A pergunta “quem usa medicamentos para emagrecer precisa fazer dieta?” é cada vez mais comum em tempos de popularização de fármacos como a semaglutida, princípio ativo de remédios como o Ozempic e o Wegovy. Embora possam auxiliar na perda de peso ao reduzir o apetite, o papel da alimentação continua sendo a base para garantir resultados duradouros, saudáveis e sustentáveis.
Quem usa medicamentos para emagrecer precisa fazer dieta?
A resposta é: sim! Quem usa medicamentos para emagrecer precisa fazer dieta – o que não significa comer menos, mas comer melhor. Muito menos “cortar” tudo que ama, mas descobrir novas paixões no prato. E ao longo deste texto você vai entender o porquê.
Mesmo os medicamentos mais modernos e eficazes no combate à obesidade, como a semaglutida (Ozempic e Wegovy) e o liraglutida (Saxenda), não são uma solução isolada, mas parte complementar de um estilo de vida saudável. Todos eles são indicados como parte de um tratamento multidisciplinar, que inclui, primeiramente, mudanças no estilo de vida, acompanhamento nutricional e a prática regular de exercícios físicos.
Esses medicamentos, inclusive, “imitam” os efeitos de uma alimentação rica em fibras, proteínas, carboidratos e gorduras de boa qualidade, como você pode conferir no post “Como ter mais saciedade de forma natural e sem medicamentos“. É claro que eles têm sua utilidade quando bem indicados, mas cuidar da base é fundamental para o sucesso do tratamento
Segundo a bula do próprio Ozempic, por exemplo, o medicamento deve ser usado em combinação com dieta e exercício físico, sendo originalmente indicado para o tratamento do diabetes tipo 2, mas amplamente utilizado, com respaldo científico, para o tratamento da obesidade.
Além disso, as principais diretrizes de tratamento da obesidade (como ABESO, ADA e Endocrine Society) reforçam que quem usa medicamentos para emagrecer precisa fazer dieta para evitar o reganho de peso após a suspensão da medicação, para manter a massa magra e para promover saúde metabólica no longo prazo.
Como a dieta potencializa o efeito dos medicamentos?
Quem utiliza medicamentos para emagrecer costuma relatar redução do apetite, saciedade precoce e até mesmo sintomas gastrointestinais como náuseas, constipação ou refluxo. Esses efeitos tornam ainda mais importante a prescrição de um plano alimentar estruturado, que respeite as necessidades nutricionais mesmo com menor ingestão de alimentos. A alimentação saudável atua concomitantemente ao tratamento medicamentoso da seguinte maneira:
- Garante a ingestão adequada de nutrientes
Com a redução do apetite, aumenta o risco de consumir alimentos com poucas vitaminas e minerais ou até mesmo de não atingir as necessidades nutricionais do corpo. Por isso, uma dieta bem planejada é essencial para garantir a ingestão adequada de proteínas, fibras, vitaminas e minerais, mesmo com menor volume alimentar.
Ou seja, não se trata apenas de comer menos, mas de escolher melhor o que se come. Além disso, é importante que a dose do medicamento seja ajustada para que o apetite permaneça suficiente para permitir uma alimentação saudável durante o processo de emagrecimento.
- Preserva a massa muscular
Durante o emagrecimento, é comum perder tanto gordura quanto massa muscular. A ingestão proteica adequada, aliada à prática de exercícios físicos, é essencial para preservar a massa muscular, o que favorece a manutenção do metabolismo basal.
- Reduz efeitos colaterais
Muitos efeitos adversos dos medicamentos podem ser minimizados com escolhas alimentares adequadas: refeições leves, fracionadas e equilibradas ajudam a reduzir náuseas e desconfortos gastrointestinais.
- Previne o efeito sanfona
Quem usa medicamentos para emagrecer precisa fazer dieta também para criar novos hábitos alimentares. O medicamento pode ser temporário, mas a alimentação equilibrada é o que sustentará os resultados a longo prazo.
Estratégias nutricionais para quem faz uso de medicamentos para emagrecer
Mesmo quando se usa medicamentos para emagrecer, é importante seguir algumas diretrizes nutricionais específicas.
- Acompanhamento nutricional contínuo: é essencial manter o atendimento nutricional frequente para ajustar a alimentação conforme os efeitos colaterais e o apetite reduzido pelo medicamento.
- Déficit calórico leve a moderado: reduzir ~500kcal por dia, sem comprometer a densidade nutricional da dieta.
- Fracionamento das refeições: preferir refeições menores ao longo do dia, evitando longos períodos de jejum ou refeições volumosas.
- Boa ingestão proteica: entre 1,2 a 1,5 g/kg de peso, para preservar massa muscular e aumentar saciedade.
- Alta densidade nutricional: alimentos ricos em nutrientes, como frutas, legumes, verduras, grãos e cereais integrais e proteínas magras.
- Hidratação: água deve sempre ser prioridade, principalmente quando se apresenta constipação. A recomendação é de 40ml por quilo de peso, por dia.
Quando manter uma alimentação saudável é ainda mais importante?
Em alguns grupos, a alimentação precisa de atenção especial mesmo com uso de medicamentos:
- Pacientes com histórico de transtornos alimentares
O medicamento pode reduzir a fome, mas o acompanhamento psicológico e nutricional é essencial para evitar recaídas.
- Pacientes com compulsão alimentar
A medicação pode ajudar a reduzir episódios compulsivos, mas a reeducação alimentar e o suporte terapêutico são indispensáveis.
- Pessoas com múltiplas comorbidades
A alimentação impacta diretamente no controle de hipertensão, dislipidemias, resistência à insulina e outras condições associadas à obesidade.
Conclusão
A resposta para a pergunta “quem usa medicamentos para emagrecer precisa fazer dieta?” é “sim”. A medicação pode ajudar a iniciar ou acelerar o processo de perda de peso, mas a alimentação equilibrada promove benefícios que vão além do emagrecimento: melhora da qualidade de vida, prevenção de doenças, controle emocional e construção de novos hábitos.
Livia Freitas (CRN/SP 3 82983) e Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutrição e Curadoria da Boomi.