“Vou ser uma boa mãe?” Esse é um fantasma que assombra a maioria das mulheres mães de primeira viagem. E talvez também assombre no segundo e terceiro filho.
A verdade sobre isso é que nós nunca estamos cem por cento preparadas para a maternidade. Você pode planejar tudo nos mínimos detalhes, mas os imprevistos estão aí para provar que não tem como ter controle sobre tudo.
“Só que eu não sei o que fazer, não sei como agir, me comportar, como cuidar, e agora?” Calma, o primeiro passo é respirar fundo, sei que tudo parece incerto agora, mas organize os seus pensamentos – você pode escrever em um papel todas as dúvidas e problemas que estão passando na sua cabeça – e as outras coisas fluirão melhor.
Nós aprendemos a ser mãe? É cientificamente comprovado que não só o corpo da mulher muda durante a gravidez, como o cérebro também – é isso mesmo, o cérebro – e é por isso que nós ouvimos tantas mães dizendo que você aprende a ser mãe quando tem um filho, e aprende mesmo. Cada dia com ele vai te dando mais confiança no cuidado.
Aquela sua parte “desajeitada” para ser mãe também muda após o parto. As alterações no seu cérebro vão favorecer uma atenção mais focada no bebê e o seu instinto de proteção tende a aumentar também. E você aprende, vai se descobrindo, se permitindo tentar, e a partir desse momento as outras coisas vão se encaixando.
Cada mãe vai se adaptando, dando o seu melhor, fazendo o que pode naquele momento e com as informações que possui.
Aquela frase clichê ‘’Quando nasce um filho, nasce também uma mãe’’ é real, já que nenhum dos dois naquele momento sabe exatamente o que fazer. Ser mãe é construção, assim como ser filho também.
É um aprendizado constante, você vai aprender alguns limites, vai descobrir coisas que nem imaginou que conseguiria fazer, vai descobrir a força que tem porque às vezes essa é a única opção.
Seu filho vai aprender quem ele é, quem você é, e quem vocês são. Porque para um bebê, a mãe é sua extensão nos primeiros meses de vida.
A romantização da maternagem define que devemos agir como se nós fossemos máquinas que precisam funcionar de determinada maneira, que precisam passar a viver em função do filho desde o momento em que se é mãe até o seu último dia de vida. Ser uma boa mãe representa uma cobrança imensa para a mulher. E a boa mãe que permeia o imaginário da maioria das mulheres raramente é possível de ser alcançada, assim como a perfeição.
O que é ser uma boa mãe? Quem definiu o que uma boa mãe tem que fazer, como tem que se comportar e o que deve ensinar? Cada uma de nós está tentando dar o seu melhor, o tempo inteiro na vida.
Se pararmos para pensar na ideia de ser uma boa mãe, ela permeia a cabeça de milhares de mulheres todos os dias, mas o seu conceito é regional. Ser uma boa mãe aqui no Brasil é completamente diferente de ser uma boa mãe na Índia ou nos Estados Unidos.
Eu sei que é assustador não saber exatamente o que fazer, mas a gente só sabe o que fazer quando está ali, diante da situação. Um bom exemplo disso é: Temos o costume de dizer que vamos reagir de uma maneira x se batermos o carro, mas aí acontece e a sua reação é completamente diferente do que planejou, mas por que isso acontece? Porque é só diante da situação que você vê todas as variáveis, que você vivencia o sentimento e a partir disso você pode decidir o que fazer.
Você sabia andar quando nasceu? Não, mas aprendeu. Assim como aprendeu a falar, a escrever e a viver. A vida é isso, aprender o tempo inteiro, até quando não se está afim.
Ser mãe não é fácil, é um desafio, você tem que abrir mão de muita coisa enquanto ainda está tentando lidar com o turbilhão que ficou dentro de você.
Como psicóloga, sei que nem sempre se está preparado para as adversidades e responsabilidades que um filho exige. Se você acredita que vai encontrar dificuldades, essa é a verdade. Mas ser mãe também é uma experiência única na vida, você não vai vivenciar ela de outra maneira se não sendo mãe.
É ser uma adaptação, você vai ter que aprender novamente como viver com um novo serzinho na sua vida, que vai depender de você em quase todos os aspectos possíveis.
Existirão momentos de crise, dificuldades, anseios, dúvidas e até tristeza, mas normalmente isso passa com o tempo, você vai aprendendo a manejar.
Entretanto se sentir que está mais triste do que o normal, ou que está encontrando muitas dificuldades nesse momento, procure sua rede de apoio – ela é fundamental nesse processo, compartilhe as suas angústias com o seu/sua parceiro/a e busque ajuda psicológica.
Mas, aproveite a viagem, curta cada minuto, o tempo passa rápido e logo eles não são mais tão pequenos assim. E lembre-se de dar tempo ao tempo, afinal você também não sabia ser filha, mas aprendeu.
Giovanna Galasso (CRP 06/158707) | Psicóloga Clínica | Instagram: @psi.giovanna