A fase pós-parto traz muitas mudanças físicas, emocionais e hormonais. Entre elas, a produção de leite materno é uma das mais importantes, sendo a principal fonte de nutrição para o bebê. E é justamente nesse período que a atenção aos nutrientes e alimentos na fase da amamentação devem ser redobrados, garantindo tanto a qualidade do leite quanto a saúde da mulher.
Na fase da amamentação a sede, o gasto energético e a necessidade de alguns nutrientes aumentam, por isso é importante adequar o consumo de água, respeitar os sinais de fome e saciedade e apostar em alimentos naturais, como frutas, legumes, verduras, ovos, peixes, aves e carnes magras, grãos e cereais integrais, castanhas, sementes e azeite.
Nutrientes e alimentos na fase da amamentação
Durante a lactação, o corpo da mãe aumenta o gasto energético e nutricional para produzir leite em quantidade e qualidade adequadas. Por isso, é fundamental garantir uma alimentação de qualidade. A escolha dos nutrientes e alimentos na fase da amamentação também influencia diretamente o bem-estar da mulher, ajudando na reposição de estoques nutricionais perdidos durante a gestação e no parto.
- Hidratação
A produção de leite aumenta a necessidade de líquidos, e a recomendação é que a mulher beba, pelo menos, 2,5 a 3 litros de água por dia. Dicas para manter a hidratação:
- Tenha sempre uma garrafinha de água por perto.
- Consuma frutas como melancia, melão, laranja e abacaxi.
- Inclua sopas e caldos leves nas refeições.
- Calorias
Já sabemos que “gestantes precisam comer por dois” é um mito. Mas, e na fase da amamentação?
Quanto mais leite, mais energia o corpo tende a gastar. As calorias equivalem a uma refeição principal (arroz, feijão, carne e salada) ou a dois lanches leves (como um sanduíche natural e um iogurte com granola e fruta), por exemplo:
- 6 meses após o parto: a mãe produz em média 800 mL de leite por dia. As necessidades de energia aumentam cerca de 670 calorias extras por dia
- Entre o 6º e o 12º mês: o volume diminui para cerca de 550 mL e o corpo passa a gastar 460 calorias a mais.
- Se a mulher acumulou gordura corporal durante a gravidez, o corpo pode usar parte dessa reserva para ajudar na produção de leite. Nesses casos, o aumento calórico pode ser menor, cerca de 500 calorias extras por dia.
Se houver necessidade de perda de peso após o parto, ela deve ser feita com cuidado, para não atrapalhar a amamentação. Veja a recomendação por faixa de IMC (índice de massa corporal):
- Abaixo do peso: o ideal é recuperar o peso saudável.
- Peso normal: manter o peso.
- Sobrepeso: emagrecer de forma leve (0,5 a 1 kg por mês).
- Obesidade: emagrecer um pouco mais rápido (0,5 a 2 kg por mês).
Dica: Evite dietas restritivas. Elas podem reduzir a produção de leite e afetar a qualidade dos nutrientes que o bebê recebe. Respeite os sinais de fome e de saciedade, aposte em alimentos de qualidade e procure um nutricionista de sua confiança para te auxiliar.
- Macronutrientes
As necessidades de carboidratos, proteínas e gorduras aumentam, junto ao aumento das calorias, o equivalente a uma refeição principal (arroz, feijão, carne e salada) ou a dois lanches leves (como um sanduíche natural e um iogurte com granola e fruta), como dito no tópico anterior.
Aposte em alimentos de qualidade:
- Proteínas: ovos, leite, iogurte, peixes, aves e carnes magras, leguminosas (feijão, ervilha, lentilha, grão-de-bico, soja)
- Gorduras: azeite, abacate, castanhas e peixes gordurosos que são fonte de ômega 3 e tem baixo teor de mercúrio (salmão, sardinha, cavala), sementes de linhaça, chia e nozes.
- Carboidratos de boa qualidade: batatas, inhame, mandioca, mandioquinha, arroz branco ou integral, trigo, milho, aveia
- Vitaminas B1, B2, B3 e B6
Essas vitaminas do complexo B participam do metabolismo energético e são importantes para o sistema nervoso e imune. Durante a amamentação, as necessidades dessas vitaminas aumentam levemente.
Necessidades nutricionais:
- B1 (tiamina): 1,1 mg → 1,4 mg/dia
- B2 (riboflavina): 1,1 mg → 1,6 mg/dia
- B3 (niacina): 14 mg → 17 mg/dia
- B6 (piridoxina): 1,3 mg → 2,0 mg/dia
Fontes alimentares: cereais integrais, feijões, sementes, ovos, carnes magras, leite e derivados, banana, abacate, batatas e peixes.
- Folato (Vitamina B9)
Embora o foco maior no folato ocorra na gestação, ele também é importante durante a lactação. Essa vitamina atua na produção de novas células e contribui para a recuperação do organismo pós-parto. As necessidades passam de, 400ug/dia para mulheres adultas, para 600ug/dia na lacração e 500ug/dia para lactantes.
Fontes alimentares: vegetais verde-escuros, leguminosas (feijão, lentilha, grão de bico), abacate e sementes.
- Vitamina B12
Essa vitamina do complexo B participa da formação do sistema nervoso e da produção de células sanguíneas. Bebês amamentados por mães com deficiência de vitamina B12 podem apresentar atraso no desenvolvimento. Para mulheres adultas as necessidades são de 2,4mcg/dia. Para lactantes, 2,8mcg/dia.
Fontes alimentares: carnes, peixes, ovos e laticínios. Vegetarianas e veganas devem considerar a suplementação com orientação profissional.
- Vitamina C
As necessidades diárias de vitamina C para mulheres adultas é de 75mg/dia, já na fase da amamentação, as necessidades aumentam para 120mg/dia. Mas saiba que, ainda assim, não é preciso suplementar vitamina C. Essa quantidade pode ser facilmente alcançada com o consumo de 2 goiabas vermelhas, ou 1 manga, ou 2 kiwis, ou 1 fatia de mamão formosa, ou uma combinação dessas, ao longo do dia, por exemplo. Quer saber mais? Confira o post com 16 alimentos mais ricos em vitamina C.
- Vitamina A
A vitamina A é fundamental para a imunidade do bebê, para a saúde dos olhos e para o crescimento celular. As necessidades diárias para mulheres adultas é de 700mcg/dia, mas durante a amamentação, a necessidade dessa vitamina praticamente dobra e passa a ser 1300mcg/dia.
Fontes alimentares: cenoura, manga, espinafre, couve, batata-doce, gema de ovo e fígado.
- Iodo
O iodo é essencial para a formação dos hormônios da tireóide e para o desenvolvimento neurológico do bebê. A deficiência durante a amamentação pode afetar a inteligência da criança. Mulheres adultas precisam de 150ug/dia, enquanto as necessidades para lactantes quase dobram, sendo 290mcg/dia.
Fontes alimentares: frutos do mar, algas, ovos, iogurte e sal iodado (com moderação).
Cardápio saudável com nutrientes e alimentos na fase da amamentação
Agora que você já sabe quais são os principais nutrientes e alimentos na fase da amamentação, confira essa sugestão de cardápio e coloque já em prática:
Café da manhã
- Café com leite de vaca ou vegetal
- Pão de forma integral com ovos mexidos
- Mamão com chia
Lanche da manhã
Almoço
- Salada crua de rúcula, tomate e cenoura ralada
- Couve manteiga refogada
- Arroz branco ou integral
- Feijão preto ou carioca
- Filé de peito de frango ou carne bovina magra
- Banana (sobremesa)
Lanche da tarde
Sanduíche no pão folha com atum, cottage/creme de ricota e mix de folhas com tomate cereja
Ou
Vitamina com banana, mamão e maçã, com leite de vaca ou vegetal, e farelo de aveia
Ou
Mingau de aveia + salada de frutas
Jantar
- Salada crua de alface, beterraba e cenoura ralada
- Purê de batata ou de mandioquinha ou de abóbora cabotiã
- Salada de lentilha ou grão de bico
- Filé de tilápia grelhado
Ceia
- Mix de castanhas e frutas secas ou Tâmaras com morangos
Conclusão
Garantir os principais nutrientes e alimentos na fase da amamentação é essencial para a saúde da mãe e o crescimento saudável do bebê. Uma alimentação rica em vitaminas, minerais, proteínas e boas gorduras favorece a produção de leite, previne deficiências nutricionais e contribui para uma recuperação mais tranquila após o parto. Sempre que possível, procure o acompanhamento de um nutricionista para montar um plano alimentar individualizado e seguro.
Livia Freitas (CRN/SP 3 82983) e Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutrição e Curadoria da Boomi.