A alimentação no tratamento do sobrepeso e obesidade é fundamental na promoção de um emagrecimento saudável e sustentável.
O sobrepeso e a obesidade são condições complexas que requerem uma abordagem integrada, envolvendo mudanças no estilo de vida, alimentação equilibrada e suporte psicológico.
A implementação de estratégias nutricionais adequadas é essencial para o tratamento eficaz e a prevenção de comorbidades associadas. Profissionais de saúde devem estar atualizados sobre as evidências científicas e diretrizes atuais para oferecer o melhor cuidado aos pacientes.
Alimentação no tratamento do sobrepeso e obesidade
A obesidade é uma condição crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, resultante de um desequilíbrio entre a ingestão calórica e o gasto energético.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo têm sobrepeso ou obesidade. Isso inclui 39% dos adultos com sobrepeso e 13% com obesidade.
No Brasil, dados do IBGE de 2019 indicam que mais da metade da população adulta está com sobrepeso, sendo 25,9% obesos.
A obesidade é mais prevalente em países desenvolvidos, devido ao acesso a alimentos ultraprocessados e estilos de vida sedentários. No entanto, países em desenvolvimento estão enfrentando um aumento preocupante nos números, especialmente em áreas urbanas.
O tratamento eficaz do sobrepeso e da obesidade requer uma abordagem multidisciplinar, ou seja, com médicos, psicólogos e nutricionistas, com ênfase na alimentação, no comportamento alimentar e no uso de medicamentos, quando necessário.
As principais causas do sobrepeso e da obesidade incluem:
- Dieta desequilibrada: alto consumo de alimentos ricos em gorduras saturadas, açúcares e sódio. Esses alimentos contribuem para um muito elevador de calorias, além de desequilibrar o controle da glicemia, do apetite e
- Sedentarismo: falta de atividade física regular.
- Fatores genéticos: predisposição genética que pode influenciar o metabolismo e o armazenamento de gordura.
- Fatores ambientais e sociais: acesso limitado a alimentos saudáveis, ambientes obesogênicos e fatores socioeconômicos.
Os sintomas comuns do sobrepeso e da obesidade incluem:
- Fadiga e cansaço excessivo.
- Dificuldade respiratória, especialmente durante atividades físicas.
- Dor nas articulações, especialmente nos joelhos e quadris.
- Aumento da sudorese.
- Apneia do sono.
- Alterações no humor e autoestima.
O diagnóstico do sobrepeso e da obesidade é realizado por meio de:
- Índice de Massa Corporal (IMC): calculado dividindo o peso (kg) pela altura (m) ao quadrado.
- Abaixo do peso: IMC abaixo de 18,5.
- Peso normal: IMC entre 18,5 e 24,9.
- Sobrepeso: IMC entre 25,0 e 29,9.
- Obesidade grau 1: IMC entre 30,0 e 34,9.
- Obesidade grau 2: IMC entre 35,0 e 39,9.
- Obesidade grau 3 (ou obesidade mórbida): IMC 40,0 ou mais.
- Medidas Antropométricas: circunferência da cintura e relação cintura-quadril para avaliar a distribuição de gordura.
- Circunferência da cintura (CC):
Homens: acima de 94 cm indica risco aumentado; acima de 102 cm indica risco muito aumentado.
Mulheres: acima de 80 cm indica risco aumentado; acima de 88 cm indica risco muito aumentado.
- Relação cintura-quadril (RCQ):
Homens: valores acima de 0,90 são considerados elevados.
Mulheres: valores acima de 0,85 são considerados elevados.
As principais estratégias de prevenção incluem:
- Alimentação saudável e equilibrada: basear a alimentação no consumo de frutas, verduras, legumes, cereais integrais, leguminosas, proteínas magras e gorduras de boa qualidade, como azeite e castanhas, com moderação.
- Atividade física regular: prática de pelo menos 150 minutos de atividade física moderada por semana.
- Educação nutricional: conscientização sobre escolhas alimentares saudáveis.
- Políticas públicas: Implementar ações que promovam ambientes saudáveis e o acesso a alimentos nutritivos.
A alimentação no tratamento do sobrepeso e obesidade visa promover a perda de peso de forma saudável e sustentável. As estratégias recomendadas incluem:
- Qualidade nutricional
Déficit calórico é o mais importante para emagrecer, entretanto, deve-se priorizar a qualidade dos alimentos e não apenas a quantidade. A redução no consumo de alimentos menos saudáveis, ricos em calorias vazias (açúcares e gorduras saturadas), deve ser acompanhada por um aumento no consumo de alimentos ricos em nutrientes, como vegetais, proteínas magras e grãos integrais.
O padrão alimentar mediterrâneo, amplamente reconhecido por seus benefícios à saúde, deve ser incorporado no tratamento nutricional. Este padrão enfatiza alimentos frescos, como frutas, vegetais, peixes, azeite de oliva e nozes, que são ricos em antioxidantes e ácidos graxos essenciais. Este padrão não só favorece a perda de peso, como também reduz os riscos de doenças crônicas associadas à obesidade, como doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2.
- Controle no tamanho das porções
O controle do tamanho das porções é uma estratégia fundamental no tratamento do sobrepeso e da obesidade, pois ajuda a reduzir a ingestão calórica sem comprometer a qualidade nutricional dos alimentos. Uma maneira eficaz de controlar as porções é adotar o conceito do “prato saudável“, que consiste em dividir o prato de forma equilibrada: metade deve ser composta por vegetais e legumes, um quarto por proteínas magras, como frango, peixe ou leguminosas, e o outro quarto por carboidratos de boa qualidade. Além disso, usar utensílios menores e comer devagar, prestando atenção aos sinais de saciedade, pode ajudar a evitar o consumo excessivo. Ao combinar essas práticas com escolhas alimentares nutritivas e equilibradas, é possível controlar o peso de forma sustentável, promovendo uma alimentação saudável e evitando o ganho de peso a longo prazo.
- Dieta hipocalórica moderada
Dieta com redução calórica moderada (cerca de 500-1000 calorias a menos por dia) é recomendada para promover uma perda de peso gradual e sustentável. A abordagem deve ser balanceada, com macronutrientes distribuídos adequadamente: carboidratos de médio a baixo índice glicêmico, proteínas de alto valor biológico e gorduras saudáveis (como as mono e poli-insaturadas).
Como vimos, uma alimentação de qualidade e em porções adequadas é que proporcionará as condições ideais para que a redução de calorias seja feita de forma, praticamente natural. Confira estes posts relacionados para saber mais:
- Como diferenciar a fome da vontade de comer?
- Como identificar a intensidade da fome?
- 9 dicas de como emagrecer de forma saudável e sustentável
- Evitar dietas extremamente restritivas ou modismos alimentares
É importante evitar dietas extremamente restritivas ou modismos alimentares que não têm evidências científicas de eficácia. A dieta deve ser feita de forma individual, respeitando a rotina, possibilidades e preferências de cada um. A adesão a um plano alimentar equilibrado, aliado à prática regular de atividade física, é fundamental para o sucesso no tratamento do sobrepeso e da obesidade.
- Terapia cognitivo-comportamental
É fundamental que o tratamento nutricional inclua a terapia cognitivo-comportamental para lidar com os fatores emocionais e comportamentais associados ao comer compulsivo e ao distúrbio da imagem corporal. Abordagens como o autocontrole alimentar, o registro de alimentos e o desenvolvimento de uma relação mais saudável com a comida são essenciais para a eficácia do tratamento.
Livia Freitas (CRN/SP 3 82983) e Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutrição e Curadoria da Boomi.