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O que é a fome oculta e como identificá-la?

O que é a fome oculta e como identificá-la?

Você sabe o que é a fome oculta e como identificá-la?

A fome oculta, segundo a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), é uma condição silenciosa causada pela deficiência de vitaminas e minerais, essenciais para o bom funcionamento do organismo, mesmo em uma ingestão calórica suficiente.

A fome oculta é chamada assim porque, ao contrário da desnutrição visível, seus sinais são mais sutis e muitas vezes passam despercebidos.

Ela afeta principalmente populações de países em desenvolvimento, onde dietas são monótonas e pobres em nutrientes, mas também pode ocorrer em países desenvolvidos, devido ao alto consumo de alimentos ultraprocessados, em detrimento dos naturais. Identificá-la requer a observação de sintomas sutis e a realização de exames laboratoriais.

 

O que é a fome oculta e como identificá-la?

A fome oculta, também chamada de desnutrição oculta, acontece quando uma pessoa ingere calorias suficientes, mas sua dieta carece de micronutrientes importantes, como ferro, iodo, vitamina A e zinco, por exemplo.

Esse problema atinge, principalmente, crianças e gestantes. De acordo com a OMS, cerca de dois bilhões de pessoas sofrem de deficiências de micronutrientes, o que pode resultar em graves problemas de saúde, desde o enfraquecimento do sistema imunológico até comprometimentos no desenvolvimento físico e cognitivo.

Os países de baixa e média renda, especialmente em regiões da África, Sudeste Asiático e América Latina, enfrentam o maior risco de fome oculta. Isso se deve à falta de diversidade alimentar, às dificuldades econômicas e à limitada infraestrutura de saúde e educação. Em muitos desses países, a dieta não é muito variada, baseando-se principalmente em carboidratos, como arroz ou mandioca, que fornecem energia, mas carecem de alguns nutrientes essenciais.

No entanto, é importante destacar que a fome oculta não se limita a esses países. Nos Estados Unidos e em muitos países da Europa, por exemplo, o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em energia, mas pobres em nutrientes, têm levado ao surgimento de deficiências, mesmo em populações de alta renda. Essa “fome oculta moderna” é frequentemente mascarada pelo consumo de calorias em excesso, mas com qualidade nutricional insuficiente.

As deficiências de micronutrientes resultantes da fome oculta podem ter impactos devastadores para a saúde pública. Entre as consequências mais comuns estão:

 

  • Problemas imunológicos: a carência de nutrientes como vitamina A e zinco enfraquece o sistema imunológico, aumentando o risco de infecções e doenças, especialmente em crianças pequenas.

 

  • Atraso no crescimento e desenvolvimento cognitivo: a falta de micronutrientes durante a infância pode levar a atrasos no desenvolvimento físico e mental, prejudicando o desempenho escolar e as oportunidades futuras de crianças afetadas.

 

  • Doenças crônicas: deficiências prolongadas podem contribuir para o desenvolvimento de doenças crônicas, como anemia, osteoporose e doenças cardiovasculares. A falta de ferro, por exemplo, é uma das principais causas de anemia no mundo.

 

Identificar a deficiência de micronutrientes requer uma combinação de observação clínica e exames laboratoriais, como:

 

  • Sinais físicos discretos: palidez, cansaço excessivo, queda de cabelo, unhas frágeis e problemas de pele são alguns dos primeiros indícios de que o corpo pode estar com deficiência de nutrientes.

 

  • Desempenho cognitivo prejudicado: dificuldades de concentração, perda de memória e fadiga mental também são sintomas comuns, especialmente em deficiências de ferro, iodo e vitamina B12.

 

  • Análises laboratoriais: exames de sangue são essenciais para detectar deficiências de micronutrientes. Estes exames podem revelar níveis baixos de ferro, vitamina D, iodo ou outros nutrientes essenciais.

 

Agora que você já sabe o que é a fome oculta e como identificá-la, como então prevenir?

A prevenção da fome oculta envolve garantir uma dieta balanceada e rica em micronutrientes, além de implementar políticas públicas para melhorar a nutrição das populações em risco. Algumas estratégias incluem:

 

  • Variedade alimentar: incentivar o consumo de uma maior variedade dos grupos de alimentos, como frutas, legumes, verduras, feijões e outras leguminosas, cereais integrais e proteínas de origem animal, pode ajudar a garantir a ingestão adequada de micronutrientes.

 

  • Fortificação de alimentos: em muitos países, a fortificação de alimentos básicos, como farinhas, arroz e óleos, com micronutrientes essenciais tem sido uma medida eficaz para combater a fome oculta. Isso inclui a adição de ferro, ácido fólico e vitamina A em produtos amplamente consumidos.

 

  • Educação nutricional: a promoção de práticas alimentares saudáveis, especialmente entre as populações vulneráveis, é fundamental para combater a fome oculta. Programas educacionais que ensinam a importância de uma alimentação diversificada e rica em nutrientes são essenciais.

 

Livia Freitas (CRN/SP 3 82983) e Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutrição e Curadoria da Boomi.

Referências

FAO. UN chief calls for action to end hunger and improve nutrition. 2014. Disponível em: https://www.fao.org/about/meetings/icn2/news-archive/news-detail/en/c/265240/. Acesso em: 20 set. 2024.

 

UFRGS. Fome oculta: você sabe o que isso significa? 2022. Disponível em: https://www.ufrgs.br/laranjanacolher/2022/01/17/fome-oculta-voce-sabe-o-que-isso-significa/. Acesso em: 20 set. 2024.

 

WHO. Micronutrients. 2023. Disponível em: https://www.who.int/health-topics/micronutrients. Acesso em: 20 set. 2024.

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