O tratamento nutricional para a síndrome metabólica tem, como base, mudanças no estilo de vida, e cuidar da alimentação é essencial para controlar essa condição.
A síndrome metabólica é caracterizada por um conjunto de fatores — obesidade central, resistência à insulina, hipertensão arterial, triglicerídeos elevados e baixos níveis de HDL colesterol — que, juntos, aumentam significativamente o risco de complicações graves.
O tratamento nutricional para a síndrome metabólica envolve a adoção de uma alimentação rica em hortaliças, proteínas magras, gorduras saudáveis e carboidratos de boa qualidade, aliada à prática de atividades físicas, sono de qualidade e manejo do estresse, melhorando significativamente a qualidade de vida do paciente.
Tratamento nutricional para a síndrome metabólica
Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a síndrome metabólica foi descrita inicialmente na década de 80, quando o pesquisador Reaven percebeu que várias condições comuns — como hipertensão, alterações nos níveis de glicose e colesterol — estavam conectadas por um fator central: a resistência insulínica. Essa resistência dificulta o trabalho da insulina, o hormônio que transporta a glicose para dentro das células, afetando também o metabolismo das gorduras. Daí a importância do tratamento nutricional para a síndrome metabólica: alimentos de qualidade fazem toda a diferença.
Para o diagnóstico da síndrome metabólica, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) indica que é necessário apresentar pelo menos três dos cinco critérios abaixo:
- Obesidade central: circunferência da cintura maior que 88cm em mulheres e 102cm em homens.
- Pressão alta: pressão sistólica ≥ 130 mmHg e/ou diastólica ≥ 85 mmHg.
- Glicemia alterada: glicemia de jejum ≥ 110 mg/dL ou diagnóstico de diabetes tipo 2.
- Triglicerídeos elevados: níveis de triglicerídeos ≥ 150 mg/dL.
- HDL baixo: menor ou igual a 40 mg/dL em homens e 50 mg/dL em mulheres.
Com a presença desses fatores, o risco de mortalidade geral e cardiovascular é significativamente maior. Por isso, o tratamento nutricional para a síndrome metabólica é essencial para controlar esses parâmetros e melhorar a qualidade de vida.
O pilar do tratamento nutricional para a síndrome metabólica envolve a reeducação alimentar e a adoção de hábitos saudáveis, como:
- Controle do peso corporal
A perda de peso, mesmo que moderada (5 a 10% do peso inicial), já traz benefícios significativos, melhorando a sensibilidade à insulina e reduzindo a gordura abdominal. A dieta deve ser balanceada e ajustada para promover um déficit calórico sustentável, sem restrições excessivas. Se é o seu caso, ou o de alguém que você conhece, confira este post com 9 dicas de como emagrecer de forma saudável e sustentável.
- Redução do consumo de carboidratos refinados
Carboidratos simples — como pão branco, doces, refrigerantes e massas refinadas — aumentam rapidamente a glicose no sangue, piorando a resistência à insulina e a glicemia. O foco deve ser em carboidratos complexos, como aveia, arroz integral ou branco, milho, batatas, quinoa, feijão, ervilha, lentilha, grão-de-bico, soja, frutas, legumes e verduras.
- Aumento da ingestão de fibras e antioxidantes
As fibras ajudam a controlar a glicemia, reduzem o colesterol e controlam o apetite ao prolongar a saciedade. Boas fontes incluem frutas, legumes, verduras, grãos e cereais integrais. Hortaliças em geral e especiarias, como frutas, verduras, legumes, chá verde, cúrcuma, alho, canela e gengibre, também são fontes de antioxidantes, que ajudam a reduzir a inflamação sistêmica de baixo grau, comumente presente na síndrome metabólica.
- Gorduras de boa qualidade
O equilíbrio das gorduras é fundamental. Deve-se reduzir o consumo de gorduras saturadas e trans, presentes em alimentos de origem animal, como carnes gordas e embutidos e ultraprocessados e frituras. O ideal é incluir gorduras insaturadas saudáveis, como azeite de oliva, abacate, castanhas, peixes ricos em ômega 3 (como salmão, sardinha e atum) e sementes, também ricas em ômega 3, como chia e linhaça.
- Proteínas magras
É importante evitar cortes de carnes gordos para diminuir a ingestão de gorduras saturadas, devendo optar por proteínas magras, como peixes, peito de frango, patinho e lombo suíno sem capa de gordura, por exemplo.
As proteínas ajudam a preservar a massa muscular e promovem maior saciedade. Carnes magras, frango sem pele, peixes, ovos, laticínios com baixo teor de gordura e leguminosas (feijão, ervilha, lentilha, grão-de-bico, soja, edamame) são ótimas opções.
- Moderação no consumo de sal
A hipertensão é um componente chave da síndrome metabólica, então é essencial controlar a ingestão de sal. Prefira temperos naturais — como ervas e especiarias — e evite alimentos ultraprocessados, que costumam ser ricos em sódio. Confira este post com dicas para reduzir o consumo de sódio.
- Exercício físico e mudança de estilo de vida
Embora o foco deste texto seja o tratamento nutricional para a síndrome metabólica, é impossível não mencionar a importância da atividade física. Exercícios aeróbicos (como caminhadas, ciclismo e natação) e treinos de força (musculação, crossfit e funcional) são essenciais para melhorar a sensibilidade à insulina, promover a perda de gordura e fortalecer o coração.
Outros hábitos de estilo de vida importantes, incluem abandonar o tabagismo, reduzir o consumo de álcool, manejar o estresse e priorizar uma boa qualidade de sono são mudanças fundamentais no estilo de vida para melhorar a resposta ao tratamento.
Conclusão
O tratamento nutricional para a síndrome metabólica é uma estratégia poderosa e indispensável para controlar os fatores que compõem essa condição. A adoção de uma alimentação equilibrada, rica em fibras, proteínas magras e gorduras saudáveis, aliada à prática de atividades físicas e a mudanças de hábitos, pode não só reduzir os riscos associados à síndrome, mas também melhorar a qualidade de vida do paciente.
Seguir as diretrizes de entidades renomadas, como a SBEM, e personalizar o plano alimentar para cada indivíduo é o caminho mais seguro e eficaz para alcançar resultados duradouros. Se você ou alguém próximo apresentar sinais da síndrome metabólica, procure um nutricionista e um médico para um acompanhamento completo e individualizado.
Livia Freitas e Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutrição e Curadoria da Boomi.