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Receitas fit são boas escolhas para o dia a dia?

Receitas fit são boas escolhas para o dia a dia

A popularização do estilo de vida saudável trouxe consigo uma variedade de receitas que prometem facilitar essa jornada. As “receitas fit” são um exemplo, destacando-se como alternativas mais leves e nutritivas. Mas será que as receitas fit são boas escolhas para o dia a dia?

As receitas fit podem ser boas escolhas para o dia a dia, dependendo da receita, do paladar e dos objetivos pessoais. Embora possam ser úteis para um estilo de vida mais saudável, elas não são determinantes para ter mais saúde, emagrecer ou ganhar massa muscular.

É importante lembrar que, para uma alimentação saudável e equilibrada, é essencial priorizar alimentos naturais, ouvir o corpo e buscar um equilíbrio entre nutrição e prazer.

 

Receitas fit são boas escolhas para o dia a dia?

Para entendermos se as receitas fit são boas escolhas para o dia a dia, precisamos entender qual a real definição do termo “fit”.

Ao contrário dos termos “diet”, “light” e “zero”, que têm definições reguladas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o termo “fit” não tem um conceito oficial. Na verdade, ele é uma criação de marketing, popularizada pela indústria alimentícia para classificar alimentos considerados “mais saudáveis” do que as versões tradicionais, geralmente ricos em açúcares, farinhas refinadas e/ou gorduras de baixa qualidade. O termo “fit” é amplamente utilizado para promover alimentos com menos açúcares, mais fibras e gorduras de boa qualidade, mas, por não ter uma definição oficial, é um conceito que pode variar bastante.

 

Receitas fit e gastronomia funcional

Para entendermos se as receitas fit são boas escolhas para o dia a dia, precisamos entender também a diferença entre receita fit e a gastronomia funcional.

A gastronomia funcional foca em alimentos que, além de nutrir, proporcionam benefícios específicos à saúde, focando na elaboração de receitas para o dia a dia que auxiliam no controle de condições como diabetes, doença celíaca, doenças cardíacas, câncer, entre outras.

O termo “funcional”, sim, tem uma definição oficial pela ANVISA. Um alimento funcional é aquele que, além das funções nutricionais básicas, produz efeitos fisiológicos, metabólicos ou benéficos à saúde, quando consumido na dieta habitual. Exemplos de alimentos funcionais incluem linhaça, chia, peixes, aveia, trigo sarraceno, soja, chá-verde, brócolis, entre outros.

Já as receitas fit são mais voltadas à substituição de ingredientes considerados menos saudáveis por alternativas mais leves, reduzindo calorias, açúcares e gorduras saturadas. No entanto, nem toda receita fit é funcional, e vice-versa. Uma receita fit pode, por exemplo, ser pobre em nutrientes adicionais, enquanto uma receita funcional pode não ter necessariamente uma quantidade reduzida de calorias.

 

Receitas fit não são determinantes para a perda de gordura ou definição muscular

Com o aumento do interesse por um corpo mais definido e musculoso, as receitas fit são uma forma de incluir mais proteína e carboidratos de boa qualidade na alimentação, como a proteína em pó, a aveia e o farelo de aveia, por exemplo. Elas podem ser uma alternativa porque, ao mesmo tempo que promovem saciedade, controlam os níveis de açúcar no sangue, o que ajuda no emagrecimento, no desempenho e no ganho de massa muscular. Mas, apesar de auxiliarem, elas não são determinantes para o alcance desses objetivos. Uma alimentação natural, rica em frutas, legumes, verduras, peixes e outras carnes magras, leite, iogurte, azeite, grãos e cereais integrais (e alimentos menos saudáveis, eventualmente) podem ser suficientes – e as receitas fit, podem, ou não, entrarem no cardápio.

 

Nem sempre uma receita fit terá menos calorias do que a receita tradicional

Muitas pessoas acreditam que, por serem consideradas “fit”, essas receitas podem ser consumidas em grandes quantidades sem consequências. No entanto, isso é um equívoco. Mesmo que uma receita fit possa ter um menor índice glicêmico, ela nem sempre tem menos calorias do que a versão tradicional. Além disso, o fato de um bolo ser feito com farinha de aveia ao invés de farinha branca não significa que ele pode ser consumido livremente. Muito menos, quando é feito com farinhas de castanhas, que são gorduras mais densas em calorias do que os carboidratos (9 e 4kcal/g, respectivamente). Para quem busca emagrecimento, o controle de porções e o balanço energético são aspectos fundamentais. Apesar de, muitas vezes, mais nutritivas, nem sempre, uma receita fit terá menos calorias do que uma receita tradicional.

 

Receitas sem glúten e sem lactose nem sempre são mais saudáveis

Outro aspecto importante sobre as receitas fit é que muitas vezes elas são consideradas mais saudáveis por terem ingredientes “sem glúten” ou “sem lactose”. Embora sejam boas opções para quem tem alergias ou intolerâncias a esses ingredientes, elas não são, por si só, mais saudáveis. A substituição do glúten, por exemplo, pode envolver o uso de opções que não necessariamente apresentam vantagens em relação ao trigo integral. Já o leite de vaca, que contém lactose, é uma excelente fonte de cálcio e proteína, enquanto alternativas vegetais nem sempre fornecem os mesmos nutrientes, quando não fortificadas.

 

Sabor e textura

Um ponto que muitas vezes é ignorado ao se falar em receitas fit é o sabor e a textura. Devido à substituição de ingredientes que, geralmente, conferem uma consistência e um sabor característicos, essas receitas podem ter uma experiência sensorial diferente. O açúcar, por exemplo, além de adoçar, contribui para a textura de muitas receitas. Quando substituído por adoçantes ou ingredientes alternativos, o resultado pode não ser tão satisfatório para o paladar de algumas pessoas. Além disso, a textura de bolos e pães fit tende a ser mais densa ou seca, uma vez que o uso de farinhas integrais e menos gordura, pode impactar diretamente na consistência final. No entanto, cada receita e cada pessoa são únicas. Algumas receitas podem agradar ao paladar de certas pessoas, enquanto outras, não.

Muitas vezes, sentimos a necessidade de comer um alimento na sua versão tradicional, o que não é um problema se a alimentação é saudável na maior parte do tempo.

 

Qual a intenção com a receita? Conheça mais sobre os ingredientes e adapte ao seu estilo de vida

As receitas fit podem ser ótimas alternativas quando se busca uma dieta mais leve e equilibrada, mas elas não precisam ser uma regra absoluta. Dependendo do objetivo, é possível mesclar receitas fit com receitas tradicionais, criando um equilíbrio que se ajuste ao seu estilo de vida e preferências. Se você gosta muito de bolo, por exemplo, pode alternar entre opções mais saudáveis e versões tradicionais, sempre com moderação. Essa abordagem permite que você aproveite o que gosta sem precisar abrir mão do sabor e da satisfação.

 

Conclusão

Se as receitas fit são boas escolhas para o dia a dia, vai depender da receita, do seu paladar e do seu objetivo com ela.

As receitas fit certamente têm seu espaço e podem ser boas escolhas para quem busca um estilo de vida mais saudável, desde que sejam consumidas com moderação, sem perder de vista o equilíbrio e o prazer de comer

No entanto, é fundamental lembrar que elas não são sinônimo de saúde, e o seu valor nutricional depende da qualidade dos ingredientes e da forma como são incorporadas à alimentação.

Comer de forma saudável e equilibrada é um conceito amplo, que vai muito além dos termos “fit”, “light” ou “diet”. Priorize alimentos naturais, escute o seu corpo e busque sempre um equilíbrio entre nutrição e prazer.

 

Livia Freitas (CRN/SP 3 82983) e Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutrição e Curadoria da Boomi.

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