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Por que uma fruta passada afeta as outras frutas?

fruta passada afeta as outras frutas e frutos climatéricos e não climatéricos

Já se perguntou por que uma fruta passada afeta as outras frutas próximas a ela?

Esse fenômeno ocorre devido a um hormônio produzido pelos frutos chamado de etileno.

Por ser gasoso e autocatalítico, a presença dele afeta os outros frutos próximos, estimulando a autoprodução. Ou seja, quanto mais etileno no ambiente, maior a produção endógena por cada um dos frutos.

O aumento da síntese de etileno provoca aumento da taxa respiratória dos frutos, consequentemente, aumentando sua degradação. Assim, o etileno degrada o amido em açúcares livres, diminuindo a acidez e tornando-os doces e maduros.

No entanto, isso não ocorre com todos os frutos, somente com aqueles classificados em frutos climatéricos.

 

Frutos climatéricos e não climatéricos

Historicamente, os estudos sobre a fisiologia de pós-colheita dos frutos iniciaram na década de 20, quando pesquisadores, ao investigar condições ideais para o armazenamento de maçãs, identificaram um aumento brusco na sua respiração durante o amadurecimento, que denominaram climatério.

Tempo depois, no entanto, foi constatado que nem todos apresentavam essa elevação na respiração durante o amadurecimento, e partir daí, passaram a ser classificados de acordo com suas atividades respiratórias após a colheita como frutos climatéricos e não climatéricos.

Nessa classificação, frutos climatéricos são aqueles que produzem etileno mesmo depois de colhidos, podendo ser colhidos, de modo geral, ainda verde. Alguns exemplos são:

 

Frutos não climatéricos, por sua vez, apresentam uma taxa de produção de etileno insuficiente para que continuem a amadurecer após a colheita, não afetando, assim, outros frutos ao redor. Devido à essas características, o ideal é que sejam colhidos apenas  em  seu  estágio ótimo  de  maturação:

 

Quando frutos climatéricos imaturos são tratados com etileno exógeno, o amadurecimento é antecipado. Ou seja, quanto mais etileno no ambiente, mais ajuda a amadurecer as demais. É por isso que uma fruta passada afeta as outras frutas.

Quando frutos não-climatéricos são tratados da mesma forma, a produção endógena de etileno não é desencadeada, não acelerando o amadurecimento do fruto.

Apesar dessa classificação tradicional em frutos climatéricos e não climatéricos, a fisiologia do amadurecimento constitui uma série de processos complexos que ainda não estão totalmente esclarecidos.

Algumas vezes o comportamento de um determinado fruto após a colheita pode não seguir esses padrões preestabelecidos.

Por exemplo, a variedade de goiaba Pedro Sato não pode ser classificada como climatérica e nem como não-climatérica, porque tem um aumento gradual na atividade respiratória e na produção de etileno, de forma não característica de nenhuma das classificações.

Dentre outros casos particulares, os pesquisadores concluem que o climatério e não climatério depende de alguns fatores, e não apenas das espécies dos frutos. Esses fatores incluem as condições de cultivo, ponto de colheita, diferentes variedades de uma mesma espécie e do tempo de permanência do fruto na planta.

 

Conservação dos vegetais e atmosfera controlada

De forma geral, os frutos e hortaliças apresentam alta perecibilidade, principalmente porque respiram mesmo depois de colhidas, o que dificulta seu armazenamento e comercialização por longos períodos.

A perecibilidade é proporcional à intensidade e ao padrão respiratório de cada espécie.

Diante disso, duas formas de conservação foram propostas:

 

  • Atmosfera controlada

Consiste no monitoramento  das  concentrações  de  gases  da  atmosfera de  estocagem,  atuando  na  diminuição  da concentração de oxigênio e no aumento da concentração de gás carbônico em relação àquelas normalmente encontradas na atmosfera. Nessas condições, a concentração desses gases ao redor e no interior do fruto, diminui a taxa respiratória e a produção de  etileno,  prolongando  a vida  útil  do  fruto.

 

  • Atmosfera modificada

A concentração de gases é modificada pela própria respiração dos frutos, sendo a atmosfera criada com auxílio de uma barreira artificial (embalagens ou recobrimentos) à difusão de gases em torno da fruta.

Ou seja, baseia-se na  correta combinação de três fatores:

  • Taxa de respiração e produção de etileno dos frutos
  • Características de permeabilidade do filme de embalagem utilizado
  • Temperatura do ambiente, que influencia a velocidade de maturação dos frutos.

 

Outro fator pelo qual uma fruta passada afeta as outras frutas

Sabe aquele ditado “Uma laranja podre estraga as outras”?

Isso é uma meia verdade, afinal, a laranja é uma fruta não climatérica, assim como os morangos, e não têm o poder de amadurecerem os frutos próximos.

No entanto, mais comum no caso dos morangos, por exemplo, é o bolor, que afeta outros frutos próximos.

Nesse caso, o que ocorre é um apodrecimento, e não o amadurecimento.

O apodrecimento é causado por fungos e bactérias que fermentam os açúcares presentes nas frutas, retirando o alimento necessário à sua sobrevivência e proliferação. Com isso, espalham-se facilmente de um fruto para o outro, causando a fermentação e apodrecimento das demais.

 

Livia Freitas e Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutrição e Curadoria da Boomi.

 

Referências

FERRARINI, J. “Por que uma fruta estragada pode afetar as outras?” Biologia Resumida. Abril, 2021. Disponível em: https://www.biologiaresumida.com.br/por-que-uma-fruta-estragada-pode-afetar-as-outras/

BRON, IU, JACOMINO, AP. “Classificação de frutos por “climatério” é conceito em extinção? ” ESALQ-USP. Visão Agrícola nº 7. Jan-Jun, 2007. Disponível em:

https://www.esalq.usp.br/visaoagricola/sites/default/files/va07-fisiologia01.pdf

COSTA et. al. “Uso de atmosfera controlada e modificada em  frutos  climatéricos e  não-climatéricos.” Sitientibus série Ciências Biológicas 11.1 (2011): 1-7. Disponível em: http://ojs3.uefs.br/index.php/sitientibusBiologia/article/view/139/232

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