A busca por uma imunidade forte é uma preocupação crescente, especialmente em tempos nos quais a saúde está cada vez mais no centro das atenções. Com isso, surgem muitas dúvidas, como, por exemplo, se é preciso utilizar suplementos para a imunidade.
Na maioria das vezes, uma boa alimentação é suficiente para permitir que o sistema imunológico funcione de forma satisfatória.
É preciso utilizar suplementos para a imunidade?
Ao refletirmos sobre a pergunta “é preciso utilizar suplementos para a imunidade?”, é interessante observar a tendência cada vez mais crescente de pessoas adotando uma extensa lista de suplementos no dia a dia.
A cada ano, surge um novo “suplemento milagroso” que promete “aumentar a imunidade”, como coenzima Q10, ômega-3, probióticos, multivitamínicos, cúrcuma, entre outros, muitas vezes, sem um entendimento claro dos motivos por trás do seu consumo.
Um olhar mais crítico sobre esse assunto mostra que, embora muitos afirmam utilizar esses suplementos em busca de uma imunidade reforçada, a maioria carece de um entendimento mais profundo sobre como esses compostos realmente afetam o sistema imunológico. Com isso, a pergunta que surge é: para que tantos suplementos? Realmente é preciso utilizar suplementos para a imunidade?
Mesmo diante da crença de que “mal não faz”, a mistura de substâncias pode resultar em interações inesperadas, e mesmo suplementos geralmente considerados inofensivos podem ter efeitos colaterais. O ômega-3, por exemplo, deve ser evitado por quem utiliza anticoagulantes, o excesso de vitaminas pode ter efeitos adversos; alguns chás podem ser hepatotóxicos, entre outros.
Além disso, enquanto a utilização de várias medicações em conjunto geralmente é cuidadosamente monitorada por um médico, isso nem sempre acontece com a utilização indiscriminada de suplementos.
Por isso, a máxima “menos é mais” ganha relevância quando consideramos o uso de suplementos para a imunidade, ou mesmo multivitamínicos. Ao invés de adotar uma abordagem de “quanto mais, melhor”, é mais interessante consultar um médico ou nutricionista para avaliar as queixas e necessidades individuais. Afinal, a prescrição indiscriminada de substâncias, muitas vezes sem evidências científicas sólidas, não é benéfica nem para a saúde e nem para o bolso.
A ausência de uma bula de farmácia não deve ser um motivo para subestimar os potenciais riscos e benefícios de um suplemento. A decisão de incorporar um suplemento à rotina diária deve ser baseada em uma avaliação criteriosa das necessidades individuais, ao invés de aderir a modismos momentâneos.
Ser mais prudente quanto a utilização de suplementos é essencial, evitando a armadilha do consumo excessivo em busca de resultados que, na realidade, podem ser obtidos por meio de escolhas alimentares mais equilibradas e saudáveis e bons hábitos de estilo de vida, como a prática regular de exercícios físicos, o manejo do estresse e uma boa noite de sono.
A melhor forma de cuidar da imunidade
O sistema imune é um conjunto de funções do corpo para protegê-lo da entrada de organismos patógenos. Tanto as células de defesa do sistema imune, quanto as bactérias que colonizam o intestino, exercem sua função na proteção do organismo e dependem de uma nutrição completa para funcionar adequadamente, o que pode ser alcançado através de uma alimentação mais nutritiva e equilibrada.
Uma alimentação variada e saudável é totalmente capaz de suprir a demanda de nutrientes do organismo, além de trazer muito mais saciedade para o corpo, e sabor e cor para os pratos.
Diversos estudos mostram que o consumo de frutas, legumes, verduras e grãos é muito mais efetivo para a imunidade do que suplementos. Afinal, os alimentos não contêm apenas vitaminas e minerais específicos, mas também antioxidantes e fibras, naturais, que agem em sinergia no organismo, o que é muito mais efetivo para a saúde.
É claro que, com exceção do leite materno, nenhum alimento é completo, e justamente por isso a alimentação deve ser diversificada, suprindo, assim, as necessidades diárias de nutrientes – e sem o risco de cometer excessos.
Tão importante quanto a alimentação, uma noite bem dormida também regula o sistema imunológico, permitindo que o corpo recupere e fortaleça suas defesas naturais. Durante o sono, ocorrem processos vitais, como a produção de citocinas, moléculas que desempenham um papel fundamental na resposta imune. Além disso, o sono adequado contribui para a redução do estresse, outro fator que, quando crônico, pode comprometer a eficácia do sistema imunológico. Portanto, priorizar uma rotina de sono consistente e reparadora é um passo significativo para fortalecer as defesas do organismo.
A prática regular de exercícios físicos também é uma peça-chave na promoção da imunidade. O exercício físico estimula a circulação sanguínea, promovendo a eficiente distribuição de células imunes pelo corpo. Além disso, a atividade física contribui para a redução do estresse, auxiliando na modulação das respostas do sistema imunológico. Estudos indicam que pessoas que se engajam em exercícios regulares e têm uma alimentação mais saudável na maior parte do tempo, apresentam menor incidência de infecções virais e bacterianas.
Conclusão
Na grande maioria das vezes não é preciso utilizar suplementos para a imunidade. As deficiências nutricionais devem ser identificadas por um médico ou nutricionista e tratadas com o(s) nutriente(s) em questão. Além disso, não é porque se trata de um suplemento natural que não terá efeitos colaterais ou interações com medicamentos.
Antes de pensar em suplementar, é mais efetivo para a imunidade, aderir a uma alimentação mais saudável, melhorar a qualidade do sono e praticar exercícios físicos regularmente.
Se acredita que algum suplemento para a imunidade pode te ajudar, procure um nutricionista para avaliar a real necessidade.
Livia Freitas e Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutrição e Curadoria da Boomi.