A colite ulcerativa é uma condição inflamatória crônica do trato gastrointestinal que pode impactar significativamente a qualidade de vida. A alimentação desempenha um papel fundamental no tratamento e na gestão dos sintomas, por isso entender quais são os melhores e piores alimentos para a colite ulcerativa é essencial.
A abordagem nutricional, geralmente, envolve: hidratação adequada; carnes magras, como peixes e frango; tofu; lácteos sem lactose e com baixo teor de gordura; carboidratos de fácil digestão; frutas e vegetais sem cascas e sementes e, de preferência, cozidos; alimentos ricos em ômega 3; suplementos, se necessário; e evitar alimentos picantes, gordurosos, fritos, açucarados e ultraprocessados.
Melhores e piores alimentos para colite ulcerativa
Junto a doença de Crohn, a colite ulcerativa é uma das principais formas de doença inflamatória intestinal (DII).
A principal diferença entre a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa é o local onde as inflamações se manifestam. Na doença de Crohn, todo o trato gastrointestinal pode ser afetado. Já na colite ulcerativa, as inflamações afetam principalmente o intestino grosso, em maior ou menor extensão.
A colite ulcerativa é uma condição autoimune cuja causa é multifatorial e complexa, influenciada por fatores genéticos, ambientais (como o tabagismo e alimentação não saudável), desequilíbrios na microbiota intestinal, sedentarismo e estresse emocional.
Os sintomas variam de leves a severos durante as fases ativas e podem desaparecer ou diminuir durante as fases de remissões. Eles variam de pessoa para pessoa e incluem subnutrição, diarreia, fadiga, sangramento retal, úlceras, perda de peso, artrose e osteopenia ou osteoporose. Cerca de 20 a 30% dos casos de colite ulcerativa requerem cirurgia para remoção da área do intestino afetada.
Para diagnosticar a colite ulcerativa, os médicos fazem uma avaliação clínica detalhada, incluindo perguntas sobre os sintomas e histórico médico, seguida de exames de sangue e fezes para detectar inflamação e infecções. Exames de imagem como radiografia, tomografia e ressonância ajudam a visualizar o intestino. Procedimentos como sigmoidoscopia e colonoscopia permitem examinar o interior do intestino e coletar biópsias para confirmar a inflamação característica da colite ulcerativa.
A doença pode se manifestar em qualquer idade, mas é mais frequentemente diagnosticada entre os 15 e 30 anos e, em menor grau, entre os 50 e 70 anos. Homens e mulheres são igualmente afetados.
O tratamento visa controlar a inflamação, aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. As opções de tratamento incluem medicamentos antiinflamatórios, imunossupressores e, em casos graves, cirurgia. A abordagem terapêutica é personalizada, levando em consideração a gravidade dos sintomas, a extensão da doença e a resposta individual aos medicamentos e à alimentação.
A alimentação é determinante para a gestão dos sintomas, por isso é essencial saber mais sobre os melhores e piores alimentos para a colite ulcerativa tanto nas fases ativas quanto nos períodos de remissão.
Os objetivos da dietoterapia incluem aumentar os períodos de remissão, reduzir o quadro inflamatório através da imunomodulação e recuperar ou manter o estado nutricional.
Sintomas como diarreia, náusea, dor abdominal, além de desconforto gástrico ocasionado pelo uso de alguns medicamentos, culminam na redução da ingestão alimentar e na insuficiência de alguns micronutrientes como cobre, ferro, magnésio, selênio, zinco, fósforo, vitaminas C, E e do complexo B, entre outros.
Vale ressaltar que as recomendações nutricionais são individuais, e é essencial consultar um nutricionista para orientação personalizada.
Mas, basicamente, os melhores e piores alimentos para a colite ulcerativa incluem:
- Hidratação
Manter-se hidratado é essencial, especialmente se houver diarreia significativa. A reposição de líquidos e eletrólitos ajuda a prevenir a desidratação. Pode-se optar também por chás sem cafeína, como chá de gengibre e de camomila, por exemplo, e sucos, como de maçã, limão e maracujá, sem o bagaço.
- Apostar em peixes e carnes magras em geral
Consumir proteínas magras é essencial para pessoas com colite ulcerativa, pois a má absorção de nutrientes pode levar à perda de massa muscular. Durante uma crise, é recomendável aumentar a ingestão de proteínas para 1,2 a 1,5g/kg de peso corporal.
É importante optar por proteínas com baixo teor de gordura, como peixes, tofu, ovos e peito de frango. Carnes vermelhas devem ser limitadas a, no máximo, duas vezes por semana, dando preferência a cortes magros, como patinho, por exemplo.
- Optar por laticínios sem lactose e com baixo teor de gorduras
Para quem tem dificuldade de digestão ou intolerância à lactose, é recomendável escolher alimentos sem lactose, como iogurte, leite e queijos sem lactose. Para aqueles sem intolerância, é possível consumir pequenas porções de leite e derivados, preferindo aqueles com baixo teor de gordura. O iogurte e o kefir de leite são boas opções, pois oferecem cálcio e são ricos em probióticos que auxiliam na saúde intestinal.
- Consumir frutas sem bagaço, casca e sementes, além de verduras e legumes cozidos
Frutas e vegetais devem ser consumidos sem casca, bagaço e sementes, preferencialmente cozidos, para facilitar a digestão e absorção. Muitas pessoas podem ter gases com o consumo de brócolis, couve-flor e batata-doce, por exemplo, o que é muito individual. Portanto, recomenda-se ter um diário alimentar, identificando alimentos que possam causar desconforto e evitá-los.
- Optar por temperos naturais em detrimento de condimentos picantes e pimentas
Condimentos picantes e pimentas podem irritar a mucosa do intestino e piorar o desconforto intestinal. Por isso, opte por ervas aromáticas naturais frescas ou desidratadas, como salsa, orégano, alecrim, coentro ou manjericão, por exemplo.
- Apostar em gorduras de boa qualidade
Para pessoas com colite ulcerativa, é essencial consumir pequenas quantidades de gorduras de boa qualidade, pois elas têm propriedades antiinflamatórias que ajudam a evitar crises. Aposte em azeite, óleo de linhaça, abacate, azeitonas e peixes como salmão, truta e sardinha, que são ricos em ômega 3.
- Apostar em carboidratos de fácil digestão
É recomendável incluir carboidratos de fácil digestão, como arroz branco, pão branco, tapioca, macarrão e batata.
Carboidratos ricos em fibras devem ser evitados, como arroz integral, pão integral, quinoa, milho e macarrão integral, pois as fibras podem agravar os sintomas da colite.
- Atenção ao consumo de fibras e polióis
Nas fases ativas da doença, as fibras podem aumentar a produção de gases, causando dor abdominal ou diarreia. As fibras estão presentes em grandes quantidades nos vegetais e frutas crus, nas castanhas, sementes grãos e cereais integrais.
A maior parte dos alimentos contém tanto fibras solúveis como insolúveis. Por isso, cozinhar bem, e retirar a casca e as sementes, ajuda a diminuir a quantidade de fibras dos alimentos. É importante lembrar que quando existe a crise de colite ulcerativa ativa, todos os tipos de fibra devem ser ingeridos em pequenas quantidades, para evitar a piora dos sintomas.
É importante estar atento também ao consumo de alimentos ricos em polióis, que podem piorar sintomas como dor abdominal e diarreia.
- Suplementos
Em casos de desnutrição ou incapacidade de tolerar alimentos sólidos, suplementos nutricionais podem ser prescritos para garantir a ingestão adequada de nutrientes. No tratamento da colite, o nutricionista pode recomendar suplementos como vitamina D, cálcio, ácido fólico e ferro para evitar deficiências nutricionais e perda de peso. Também pode ser indicado suplemento de ômega-3 em cápsulas, que pode contribuir para a redução da inflamação e o fortalecimento do sistema imunológico. Além disso, o uso de probióticos pode ser sugerido para equilibrar a microbiota intestinal, melhorando a digestão e ajudando a prevenir diarreia, constipação e formação de gases. Suplementos de glutamina também podem ser úteis para garantir a integridade da mucosa intestinal. Mas lembre-se: qualquer suplementação deve ser indicada apenas sob orientação de um nutricionista, conforme as necessidades individuais.
- Evitar alimentos picantes, gordurosos, fritos, açucarados e ultraprocessados
Alimentos que devem ser evitados no tratamento da colite ulcerativa incluem aqueles que podem piorar a inflamação e exacerbar os sintomas da doença, como:
- Alimentos fritos e gordurosos, como batata frita, salgadinhos, salsicha, linguiça e outras carnes processadas, queijos gordos, entre outros
- Cafeína
- Alimentos e molhos picantes, como pimenta, molhos de pimenta, curry, entre outros.
- Doces em geral
- Alimentos ultraprocessados
Livia Freitas (CRN/SP 3 82983) e Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutrição e Curadoria da Boomi.