Apesar de muitas vezes referidos como sinônimos, existem diferenças entre exagero alimentar e compulsão alimentar.
Basicamente, a principal diferença entre exagero alimentar e compulsão alimentar está no grau de controle durante o ato de comer.
No exagero alimentar, a pessoa consome uma quantidade maior de comida ocasionalmente, sem perder o controle.
Já na compulsão alimentar há episódios recorrentes de ingestão descontrolada de alimentos, acompanhados por uma sensação intensa de perda de controle e sentimentos negativos associados. Além disso, a compulsão alimentar é classificada como uma doença psiquiátrica chamada Transtorno da Compulsão Alimentar (TCA).
Diferenças entre exagero alimentar e compulsão alimentar
A alimentação é uma parte essencial da vida de todas as pessoas, mas quando o relacionamento com a comida se torna problemático, é importante entender as nuances que envolvem certos comportamentos.
Duas palavras frequentemente mencionadas nesse contexto são “exagero alimentar” e “compulsão alimentar”. Embora esses termos possam parecer semelhantes à primeira vista, eles têm significados diferentes que valem ser explorados, a fim de entendê-los e assim melhorar a relação com a comida.
Para entender melhor ambos conceitos, veja quais são as diferenças entre exagero alimentar e compulsão alimentar:
Exagero alimentar
O exagero alimentar é caracterizado por episódios ocasionais no consumo de maiores quantidades de comida do que o habitual e está principalmente associado ao prazer sensorial dos alimentos.
No entanto, a ingestão excessiva de alimentos não atende aos critérios diagnósticos completos de um transtorno alimentar.
O exagero alimentar faz parte de um comportamento conhecido como “comer transtornado”, que envolve hábitos prejudiciais em relação à comida, como pensar excessivamente sobre alimentos ou comer para lidar com emoções, porém não atinge a intensidade, frequência e critérios específicos necessários para o diagnóstico de um transtorno alimentar.
É importante ressaltar que o comer transtornado pode evoluir para um transtorno alimentar, como a compulsão alimentar, em indivíduos predispostos. Portanto, é fundamental estar ciente dos sinais de alerta e buscar ajuda profissional caso os padrões alimentares se tornem problemáticos ou causem impactos negativos na saúde física e mental.
Compulsão alimentar
Já o Transtorno da Compulsão Alimentar (TCA) é classificado como um transtorno alimentar e uma condição psiquiátrica que requer um diagnóstico preciso realizado por um profissional médico. Este distúrbio possui critérios bem definidos que ajudam a identificar e diferenciar os comportamentos alimentares mais comuns que não caracterizam necessariamente uma doença.
De acordo com o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) da APA (2013), a compulsão alimentar pode ser diagnosticada quando atende aos seguintes critérios:
- Episódios recorrentes de compulsão alimentar. Um episódio de compulsão alimentar é caracterizado por ambos os seguintes critérios:
- Ingestão, em um período limitado de tempo (por exemplo, dentro de um período de 2 horas), de uma quantidade de alimentos definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria em um período similar, sob circunstâncias similares;
- Sentimento de falta de controle sobre o episódio (por exemplo, de não conseguir parar ou controlar o que ou quanto se come).
- Os episódios de compulsão alimentar estão associados a três (ou mais) dos seguintes critérios:
- Comer muito e mais rapidamente do que o normal;
- Comer até sentir-se incomodamente repleto;
- Comer grandes quantidades de alimentos mesmo quando não se está fisicamente faminto;
- Comer sozinho por vergonha devido à quantidade de alimentos que consome;
- Sentir repulsa por si mesmo, depressão ou demasiada culpa após comer excessivamente.
- Acentuada angústia relativa à compulsão alimentar.
- A compulsão alimentar ocorre, em média, 1 dia por semana, durante 3 meses.
- A compulsão alimentar não é associada com o recorrente uso de comportamentos compensatórios inapropriados como na bulimia nervosa e não ocorre exclusivamente durante o curso da bulimia nervosa ou anorexia nervosa
Além disso, essas mesmas diretrizes classificam a compulsão alimentar de acordo com a sua gravidade:
- Leve: 1 a 3 episódios de compulsão alimentar por semana
- Moderada: 4 a 7 episódios de compulsão alimentar por semana
- Grave: 8 a 13 episódios de compulsão alimentar por semana
- Extrema: 14 ou mais episódios de compulsão alimentar por semana
É importante destacar que a compulsão alimentar vai além de simplesmente comer grandes quantidades de comida em determinadas ocasiões. Ela envolve uma relação disfuncional com a comida, sentimento de culpa e remorso após os episódios de compulsão e uma incapacidade de interromper o padrão de comportamento por conta própria.
Devido à sua natureza complexa, é fundamental procurar a orientação multidisciplinar especializada, que inclua, de preferência, médico psiquiatra, psicólogo e nutricionista para realizar um diagnóstico adequado e estabelecer um plano de tratamento individualizado.
A conscientização e o apoio adequado são essenciais para ajudar pessoas que sofrem com a compulsão alimentar a recuperar um relacionamento saudável com a comida e promover o bem-estar emocional e físico.
Livia Freitas e Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutrição e Curadoria da Boomi.