A alimentação para a síndrome das pernas inquietas pode ser uma estratégia eficaz para controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Uma dieta balanceada, rica em nutrientes como ferro, magnésio, ácido fólico, vitamina B12, zinco e vitamina D, pode ajudar a reduzir o desconforto nas pernas e promover um sono mais tranquilo.
Ao investir em mudanças alimentares, junto com outras abordagens terapêuticas, é possível aliviar os sintomas da SPI e proporcionar um bem-estar duradouro. No entanto, é importante lembrar que cada pessoa é única, e o acompanhamento profissional de um médico e de um nutricionista é fundamental para garantir que as necessidades individuais sejam atendidas de forma adequada.
Alimentação para a síndrome das pernas inquietas
Embora o tratamento da SPI envolva uma combinação de abordagens, como medicação e mudanças no estilo de vida, a alimentação para a síndrome das pernas inquietas é fundamental no manejo dos sintomas.
A síndrome das pernas inquietas (SPI) é um distúrbio neurológico que afeta muitas pessoas ao redor do mundo. A prevalência da SPI no Brasil e no mundo aumenta com a idade e é estimada em 5,5% na população geral e em até 8,7% na população idosa, sendo mais frequentemente encontrada em pessoas do sexo feminino
A principal característica dessa condição é a necessidade incontrolável de mover as pernas, acompanhada por sensações desconfortáveis, como formigamento, coceira e ardor. Esses sintomas geralmente surgem à noite, dificultando o descanso adequado e impactando a qualidade de vida de quem sofre dessa condição.
Existem diversos fatores que podem desencadear ou agravar os sintomas da síndrome das pernas inquietas, como fatores genéticos, neuroquímicos e ambientais, sendo a principal anomalia relacionada a disfunções no sistema dopaminérgico. A dopamina é um neurotransmissor fundamental para o controle motor, o sono e o bem-estar. Em indivíduos com SPI, acredita-se que haja uma falha na transmissão dopaminérgica, o que pode resultar na sensação de inquietação nas pernas, principalmente à noite. Esse mecanismo é similar ao observado em doenças como o Parkinson, que também envolve disfunção dopaminérgica.
As causas exatas da SIP ainda não são completamente compreendidas, mas sabe-se que ela pode estar associada a:
- Disfunções em áreas do cérebro que controlam os movimentos musculares, envolvendo o neurotransmissor dopamina;
- Níveis reduzidos de ferro no organismo;
- Insuficiência renal avançada;
- Consumo excessivo de álcool ou drogas;
- Neuropatias;
- Uso de determinados medicamentos, como antieméticos, antidepressivos, anti-histamínicos e antipsicóticos;
- Falta de sono adequado;
- Alta ingestão de alimentos e bebidas contendo cafeína.
Além disso, a condição é frequentemente observada durante a gravidez, especialmente no terceiro trimestre, desaparecendo geralmente após o parto.
Alimentos ricos em certos nutrientes podem ajudar a equilibrar os níveis de neurotransmissores, como a dopamina, fundamental na regulação do movimento corporal e na sensação de bem-estar. Uma alimentação rica em certos micronutrientes pode ajudar a melhorar a função nervosa e a circulação sanguínea, fatores essenciais para o controle da síndrome das pernas inquietas.
Nutrientes que se destacam na alimentação para a síndrome das pernas inquietas devido aos seus efeitos benéficos na redução dos sintomas, incluem:
- Ferro
O ferro é um mineral fundamental para a saúde do sangue, especialmente no que diz respeito ao transporte de oxigênio. Estudos mostram que, alguns dos sinais comuns de deficiência de ferro estão associados à SIP, com muitos pacientes apresentando baixos níveis desse mineral. Quando o corpo não tem ferro suficiente, a produção de dopamina (um neurotransmissor essencial para o controle do movimento) é prejudicada, agravando os sintomas.
Fontes alimentares de ferro incluem carnes vermelhas magras, aves, peixes, leguminosas (como lentilhas e feijão), vegetais verdes folhosos (como espinafre e couve) e cereais fortificados. Confira os posts abaixo para saber mais sobre o ferro:
- Magnésio
O magnésio é outro mineral importante para o controle da SPI. Esse nutriente ajuda a relaxar os músculos e a aliviar a tensão nervosa, o que pode ser útil para reduzir os desconfortos nas pernas. Estudos sugerem que uma ingestão insuficiente de magnésio pode estar relacionada ao aumento dos sintomas da SIP. Alimentos ricos em magnésio incluem amêndoas, nozes, sementes de abóbora, espinafre, feijão preto, abacate e bananas. Não deixe de conferir estes posts para saber mais sobre os sinais comuns de deficiência de magnésio e se é preciso suplementar magnésio.
- Ácido fólico
O ácido fólico, ou vitamina B9, é essencial para a produção de hemácias e para o bom funcionamento do sistema nervoso. Uma deficiência de ácido fólico pode contribuir para o agravamento dos sintomas da SPI, além de estar associada a um risco maior de anemia. Fontes de ácido fólico incluem leguminosas (feijão, ervilha, lentilha, soja e grão de bico), vegetais de folhas verdes, frutas cítricas e abacate. Se acredita que possa estar com insuficiência ou deficiência, veja quais são os sinais comuns de deficiência de folato.
- Vitamina B12
Sinais de deficiência de vitamina B12 estão frequentemente associados a distúrbios neurológicos. A vitamina B12 é fundamental na saúde do sistema nervoso, e sua carência pode resultar em sintomas como formigamento, fraqueza e cansaço. Boas fontes de vitamina B12 incluem carne, peixe, ovos e laticínios. Para vegetarianos e veganos, o consumo de alimentos fortificados, como levedura nutricional e cereais fortificados, pode ser uma alternativa.
- Zinco
O zinco é um mineral importante no funcionamento do sistema nervoso e na regulação dos neurotransmissores. A deficiência de zinco pode contribuir para o desenvolvimento de distúrbios neurológicos e agravar os sintomas da SPI. Os alimentos ricos em zinco incluem carnes, aves e peixes, além de leguminosas, sementes castanhas e grãos integrais. Conheça mais 10 alimentos fonte de zinco de origem vegetal.
- Vitamina D
Embora a relação entre a vitamina D e a síndrome das pernas inquietas ainda esteja sendo estudada, algumas pesquisas sugerem que a deficiência dessa vitamina pode contribuir para o aumento dos sintomas. A vitamina D é essencial para a saúde óssea e muscular e pode ajudar na função nervosa. Fontes de vitamina D incluem a exposição solar (entre 11 e 15 horas, no horário que os raios UV estão no pico, por ~20 minutos e sem filtro solar. Depois, é importante utilizar o filtro solar, pensando na saúde da pele), peixes gordurosos (como salmão e sardinha), ovos, cogumelos e alimentos fortificados.
Já os alimentos a evitar, na alimentação para a síndrome das pernas inquietas, incluem:
- Cafeína: a cafeína é um estimulante que pode aumentar a inquietação nas pernas e dificultar o sono. Evite bebidas como café, chá preto, refrigerantes e energéticos, especialmente à noite.
- Álcool: o álcool pode interferir no sono e aumentar a sensação de desconforto nas pernas, piorando os sintomas.
- Alimentos ultraprocessados: o consumo excessivo de alimentos refinados, ricos em açúcares e gorduras de má qualidade e pobre em nutrientes, podem agravar os sintomas neurológicos da síndrome, devido à má qualidade nutricional.
Portanto, para integrar uma alimentação para a síndrome das pernas inquietas no seu dia a dia, lembre-se de:
- Planejar suas refeições: garanta que suas refeições incluam alimentos ricos em ferro, magnésio, ácido fólico, vitamina B12, zinco e vitamina D. A variedade é essencial para garantir a ingestão adequada desses nutrientes.
- Incluir alimentos ricos em fibras: além de ser benéfico para a saúde digestiva, alimentos ricos em fibras (como grãos integrais, legumes e vegetais) também são fontes importantes de nutrientes essenciais.
- Evitar refeições pesadas à noite: evite consumir alimentos ricos em cafeína ou açúcar nas horas próximas ao seu horário de dormir, já que isso pode afetar a qualidade do sono e intensificar os sintomas.
- Fazer a higiene do sono: lembre-se que uma noite mal dormida afeta diretamente a alimentação. Confira o nosso post para entender mais sobre a relação entre sono e alimentação.
- Consulte um nutricionista de sua confiança: se você tem dificuldades em obter todos os nutrientes necessários por meio da alimentação, consulte um nutricionista para avaliar a necessidade de suplementação.
Livia Freitas (CRN/SP 3 82983) e Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutrição e Curadoria da Boomi.
Referências
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Síndrome das pernas inquietas tem causa genética e atinge entre 5 a 10% da população. Jornal da USP, São Paulo, 14 nov. 2023. Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/sindrome-das-pernas-inquietas-tem-causa-genetica-e-atinge-entre-5-a-10-da-populacao/. Acesso em: 13 dez. 2024.
INSTITUTO DO SONO. Síndrome das pernas inquietas. Disponível em: https://institutodosono.com/artigos-noticias/sindrome-das-pernas-inquietas/. Acesso em: 13 dez. 2024.