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O dia do “lixo” pode ser benéfico?

dia do “lixo” pode ser benéfico

Veja se o dia do “lixo” pode ser benéfico em alguma circunstância, como surgiu e o que de fato significa.

O conceito do dia do “lixo” surgiu com atletas fisiculturistas, que vivem em alguma estratégia alimentar, em geral, com orientação de um nutricionista, visando o ganho de massa muscular ou perda de gordura extrema para os campeonatos.

Embora o próprio termo dia do “lixo” remeta a um dia inteiro comendo alimentos não saudáveis desenfreadamente, no mundo fitness, na verdade, o dia do “lixo” é o dia em que é possível fazer uma ou mais refeições fora da programação, ou “refeições livres”, mas ainda de forma controlada.

Mas, e para as pessoas comuns, será que programar refeições livres, vulgo dia do “lixo” pode ser benéfico?

 

Alimento não é lixo

A primeira coisa que precisamos pontuar em relação ao questionamento se o dia do “lixo” pode ser benéfico ou não, é que o próprio termo “dia do lixo” não é legal, afinal, alimento não é lixo.

Alimento é alimento.

Essas divisões “comida lixo x comida saudável”, “comer certo x comer errado”, “alimentos vilões x alimentos mocinhos”, não são legais, e quando quebramos essas dicotomias, as coisas ficam muito mais leves.

Quando não demonizamos ou colocamos como proibido, a chance de exagerar em qualquer alimento é muito menor.

Se a ingestão de qualquer tipo alimento está desenfreada, é preciso entender o porquê e cortar o mal pela raiz.

Mesmo porque, algumas vezes, o exagero se deve a busca por prazer na comida, a questões emocionais, sendo imprescindível um acompanhamento com um psicólogo ou psiquiatra, além do nutricionista.

 

Dietas da moda

O conceito de dia do “lixo” começou no fisiculturismo, mas acabou sendo difundido por pessoas comuns que buscam emagrecimento, em geral, através das dietas da moda.

Muitas pessoas que têm esse objetivo, costumam fazer dietas restritivas demais, sem a orientação de um nutricionista, acreditando que basta restringir calorias ou grupos de macronutrientes durante a semana, ou fazer algumas horas de jejum, que está tudo bem “liberar geral” no final de semana.

Mas é aí que está o problema.

Uma alimentação muito restrita, com muito menos calorias do que o corpo precisa, ou com um cardápio não tão variado e saboroso, certamente leva uma pessoa a se exceder na primeira oportunidade.

Principalmente nos finais de semana, com happy hours, festas e comemorações, em que é bem comum a presença de alimentos super palatáveis e densos em energia – afinal, depois de tanta restrição, seria “merecido”.

O grande problema é que, o exagero no final de semana acaba ultrapassando as calorias eliminadas durante a semana, e o saldo fica no zero a zero ou até positivo, levando ao ganho de peso, ao contrário do que se deseja, ou a episódios de comer impulsivo.

O consumo excessivo e desenfreado de alimentos durante um dia da semana, é capaz de descompensar o controle glicêmico do organismo, de forma a aumentar ainda mais a fome e a vontade por alimentos palatáveis. Mesmo porque, também tem a questão do paladar, que se adapta aos sabores que “damos” para ele.

Além disso, há inúmeras evidências de que o alto consumo de alimentos ultraprocessados ou de preparações com elevadas quantidades de açúcar, gordura e sal acarretam prejuízos para a saúde.

Por isso, se o desejo é emagrecer, o melhor caminho é procurar um nutricionista para fazer uma reeducação alimentar de forma individualizada, visando a adesão a uma dieta variada, saborosa, equilibrada, para que, através dela, seja possível ajustar o metabolismo, o paladar e o comportamento diante dos alimentos.

 

O dia do lixo pode ser benéfico em alguma circunstância?

Se a pessoa está em um processo de reeducação alimentar pode ser interessante, a princípio, definir metas e refeições pontuais para consumir determinados tipos de alimentos.

Por exemplo, fazer dessas refeições momentos especiais, com a família ou amigos e em uma frequência razoável – nada de chutar o balde.

Saborear devagar, sentindo bem o sabor de cada ingrediente, também é uma estratégia.

E se o alimento dessa refeição for preparado de forma caseira, como hambúrgueres, bolos e pizza, por exemplo, melhor ainda.

É claro que como é um processo, pode acontecer de se exceder algumas vezes no início, mas o importante é não se culpar e entender que, durante o caminho, certamente aprenderá a voltar para uma rotina de alimentação saudável, estabelecendo novos hábitos e um novo paladar de forma duradoura – e quando bem estabelecidos, as “refeições livres” passarão a não fazer mais sentido. Elas acontecem naturalmente e eventualmente… e tudo bem quando o dia a dia é de refeições saudáveis.

Com as mudanças e uma dieta (lê-se “modo de se alimentar”) composta por alimentos in natura, preparados com temperos naturais saborosos, o paladar tende a mudar e, consequentemente, o comportamento diante dos alimentos mais palatáveis também.

Quando a base da alimentação está firme e saudável, composta por frutas, legumes, verduras (a boa e velha comida de verdade) de forma que se gosta desses alimentos, do seu modo de preparo, dos temperos que coloca, tanto quanto dos alimentos densos em calorias, todas as suas refeições serão livres.

E quando bem entender, conseguirá encaixar um alimento não tão saudável na sua alimentação, já que, sabendo “voltar”, não fará mal algum.

Afinal, alimentação saudável é sinônimo de autonomia sobre suas escolhas e não de restrição.

 

Livia Freitas e Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutrição e Curadoria da Boomi.

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