massa de macarrão, seu IG gira em torno de 37 a 42 (mesmo sendo uma massa branca, devido à estrutura de seus amidos). Além disso, quanto mais al dente o macarrão, menor o seu IG, já que sua quebra se torna menos acessível pelas enzimas digestivas.

Por isso, a resposta para a pergunta se farinha de trigo realmente faz mal é: não.  A farinha de trigo não faz mal algum. Tudo vai depender da quantidade do alimento que for consumida.

Outros fatores que podem impactar na glicemia, incluem:

  • Qualidade do alimento: não se pode comparar um macarrão al dente, com o consumo excessivo de um bolo rico também em açúcares e gorduras, por exemplo, embora ambos tenham sido feitos com a farinha de trigo.

 

  • Quantidade do alimento: consumir um pãozinho é diferente de consumir três. Em quantidades adequadas, colocar um alimento ou outro, ricos em farinha de trigo ou outro alimento refinado na alimentação, não será um problema para o controle da glicemia.

 

  • Combinação com outros alimentos: a combinação de alimentos é capaz de diminuir o IG da refeição. Comer um pão com ovos, ou um sanduiche natural recheado com frango e muito vegetais, que retardam a absorção dos carboidratos, é diferente de comer um pão com manteiga de estômago vazio, que impactará na glicemia de forma mais acentuada.

 

Se você é uma pessoa saudável, não existem alimentos proibidos e permitidos, mas sim, a quantidade e combinação ideal para você.

 

Dia do trigo: há 10 mil anos na história da humanidade

O trigo é o segundo tipo de cereal mais cultivado em todo o mundo, ficando atrás apenas do milho, e à frente do arroz.

O trigo está presente na história da humanidade há cerca de 10 mil anos, desde o surgimento da agricultura. O cultivo começou na Mesopotâmia, numa região chamada pelos historiadores de Crescente Fértil, que hoje vai do Egito ao Iraque.

Os grãos de trigo eram consumidos misturados com peixes e frutas numa espécie de papa.

A “invenção” do pão é atribuída aos egípcios que descobriram o processo de fermentação do trigo por volta de 4000 a.C. Mais do que alimento para os egípcios, pães e biscoitos eram oferecidos aos deuses e usados em rituais. Mais tarde, ganhariam status de símbolo religioso: na religião católica, pão e vinho compõem a Eucaristia, enquanto na páscoa judaica, o pão ázimo, sem fermento, é uma tradição.

Da Mesopotâmia, o trigo se espalhou pelo resto do mundo.

Estima-se que os chineses já conheciam o trigo há 2 mil anos a.C. e, com ele, faziam farinha, macarrões e pastéis. Na Europa, o cultivo do trigo se expandiu nas regiões mais frias, como Rússia e Polônia. E foi pelos europeus que o trigo chegou às Américas no século XV.

O trigo chegou às terras brasileiras em 1534, na capitania de São Vicente, trazido por Martim Afonso de Souza.

O clima quente dificultou a expansão da cultura e foi só no século XVIII que a cultura do trigo começou a se desenvolver no Rio Grande do Sul. Mas, no começo do século XIX, a ferrugem dizimou os trigais.

O plantio só foi retomado nos anos 20. A partir da década de 40, as plantações de trigo começaram a expandir no Rio Grande do Sul e no Paraná, que se transformou no principal Estado produtor no Brasil.

 

Referências

O trigo na história: Há 10 mil anos na história da humanidade. Publicado em 11/04/2018. Biotrigo Genética. Brasil. Disponível em: https://biotrigo.com.br/bionews/o-trigo-na-historia/1411

 

Livia Freitas e Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutrição e Curadoria da Boomi.

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