A psicóloga Erika Oliveira dá dicas sobre o momento em que você se torna mãe e percebe as mudanças que irão ocorrer na sua vida.
Quando nos deparamos com algumas “verdades” quase universais e inquestionáveis, como é a maternidade, fica quase impossível se permitir errar.
Além de, muitas mulheres nascerem com o exemplo da maternidade perfeita, o brincar de bonecas já vai criando na gente um desejo de reproduzir o que vemos e recebemos em casa…
Aí a gente cresce, fortalece nossos próprios desejos e, como num toque de mágica, voltamos a viver aquele lugar idealizado que é a maternidade.
A gravidez chega, a montagem do quartinho, chá de bebê, tudo lindamente preparado para este momento tão sagrado.
Tudo isso aí é verdade, mas quem disse que nossa vida é um conto de fadas?
Eu te pergunto: Você também conhece alguém que diz ter 3 filhos e não se cansa? Faz mil coisas e diz que filho só soma, nunca atrapalha? Se sim, acredite em mim: Ou a pessoa está mentindo ou tem alguma coisa errada aí…
Ser mãe é uma tarefa dificílima e árdua. Muitas vezes, nossos sentimentos de amor podem se misturar com raiva de todas as privações e mudanças de vida que um filho pode trazer.
Eu, como mãe, posso te contar uma coisa: Senti várias vezes um cansaço tão grande que desejava muito não estar mais vivendo aquilo.
Ao mesmo tempo em que sentia isso, eu era invadida por uma culpa que me consumia e não me fazia sair do lugar.
Sabe o que eu fiz? Pedi ajuda e tentei criar uma vida que não fosse só da minha filha, mas que permitisse ser eu mesma, mesmo que, numa versão mais cansada.
Fácil, não é. Muitas vezes não temos rede de apoio pra isso… Mas que tal começar se culpando menos pelo que sente e pelas atitudes humanas (porque sim, mãe é humana) que te fizeram perder a calma, a paciência e vontade de querer sumir?
Se você tem uma rede de apoio, aprenda a dividir. Guarde espaço para o que também te faz feliz. Se livre de tanto peso. Em geral, a gente sempre carrega mais do que pode ou do que deve.
Com o tempo, você vai aprendendo que, àquela idealização lá do começo só existe para mãe de primeira viagem. Depois isso passa e na segunda viagem (se tiver) você vai perceber que aquilo que te consumia lá no início não existia e que, ser uma mãe suficientemente boa é tudo o que seu filho precisa. De uma mãe perfeita, certamente não.
E aí? Você quer ser perfeita para quem? Quem exige mais é a tia que sabe tudo sobre maternidade ou você mesma por querer fazer tudo o que ela acha certo?
Respira.
Erika Oliveira (CRP: 06/66795) | Psicóloga | @erikaoliveirapsicologa