Como controlar a compulsão alimentar

A resposta para a pergunta “como controlar a compulsão alimentar?” vai além de simples escolhas diárias de alimentos. Ela entra no âmbito da saúde mental e demanda uma abordagem especializada e multidisciplinar.

Ao contrário do exagero alimentar, a compulsão é uma condição reconhecida pela Classificação Internacional de Doenças (CID), cujo tratamento transcende as fronteiras da autodisciplina.

Embora existam estratégias de como controlar a compulsão alimentar individualmente, que também valem para controlar o exagero alimentar, o tratamento da compulsão envolve uma abordagem multidisciplinar, com acompanhamento psiquiátrico, psicológico e nutricional, além do apoio de amigos e familiares, trabalhando em conjunto para tratar os aspectos psicológicos e físicos desta condição.

 

Como controlar a compulsão alimentar

O exagero alimentar é caracterizado por episódios ocasionais no consumo de maiores quantidades de comida do que o habitual e está principalmente associado ao prazer sensorial dos alimentos. No entanto, o comer exagerado não atende aos critérios diagnósticos completos de um transtorno alimentar.

O exagero alimentar faz parte de um comportamento conhecido como “comer transtornado”, que envolve hábitos prejudiciais em relação à comida, como pensar excessivamente sobre alimentos ou comer para lidar com emoções, porém não atinge a intensidade, frequência e critérios específicos para o diagnóstico de um transtorno alimentar.

Porém, o comer transtornado pode evoluir para um transtorno alimentar, como a compulsão, em pessoas predispostas. Por isso, é bom estar atento aos sinais de alerta e buscar ajuda profissional, caso os padrões alimentares se tornem problemáticos, causando efeitos negativos na saúde física e mental.

A compulsão alimentar, chamada “Transtorno da Compulsão Alimentar (TCA)” é classificado como um transtorno alimentar, uma condição psiquiátrica que requer um diagnóstico preciso realizado por um profissional médico. Este distúrbio tem critérios bem definidos que ajudam a identificar e diferenciar dos comportamentos alimentares mais comuns que não caracterizam necessariamente uma doença.

Esta condição é, muitas vezes, impulsionada por fatores emocionais, como estresse, ansiedade, depressão e baixa autoestima. Esses fatores podem criar um ciclo vicioso, onde a comida se torna um mecanismo de enfrentamento, proporcionando alívio temporário das emoções negativas. A incapacidade de controlar o comportamento alimentar leva a um sentimento de desamparo, contribuindo para a perpetuação do problema.

Além disso, a compulsão alimentar pode estar associada a distúrbios alimentares, como a bulimia nervosa e o transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP). Ambas as condições demandam atenção médica e intervenção especializada para tratar não apenas os sintomas visíveis, mas principalmente as causas subjacentes.

A compulsão alimentar é diagnosticada quando atende aos critérios do DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) da APA (2013), como você pode ver com mais detalhes no post com as diferenças entre exagero alimentar e compulsão alimentar.

O tratamento da compulsão alimentar exige uma abordagem multidisciplinar e estratégias para aplicar no dia a dia, como:

 

• Apoio psiquiátrico

Profissionais de saúde mental, como psiquiatras, são essenciais para realizar avaliações detalhadas, diagnosticar possíveis transtornos coexistentes e desenvolver estratégias terapêuticas personalizadas. O acompanhamento psiquiátrico também é fundamental para prescrição e monitoramento de medicamentos, quando necessário, proporcionando uma abordagem ampla para promover a estabilidade emocional e facilitar o processo de recuperação.

 

• Apoio psicológico

Terapias cognitivo-comportamentais, dentre outras abordagens, são frequentemente utilizadas para ajudar a identificar padrões de pensamento prejudiciais e desenvolver estratégias saudáveis para o enfrentamento da compulsão alimentar.

 

• Apoio nutricional

O apoio nutricional consiste em uma abordagem mais comportamental, com técnicas para melhorar a relação com a comida, como aprender a identificar a intensidade da fome, técnicas do comer intuitivo, definir horários certos para as refeições considerando a intensidade da fome, dentre outras estratégias de acordo com as necessidades de cada um. A educação nutricional é uma ferramenta poderosa para capacitar as pessoas a fazerem escolhas alimentares conscientes.

 

• Apoio de amigos e familiares

O apoio de amigos e familiares é de suma importância no processo de recuperação. Grupos de apoio também podem proporcionar um ambiente interessante para compartilhar experiências e estratégias de enfrentamento.

 

• Autoconhecimento

Identificar gatilhos emocionais e situações que desencadeiam episódios de compulsão é o primeiro passo para o enfrentamento. Manter um diário alimentar e emocional pode ajudar na compreensão desses padrões.

 

• Praticar o mindfulness e atenção plena

Práticas como mindfulness e atenção plena podem ajudar no desenvolvimento de uma consciência mais profunda acerca dos padrões alimentares, permitindo uma resposta mais consciente às emoções e à comida.

 

• Estabelecer rotinas

Criar rotinas regulares para as refeições pode ajudar a estabilizar os hábitos alimentares, reduzindo a propensão a episódios de compulsão.

 

Conclusão

As técnicas de como controlar a compulsão alimentar vão muito além da simples modificação de hábitos alimentares. Diferentemente do exagero alimentar, a compulsão é uma condição de saúde reconhecida, que requer uma abordagem multidisciplinar para um tratamento eficaz.

Ao entender as diferenças entre compulsão e exagero, reconhecemos a complexidade do problema e a importância de uma abordagem completa, envolvendo profissionais de saúde física e mental.

O caminho para superar a compulsão alimentar é único para cada pessoa, e o apoio profissional e pessoal é fundamental para alcançar uma relação saudável e equilibrada com a comida.

 

Livia Freitas e Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutrição e Curadoria da Boomi.