Veja nesse post o que é microbiota intestinal, sua importância e como cuidar.
A microbiota intestinal é um ecossistema formado por bactérias, fungos e vírus encontrado em todo o sistema digestivo, em maior parte, no intestino grosso.
Os trilhões de bactérias benéficas presentes no intestino desempenham papéis importantes para a saúde, como o bom funcionamento do metabolismo, do sistema imune, controle da proliferação de microrganismos patogênicos, ressíntese algumas vitaminas e pode até influenciar a saúde mental.
Por outro lado, fatores como alimentação desbalanceada, pobre em fibras, rica em açúcares e gorduras de má qualidade, uso de antibióticos em excesso, privação de sono e estresse, podem influenciar a microbiota negativamente, causando um desequilíbrio.
Esse desequilíbrio é chamado de disbiose e significa que há mais bactérias patogênicas do que bactérias benéficas no intestino.
Nesse caso, o organismo fica mais suscetível a dores estomacais, gases, alergias, infecções, acne, dores de cabeça, cansaço, alteração de humor, doenças crônicas e doenças autoimunes.
Daí a importância em cuidar da microbiota intestinal.
Como cuidar da microbiota intestinal?
Para cuidar da microbiota intestinal aposte em:
- Alimentos prebióticos: são aqueles que contém fibras fermentáveis pelas bactérias benéficas, fazendo que elas proliferem, como a inulina, frutooligossacarídeos (FOS) e galactooligossacarídeos (GOS). São encontradas em alimentos como as frutas, aveia, batatas, mandioca, mandioquinha, abóboras, brócolis, couve-flor, abobrinha, berinjela, cenoura, chuchu, cebola, beterraba, feijões e leguminosas em geral.
- Alimentos probióticos: são alimentos que contém as bactérias benéficas (lactobacilos e bifidobactérias), como o leite pasteurizado, iogurtes naturais, kefir, queijos, iogurtes veganos enriquecidos, kombucha, missô.
- Ingestão adequada de água: basta multiplicar o seu peso em kg por 0,035L.
- Gorduras de boa qualidade: são as gorduras mono e poliinsaturadas. Alimentos como o abacate, que contém também fibras solúveis e castanhas em geral.
- Chocolates acima de 75%: o consumo de 5 a 10g de nibs de cacau ou 15 a 40g de chocolate amargo (acima de 75% cacau), por dia, é capaz de modular positivamente a microbiota graças ao seu teor de polifenóis. Veja mais no post ”Efeitos dos polifenóis do cacau na microbiota’‘.
- Prática de exercícios físicos: diversos estudos têm mostrado que a prática de exercícios físicos influencia de forma positiva a composição da microbiota intestinal, sendo uma via de mão dupla, já que uma microbiota saudável parece influenciar de forma positiva o desempenho nos exercícios.
- Evite alimentos refinados e ultraprocessados: quando em excesso, favorecem a proliferação de bactérias “ruins”, não desejáveis para intestino, contribuindo com a disbiose.
A importância da microbiota intestinal para a saúde
Cuidar da microbiota intestinal reflete em inúmeros aspectos da saúde.
Inclusive, a importância da microbiota intestinal é tamanha, que hoje é considerada, pelos pesquisadores, um órgão endócrino, enquanto o intestino é considerado o segundo cérebro.
Os benefícios em manter uma microbiota saudável, incluem:
- Sistema imunológico: as bactérias colonizam as paredes do intestino, portanto, uma microbiota intestinal saudável é capaz de defender o organismo contra a colonização de patógenos nesse local. É por isso que a disbiose inclui sintomas como enjoos e diarreia, por exemplo.
- Controle do colesterol e prevenção de doenças cardiovasculares: as fibras nada mais são do que carboidratos não digeríveis pelo nosso organismo, sendo digeridas pelas bactérias no intestino grosso. Os produtos dessa digestão são ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) que agem no controle do colesterol.
- Prevenção de resistência à insulina e diabetes tipo 2: quando em desequilíbrio, há um aumento na expressão de citocinas inflamatórias, podendo levar à resistência à insulina e diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Portanto, cuidar da microbiota intestinal é cuidar da saúde como um todo.
- Saúde mental: o mecanismo ainda não está esclarecido, mas diversos estudos têm apontado uma relação entre a microbiota intestinal e a saúde mental. Através do eixo intestino-microbiota-cérebro, um influencia o outro: hormônios secretados pelo cérebro podem influenciar a microbiota e uma microbiota alterada pode trazer problemas psicológicos, como depressão, ansiedade, TDAH. Portanto, mais um motivo para cuidar da microbiota intestinal.
- Síntese de vitaminas: a importância da microbiota intestinal para a saúde também se dá pela síntese e ressíntese de vitaminas essenciais para o bom funcionamento do metabolismo, como a vitamina K, vitaminas B5, B6, B7 e B12, embora esta última, em geral, se localize em uma porção do intestino em que não é possível ser reabsorvida pelo organismo.
- Controle do peso: por regular a expressão de citocinas inflamatórias que, por sua vez, refletem na resposta de saciedade do hipotálamo, uma microbiota saudável é capaz de prevenir o sobrepeso e a obesidade.
Importante salientar que, embora as bactérias se encontrem em maior parte no intestino grosso, se localizam ao longo de todo o sistema digestivo, inclusive na boca, influenciando até mesmo a percepção do paladar, pelo cérebro, e, consequentemente, influenciando as escolhas sobre os alimentos.
Conclusão
Gostou de saber mais sobre o que é a microbiota intestinal?
A importância da microbiota intestinal para a saúde é enorme, afinal, o organismo funciona como um sistema, em que, absolutamente tudo está interligado.
Por isso, cuidar da microbiota intestinal vai muito além de um intestino funcionando bem, pois reflete em maior qualidade de vida física e mentalmente.
Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutricionista e Curadora da Boomi