Como é definido o prazo de validade dos alimentos

Veja no post de hoje como é definido o prazo de validade dos alimentos e por que não é recomendado comer alimentos vencidos mesmo que aparentemente não pareçam.

 

Hoje em dia a preocupação, não apenas com uma alimentação saudável, mas com a sustentabilidade, é cada vez maior, por isso entender como é definido o prazo de validade dos alimentos é essencial.

O prazo de validade é o intervalo de tempo no qual o alimento permanece seguro e adequado para consumo, desde que armazenado de acordo com as condições estabelecidas pelo fabricante.

Ele é definido ao realizar o teste de vida útil a partir de três fatores principais: segurança microbiológica, qualidade nutricional e análise sensorial.

 

Como é definido o prazo de validade dos alimentos

Segundo Guia para Determinação de Prazos de Validade de Alimentos da ANVISA, a validade de um alimento refere-se ao período em que ele se mantém seguro e apropriado para o consumo, desde que seja armazenado conforme as orientações do fabricante. Isso significa que o alimento deve:

 

• Permanecer seguro para o consumo, ou seja, não causar infecções e intoxicações alimentares devido a microorganismos patogênicos ou à produção de toxinas (bacterianas ou fúngicas) durante o armazenamento;

 

• Manter suas características, ou seja, não apresentar perda significativa de nenhum nutriente ou componente, considerando os requisitos de composição, como no caso dos suplementos alimentares, dos alimentos para fins especiais e dos alimentos com alegações nutricionais, e as regras de rotulagem e tolerância definidas na legislação.

 

• Manter sua qualidade sensorial e não se deteriorar, de maneira que tornaria o seu consumo inapropriado.

 

Para se estabelecer prazos de validade de alimentos é possível utilizar métodos diretos e indiretos:

 

• Métodos diretos: podem demorar mais tempo, mas são mais precisos, pois nesses estudos são utilizadas condições de armazenamento realistas e definidas. São exemplos de métodos diretos os estudos de estabilidade e os testes de desafio.

 

• Estudos de estabilidade: os alimentos são submetidos a condições esperadas de armazenamento e distribuição por um intervalo de tempo. Isso ajuda a determinar em que ponto ocorrem mudanças químicas, físicas e deterioração do alimento. Nesse tipo de estudo, o prazo de validade é determinado em relação a essas mudanças e não com respeito ao crescimento de micro-organismo patogênico ou produção de toxinas.

 

• Testes de desafio: é uma avaliação microbiológica da capacidade de um produto para inativar ou prevenir o crescimento de microorganismos durante um intervalo de tempo relativamente longo. Se houver a possibilidade de que microrganismos patogênicos presentes em níveis baixos no produto aumentem durante o prazo de validade, é importante investigar o quão rápido é o crescimento e sua magnitude. As melhores informações sobre o crescimento são obtidas por meio de estudos de desafio em que o alimento é inoculado com cepas de microorganismos patogênicos e depois testado em intervalos regulares para avaliar um possível aumento numérico desses microorganismos. Se os níveis de patógenos puderem atingir níveis inseguros antes que o alimento mostre uma deterioração significativa que impeça o seu consumo, é essencial que o prazo de validade garanta que o alimento não seja consumido após atingir níveis inseguros.

 

• Métodos indiretos: são mais rápidos, mas menos precisos, o que significa que pode haver necessidade de um ajuste na validade do alimento quando ele já estiver sendo comercializado. Os métodos indiretos incluem testes de estabilidade acelerada em que o alimento é armazenado em temperatura mais elevada do que a esperada ou através do uso de dados históricos coletados ou modelos preditivos.

 

Antes de empreender qualquer investigação para determinar o prazo de validade ou o crescimento de bactérias patogênicas em um alimento, é importante garantir que o processamento produz consistentemente um alimento seguro com as mesmas características, como acidez e umidade. Isso pode ser conseguido por meio de um programa de Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle (APPCC) e de estudos de validação dos controles adotados no processo produtivo.

No caso de alimentos destinados a consumidores com necessidades nutricionais específicas, suplementos alimentares, alimentos enriquecidos com vitaminas ou minerais ou um alimento com alegações nutricionais ou de propriedades funcionais ou de saúde relativa a nutrientes destinados a consumidores com necessidades nutricionais específicas, o foco do estudo deve ser a característica de preocupação. Ou seja, o tempo necessário para que o nível de uma vitamina ou outro nutriente ou componente atinja um nível abaixo do indicado no rótulo. É importante que estes estudos reúnam as condições de armazenamento, distribuição e comercialização do produto.

 

Por que não é recomendado comer alimentos vencidos?

Todos os alimentos têm um prazo de validade que deve ser respeitado. Depois desse prazo, não há garantia de qualidade, pois não foram feitos testes ou análises do produto nesse período.

O risco de consumir alimentos vencidos varia conforme o tipo de alimento. Por exemplo, alimentos com muita umidade e pH elevado, como embutidos de carne, podem ficar contaminados por bactérias prejudiciais após a data de validade, podendo causar desde sintomas simples como dor de cabeça até problemas mais graves, como diarreia, vômito e até mesmo complicações sérias. Por isso, não é recomendado comer alimentos vencidos.

Mesmo que acreditemos que comer um pouco depois do prazo de validade não faz mal, isso não é aconselhável. Consumir um produto fora do prazo estabelecido no rótulo, mesmo que aparentemente esteja em boas condições, significa assumir o risco de ingerir algo sem qualidade. Alimentos vencidos são mais propensos a serem afetados por fungos e bactérias, que podem causar problemas de saúde mesmo sem sinais visíveis.

Além disso, não é recomendado comer alimentos vencidos porque eles podem causar intoxicação alimentar, com sintomas como dor abdominal, vômito, febre e diarreia. Os sintomas podem variar dependendo do tipo de alimento, quantidade e tempo desde a data de validade.

Mesmo quando os alimentos são congelados, é importante ficar atento ao prazo de validade. Por exemplo, um queijo que foi congelado não pode ser garantido como seguro para consumo depois de vencido. Isso ocorre porque a validade indicada na embalagem é baseada no produto refrigerado e em sua embalagem original. O congelamento pode alterar as características do alimento, e não há uma legislação específica para determinar um novo prazo de validade após o congelamento.

 

Portanto, é fundamental seguir as orientações de validade e conservação dos alimentos para evitar problemas de saúde.

 

Alimentos isentos de prazo de validade

A resolução nº 259/2002 da ANVISA dispensa a declaração do prazo de validade de alguns alimentos, como:

• Frutas e hortaliças frescas, incluídas as batatas não descascadas,cortadas ou tratadas de outra forma análoga;
• Vinhos, vinhos licorosos, vinhos espumantes, vinhos aromatizados,
• Vinhos de frutas e vinhos espumantes de frutas;
• Bebidas alcoólicas que contenham 10% (v/v) ou mais de álcool;
• Produtos de panificação e confeitaria que, pela natureza de conteúdo, sejam em geral consumidos dentro de 24 horas seguintes à sua fabricação;
• Vinagre;
• Açúcar sólido;
• Produtos de confeitaria à base de açúcar, aromatizados e ou coloridos, tais como: balas, caramelos, confeitos, pastilhas e similares;
• Goma de mascar;
• Sal de qualidade alimentar (não se aplica para sal enriquecido)

 

Livia Freitas e Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutrição e Curadoria da Boomi.