Antes de falar sobre as mudanças dos hormônios durante o puerpério, vou explicar alguns conceitos primeiro:
- Puerpério: Também conhecido como resguardo ou quarentena, é o período de 6 semanas que
sucede o parto. - Puérpera: È a mulher que se encontra nesse período.
Pois bem, esse é um tema muito legal, porque as mudanças dos hormônios durante o puerpério afetam todas as puérperas, e muitas vezes não sabemos que muitas coisas que sentimos tem um motivo, e que “não são coisa da nossa cabeça” ou que “estamos loucas”.
Onde está a felicidade que eu deveria estar sentindo?
A placenta é a principal culpada na história, digo, não a placenta, mas o seu descolamento e saída no parto e a consequente queda abrupta dos níveis de estrogênio e progesterona. Esses hormônios estavam muito elevados durante a gestação, justamente pela produção placentária.
Mas imagine só tudo o que essa queda grande e tão repentina pode causar na mãe. Pra entender melhor, pense que na TPM temos uma pequena queda, e não tão abrupta da progesterona, e isso já causa muitos sintomas.
Agora imagine tudo que uma grande queda, de um minuto para outro, não pode causar.
Quem teve filhos sabe como é o “turbilhão de emoções” que sentimos nesse período: choro fácil, irritabilidade, dificuldade de concentração, melancolia, tristeza e culpa por não estarmos tão felizes… esses sintomas são muitos comuns e fazem parte do que chamamos de baby blues.
Esse distúrbio acomete de 50 a 80% das puérperas, em intensidades diferentes, sendo basicamente causado pelas alterações hormonais e piorado pelo cansaço, desgaste emocional com os cuidados com o bebê/amamentação e pela privação de sono que enfrentamos nesse período.
“Então não sou louca e nem estou com depressão pós parto?” Na grande maioria das vezes não, é apenas o baby blues, que tem início nos primeiros três dias pós parto, e costuma durar até 3 semanas.
Caso as mudanças dos hormônios durante o puerpério persistam por mais do que 6 semanas, a puérpera deve procurar ajuda médica pois pode se tratar de depressão pós parto.
Onde está a minha libido?
Outra alteração hormonal importante que temos durante todo o período de amamentação, em especial durante a amamentação exclusiva, é o aumento da prolactina, hormônio responsável pela produção do leite materno.
Seus níveis elevados inibem a ovulação e com isso reduzem a produção de estrógeno e progesterona. Por esse motivo podemos ficar sem menstruar nesse período, e juntamente temos diversos sintomas chatos, como perda do interesse sexual e secura vaginal, semelhantes a de uma mulher na menopausa, já que a mãe encontra-se com níveis hormonais muito baixos.
Somado a isso, temos uma mãe exausta e com receio de retomar as relações sexuais após o parto, tudo isso pode provocar um impasse na relação conjugal e o parceiro pode até interpretar erroneamente que foi trocado pelo bebê e que a sua mulher não quer mais saber dele.
Isso é comum! Por isso, é importante que a mulher tenha conhecimento sobre o que está acontecendo com seu corpo e as mudanças dos hormônios durante o puerpério, e também que o casal converse bastante, para que ele consiga compreender melhor as queixas da companheira, o que agrada e o que não agrada durante a relação, e entenda que há uma causa hormonal por trás e que é uma fase transitória, que melhora ao longo dos meses.
Portanto, saiba que a libido baixa é muito comum e não significa que você está com algum problema mental, nem frígida, ou que vai ficar assim pra sempre, já que também existe uma culpada para isso, essa tal da prolactina.
Espero ter ajudado as “recém-mamães” a entenderem melhor sobre o puerpério.
Dra Alessandra Raphael Novelli (CRM 155.600 – RQE 68868) | Endocrinologista | www.alessandranovelli.com.br