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O que é transtorno alimentar?

o que é transtorno alimentar?

Hoje, dia 2 de junho, é o Dia Mundial da Conscientização dos Transtornos Alimentares. Você sabe o que é transtorno alimentar?

Há uma noção equivocada de que os transtornos alimentares (TA’s) são uma escolha ou um modo de vida. Na verdade, essas são condições mentais sérias, que podem ser fatais, e estão ligadas a perturbações significativas nos padrões de alimentação, pensamentos e emoções associadas a eles.

Apesar da alta prevalência em meninas e mulheres, os TA´s podem ocorrer em crianças, adolescentes e adultos, geralmente, atrelados à preocupação excessiva com a aparência e à distorção da imagem corporal, levando a comportamentos que buscam evitar o ganho de peso, como restrição alimentar, uso de laxantes ou diuréticos e indução de vômitos.

Nos últimos anos, tem havido um aumento na incidência desses transtornos, e especialistas apontam que a maior divulgação sobre eles tem facilitado sua identificação. No entanto, muitas vezes, os profissionais só são procurados quando os pacientes estão em estágios graves da doença.

Devido à gravidade dessas enfermidades, que apresentam altas taxas de mortalidade, é essencial que os pacientes sejam tratados e acompanhados por uma equipe multiprofissional, composta por médicos, psicólogos, enfermeiros e nutricionistas, a fim de planejar adequadamente o tratamento e alcançar melhores resultados clínicos.

 

O que é transtorno alimentar?

O que é transtorno alimentar, afinal, segundo as diretrizes?

De acordo com o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e o CID-11 (Classificação Internacional de Doenças), são classificados como TAs as seguintes condições:

  • Pica
  • Transtorno de Ruminação
  • Transtorno Alimentar Restritivo/Evitativo
  • Anorexia Nervosa (AN)
  • Bulimia Nervosa (BN)
  • Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA)

 

No entanto, as mais conhecidas são a anorexia, a bulimia e a compulsão alimentar.

  1. Pica

A pica é um transtorno alimentar caracterizado pela ingestão de substâncias que não são alimentos. Dependendo do que for, não fará mal, mas às vezes, a substância ingerida causa complicações, como obstrução do trato digestivo ou intoxicação por chumbo. Geralmente, o médico diagnostica a presença do transtorno quando uma pessoa com mais de dois anos de idade tem comido substâncias que não são alimentos por um mês ou mais. Técnicas de modificação de comportamento podem ajudar, mas pouco se sabe sobre tratamentos específicos. As deficiências nutricionais e outras complicações são tratadas conforme necessário.

 

  1. Transtorno de Ruminação

A ruminação é um transtorno alimentar caracterizado pela regurgitação de alimentos após terem sido consumidos. Algumas pessoas com transtorno de ruminação sabem que o comportamento é socialmente inaceitável e tentam ocultá-lo ou disfarçá-lo. Caso limite a quantidade de alimentos que consome para evitar que os outros a vejam regurgitar, é possível que perca peso ou tenha deficiências nutricionais. O diagnóstico é dado a partir do relato do paciente, quando diz estar regurgitando alimentos repetidamente por um mês ou mais. Técnicas de modificação de comportamento podem ajudar.

 

  1. Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo

O transtorno alimentar restritivo evitativo é caracterizado pelo fato de que a pessoa come muito pouco e/ou evita comer determinados alimentos.

Costuma começar na infância e, inicialmente, pode ser semelhante a uma alimentação seletiva, que é comum durante esta fase da vida. No entanto, geralmente, crianças se recusam a comer alguns tipos de alimentos ou alimentos que têm uma determinada cor, consistência ou odor. No caso do TA restritivo evitativo, é possível que a pessoa não coma porque perdeu o interesse ou porque acredita que comer tem consequências prejudiciais. Não inclui ter uma imagem corporal distorcida ou estar preocupado com a imagem corporal.

O transtorno alimentar restritivo evitativo pode causar perda de peso significativa, crescimento menor que o esperado em crianças, dificuldade em participar de atividades sociais normais e, às vezes, deficiências nutricionais potencialmente fatais. O médico diagnostica a pessoa com base na natureza da restrição alimentar e seus efeitos, após ter descartado outras causas que a fazem comer pouco. A terapia cognitivo-comportamental pode ajudar a pessoa a aprender a comer normalmente e ajudá-la a sentir menos ansiedade em relação ao que come. A causa é desconhecida, mas pode haver fatores genéticos, psicológicos e sociais envolvidos, como trauma, ansiedade, autismo e distúrbios do desenvolvimento.

 

  1. Anorexia Nervosa

A anorexia se manifesta pela redução progressiva da ingestão alimentar devido a um medo excessivo de ganhar peso, gerando perda de peso e distorção da percepção da própria imagem corporal. Além disso, a anorexia resulta em isolamento social, porque as pessoas com o transtorno acabam vivendo apenas em função da dieta, peso e forma corporal. É mais comum em adolescentes e mulheres.

Segundo a DSM-5, a anorexia pode se manifestar de duas formas:

 

  • Anorexia nervosa restritiva: durante os últimos 3 meses, o indivíduo não teve episódios recorrentes de comportamentos compulsivos ou purgativos. Nesse subtipo, a perda de peso é alcançada através de dietas, jejuns e/ou atividades físicas.
  • Anorexia nervosa purgativa: durante os últimos 3 meses, o indivíduo teve episódios recorrentes de comportamentos compulsivos ou purgativos (vômitos, abuso de laxantes e diuréticos ou enemas).

 

Quanto à gravidade da doença, a DSM-5 classifica em:

  • Leve: IMC ≥ 17 Kg/m2
  • Moderada: IMC 16-16.99 Kg/m2
  • Grave: IMC 15-15.99 Kg/m2
  • Extrema: IMC<15 Kg/m2

 

Já pela classificação da CID-11, a AN é diagnosticada de acordo com IMC, mas também pode ser também subclassificada de acordo com a presença de episódios ou não de purgação.

  • IMC significativamente baixo: IMC = 14-18,5 kg/m2 ou percentil = 0,3-5
  • IMC perigosamente baixo: = < 14 kg/m2 ou percentil < 0,3.

 

  1. Bulimia Nervosa

Comum em adolescentes e mulheres, a bulimia nervosa é definida principalmente por episódios de compulsão alimentar, gerando um ciclo de compulsão alimentar-purgação.

Esse tipo de transtorno pode se desenvolver em pessoas que fazem dietas muito restritivas, potencializando episódios de compulsão alimentar seguidos de compensações com o uso de laxantes, diuréticos e indução de vômitos.

Segundo a DMS-5 a bulimia pode ser classificada como:

  • Leve: De 1-3 episódios de comportamentos compensatórios inadequados por semana.
  • Moderada: Média de 4-7 episódios por semana
  • Grave: De 8-13 vezes por semana com comportamentos compensatórios.
  • Extrema: De 14 ou mais episódios por semana.

 

Pela CID-11 a bulimia é identificada quando há um ou mais episódios de compulsão por semana durante um mês, seguido de um comportamento compensatório.

A diferença entre a bulimia e a anorexia é a perda de peso excessiva encontrada na anorexia, com IMC inferior a 17.

 

  1. Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA)

O TCA é definido por episódios de compulsão alimentar devido ao sentimento de falta de autocontrole, seguido por um sentimento culpa e depressão. Ao contrário da bulimia nervosa, não há episódios recorrentes de compensação. É comum em adolescentes acima do peso.

Pela DSM-5 a TCA é classificada em:

  • Leve: De 1-3 episódios de compulsão por semana;
  • Moderada: Média de 4-7 episódios por semana;
  • Grave: De 8-13 vezes por semana de compulsão;
  • Extrema: De 14 ou mais episódios por semana.

Pela CID-11, quando a pessoa apresenta de uma a mais vezes por semana o episódio de compulsão durante 3 meses, é diagnosticada com TCA.

 

Livia Freitas e Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutrição e Curadoria da Boomi.

Referências

BARONE, M.G. O que é transtorno alimentar? Nutritotal. Janeiro/2022. Disponível em: https://nutritotal.com.br/pro/transtornos-alimentares-2

American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre : Artmed, 2014.

World Health Organization. International Classification of Diseases 11th Revision. ICD-11. Fevereiro, 2022. Disponível em: https://www.who.int/classifications/classification-of-diseases

ATTIA, E; WALSH, BT. Pica. Columbia University. Julho/2022. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/transtornos-alimentares/pica

ATTIA, E; WALSH, BT. Transtorno de Ruminação. Columbia University. Julho/2022. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/transtornos-alimentares/transtorno-de-rumina%C3%A7%C3%A3o

ATTIA, E; WALSH, BT. Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo. Columbia University. Julho/2022. Disponível em:  https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/transtornos-alimentares/transtorno-alimentar-restritivo-evitativo

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