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O que comer e o que evitar para tratar a anemia falciforme
Veja no post de hoje o que comer e o que evitar para tratar a anemia falciforme.
A anemia falciforme é uma doença genética do sangue, caracterizada pela produção anormal de hemoglobina, uma proteína encontrada nas células vermelhas do sangue responsável pelo transporte de oxigênio.
Em condições normais, as células vermelhas do sangue têm uma forma arredondada e flexível, o que lhes permite passar facilmente pelos vasos sanguíneos. No entanto, nas pessoas com anemia falciforme, a hemoglobina anormal causa uma alteração na forma das células vermelhas, tornando-as rígidas e em forma de foice, daí o nome “falciforme”.
Essas células falciformes podem ficar presas nos vasos sanguíneos, bloqueando o fluxo de sangue e causando dor intensa, além de danificar órgãos e tecidos. Além disso, as células falciformes têm uma vida útil mais curta do que as células normais, o que pode levar a uma deficiência crônica de glóbulos vermelhos e anemia.
Os sintomas da anemia falciforme podem variar de leves a graves e incluem fadiga, palidez, icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos), dores ósseas e articulares, úlceras nas pernas, infecções frequentes, acidente vascular cerebral e problemas respiratórios. A gravidade dos sintomas pode ser influenciada pela quantidade de hemoglobina anormal presente nas células vermelhas do sangue.
A anemia falciforme afeta principalmente pessoas de origem africana, devido ao fato de a mutação causadora da doença ser mais prevalente nessa população, embora também possa ocorrer em pessoas de outras origens étnicas.
No Brasil, entre 2014 e 2020, a média anual de novos casos de crianças diagnosticadas com a doença foi de 1.087, em uma incidência de 3,78 a cada 10 mil nascidos vivos. Estima-se que, atualmente, há entre 60mil e 100mil pessoas com doença falciforme no país, o equivalente a 0,3 e 0,5% da população.
Não há cura para a anemia falciforme, mas o tratamento visa aliviar os sintomas, prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida. Isso pode incluir a administração de analgésicos para aliviar a dor, transfusões de sangue para tratar a anemia grave, medicamentos para prevenir infecções e complicações, e, em alguns casos, transplante de medula óssea.
O que comer e o que evitar para tratar a anemia falciforme
Uma das razões pelas quais saber o que comer e o que evitar para tratar a anemia falciforme, é o metabolismo acelerado de 20 a 50% e o alto consumo de vitaminas e minerais, em função da destruição crônica das hemácias, da anemia e da obstrução dos vasos sanguíneos, fenômenos comuns na doença.
Nas crises de dor, que são principalmente causadas pela obstrução dos vasos sanguíneos, ocorre um aumento significativo no gasto de energia, levando a perda de apetite e perda de peso. Portanto, o acompanhamento nutricional desempenha um papel crucial nessas situações.
Além disso, a falta de uma alimentação adequada pode contribuir para o surgimento de infecções e úlceras nas pernas, que são sintomas característicos da doença, devido à deficiência de nutrientes essenciais.
- Apostar em alimentos ricos em folato
O folato, também conhecido como vitamina B9, desempenha um papel crucial na produção de células sanguíneas, especificamente nas hemácias. Nos casos de anemia falciforme, ocorre um aumento na destruição das hemácias, tornando necessário um maior suprimento de ácido fólico. Essa vitamina pode ser encontrada nas hortaliças verde-escuras, tais como couve manteiga, rúcula, escarola, espinafre, mostarda, brócolis, nas folhas e talos da cenoura e beterraba. Além disso, leguminosas (feijões, ervilha, lentilha, grão-de-bico), semente de girassol ou de linhaça também fornecem esse nutriente.
- Controlar o consumo de ferro
Quando as hemácias se rompem de forma descontrolada no organismo de uma pessoa com anemia falciforme, há uma liberação excessiva de ferro contido na hemoglobina. Isso pode resultar no acúmulo desse mineral nos órgãos. Além disso, pacientes com anemia falciforme muitas vezes requerem transfusão de sangue como parte do tratamento. Uma vez que cada colher de chá de glóbulos vermelhos concentrados contém cerca de 5mg de ferro e não há como o organismo se livrar do excesso de ferro, os níveis desse mineral em pacientes falciformes aumentam rapidamente a cada transfusão.
Por isso, é importante consumir com moderação alimentos fonte de ferro, como carne vermelha, fígado, coração, peixes, aveia, catalonha, leguminosas, agrão, pães e cereais fortificados, entre outros.
Importante ressaltar que alguns desses alimentos, além de serem ricos em ferro, também são fonte de ácido fólico. Portanto, é recomendado ter cautela ao consumi-los. Para garantir um plano alimentar que atenda às necessidades específicas da doença, é sempre recomendado contar com a orientação de um médico e de um nutricionista.
- Consumir alimentos ricos em ômega 3
O ômega 3, por ser um dos constituintes da membrana celular, participa ativamente da homeostase do organismo, com importante ação sobre os aspectos de deformabilidade, elasticidade, adesão, agregação e regulação de processos inflamatórios. Na anemia falciforme existe um desequilíbrio homeostático com complicações sistêmicas, no qual alimentos fonte ou a suplementação com ômega 3 pode minimizar ou mesmo evitar tais complicações.
O ômega 3 previne a obstrução dos vasos sanguíneos, evitando as dores que podem afetar os ossos, músculos e articulações.
Salmão, sardinha, óleo de chia, óleo de linhaça e nozes, são exemplos de alimentos ricos em ômega 3. No entanto, são também ricos em ferro, por isso, se é o seu caso, é importante adequar a alimentação junto a um nutricionista de sua confiança
- Aumentar o consumo de água
Manter-se bem hidratado com água é fundamental para reduzir ou prevenir dores, pois a presença de maior quantidade de água no organismo torna o sangue menos espesso e promove uma melhor circulação. A recomendação média é ingerir cerca de 2L de líquidos por dia, dando preferência à água potável e natural.
- Apostar em alimentos fonte de vitamina A
A vitamina A desempenha um papel crucial na preservação da saúde da pele, o que é especialmente importante para pessoas com anemia falciforme, que têm maior propensão a desenvolver úlceras e lesões, principalmente nas pernas. Alimentos como mamão, manga, damasco, abóbora, cenoura, batata doce e folhas verde escuras são boas opções.
- Aumentar o consumo de alimentos fonte de vitamina B6
A vitamina B6 é essencial para a produção e amadurecimento adequado das hemácias. Além de desempenhar esse papel fundamental, a vitamina B6 pode ser encontrada em diversas fontes, como banana, ameixa, cereais, amendoim e leguminosas.
- Apostar em alimentos fonte de vitamina C
A vitamina C desempenha um papel essencial na manutenção do sistema imunológico saudável. No entanto, devido ao seu efeito de aumentar a absorção de ferro, é recomendado evitar o consumo simultâneo de vitamina C com alimentos ricos nesse mineral. Dentre as principais fontes de vitamina C estão frutas como laranja, kiwi, abacaxi, tangerina, limão, goiaba, caju, acerola, morango e limão, além de pimentão e couve crua. Ao incorporar essas fontes de vitamina C na dieta, é importante considerar o equilíbrio entre a absorção de ferro e a ingestão adequada de vitamina C.
- Consumir alimentos fonte de cálcio e vitamina D e se expor ao sol
Tanto a vitamina D quanto o cálcio desempenham um papel fundamental no desenvolvimento de ossos fortes, o que é especialmente importante para pessoas com anemia falciforme. Além disso, a vitamina D também desempenha um papel essencial no funcionamento adequado do sistema imunológico. Esses nutrientes podem ser encontrados em fontes como leite, iogurte, queijo e peixes como sardinha, salmão e atum.
A vitamina D, especialmente, pode ser adquirida através da exposição ao sol por 15 minutos por dia, em média, sem filtro solar, no horário das 11 às 15hs. Depois disso, é importante utilizar o filtro solar.
- Apostar em alimentos fonte de zinco
O zinco é outro nutriente essencial na manutenção da saúde da pele e na redução da ocorrência de infecções oportunistas, que podem surgir quando o sistema imunológico não está funcionando adequadamente. Fontes ricas em zinco incluem castanha de caju, semente de linhaça, aveia, arroz e leguminosas em geral.
Evitar: alimentos ricos em gordura saturada, sal, açúcar e carboidratos refinados.
Adotar um estilo de vida equilibrado e saber o que comer e o que evitar para tratar a anemia falciforme são medidas essenciais para alcançar uma boa qualidade de vida e minimizar os sintomas da doença.
Devido ao metabolismo acelerado, é importante fornecer calorias suficientes e nutritivas para evitar a perda de peso indesejada, a desnutrição, a queda da imunidade e o surgimento de infecções e úlceras nas pernas.
Por isso, é importante ter cautela no consumo excessivo de gorduras saturadas, açúcares e carboidratos refinados, pois podem agravar ainda mais os problemas circulatórios. Além disso, o consumo excessivo de sal pode sobrecarregar os rins, portanto, é recomendado evitar o uso excessivo de sal na preparação dos alimentos e reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados.
Livia Freitas e Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutrição e Curadoria da Boomi.
Referências
Ministério da Saúde. Doença Falciforme: Diretrizes Básicas da Linha de Cuidado. Secretaria de Atenção à Saúde. 2015. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doenca_falciforme_diretrizes_basicas_linha_cuidado.pdf
Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo. Linha de cuidados em Doença Falciforme na Atenção Básica. 03/2021. Disponível em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/Manual_Anemia_Falciforme3_14_5_2021.pdf
ANVISA. Doença Falciforme: Manual do Paciente. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasil. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/anvisa/paciente.pdf
AVILA, ALVE. Anemia falciforme: como a alimentação ajuda a tratar essa doença hereditária. TAEQ. Brasil, 2022. Disponível em: https://www.conquistesuavida.com.br/noticia/anemia-falciforme-como-a-alimentacao-ajuda-a-tratar-essa-doenca-hereditaria_a11108/1
UFMG. Boa nutrição fortalece organismo na doença falciforme. Faculdade de Medicina da UFMG. 02/2016. Disponível em: https://www.nupad.medicina.ufmg.br/boa-nutricao-fortalece-organismo-na-doenca-falciforme
