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Alimentação para a fibrose cística

Alimentação para a fibrose cística

A alimentação para a fibrose cística representa uma das bases fundamentais para o tratamento desta condição.

Distúrbio genético identificado pela triagem neonatal, conhecida como teste do pezinho, a fibrose cística caracteriza-se pelo mau funcionamento das glândulas exócrinas que passam a produzir secreções mais espessas (muco) e de difícil eliminação. Uma vez acumuladas em determinadas áreas do corpo, essas secreções tendem a comprometer, em geral, o sistema respiratório e digestivo, comprometendo a absorção de nutrientes.

Com a orientação de uma dieta hipercalórica, hiperproteica e hiperlipídica, além da adequação de vitaminas lipossolúveis e enzimas pancreáticas, uma melhora do estado nutricional pode ser observada, principalmente entre crianças e adultos jovens.

 

Alimentação para a fibrose cística

A desnutrição na fibrose cística é resultado do desequilíbrio entre o gasto energético, menor ingestão e aumento das perdas. Como consequências da desnutrição ocorre prejuízo na imunidade, piora do estado nutricional e qualidade de vida, influência sobre a musculatura que atua na respiração, falência no crescimento, alteração no desenvolvimento cognitivo e menor expectativa de vida.

Por isso, alimentação para a fibrose cística é fundamental para o tratamento e aumento da expectativa e qualidade de vida para pessoas que têm essa condição.

 

  1. Maior ingestão energética

Pessoas que têm fibrose cística necessitam de uma taxa calórica maior em relação às pessoas que não tem. As necessidades aumentam dependendo do grau de má absorção, função pulmonar, inflamação crônica e exacerbações pulmonares agudas.

Os protocolos internacionais recomendam uma ingestão energética de 110 a 200% das necessidades para a idade para o ganho de peso. Recomenda-se que a criança com fibrose cística consuma cerca de 35 a 40% da energia na forma de gorduras, 20% em proteína e 40 a 45% em carboidratos.

Portanto, é interessante apostar em alimentos mais densos em calorias, como castanhas, arroz, pão integral, banana, frutas secas, entre outros.

 

  1. Maior ingestão de proteínas

No sistema digestivo, a fibrose cística causa um espessamento do muco, levando à obstrução dos ductos pancreáticos. Isso resulta na redução ou ausência do fluxo normal de enzimas pancreáticas para o intestino delgado. As enzimas pancreáticas são essenciais para a digestão adequada de nutrientes. Por isso, a necessidade protéica é maior no paciente com fibrose cística. Um aumento de 1,5 a 2 vezes a recomendação diária de proteína para a idade é sugerido nestes pacientes, concomitante a suplementação de enzimas pancreáticas para auxiliar na digestão.

Alimentos mais ricos em proteínas incluem os ovos, carnes magras em geral, aves, peixes, fontes vegetais, como as leguminosas (feijão, ervilha, lentilha, grão-de-bico, soja) e suplementos de proteína em pó, quando necessário.

 

  1. Maior ingestão de gorduras

Sem a quantidade adequada de enzimas pancreáticas, a digestão de gorduras é comprometida. Apesar dos triglicerídios de cadeia média (TCM) serem de mais fácil digestão por não necessitarem de sais biliares e enzimas pancreáticas para absorção, uma dieta formada apenas de TCM não é capaz de fornecer gorduras essenciais, como as gorduras poliinsaturadas ômega 3 e 6.

O uso do TCM fica destinado a condições especiais como ressecções de grandes extensões de intestino delgado, por exemplo.

Por isso, vale apostar em fontes de gorduras como amendoim, castanhas, óleos de chia ou de linhaça, azeite e abacate.

 

  1. Aumento na ingestão de sódio

Pode ocorrer perda excessiva de sódio, especialmente nos lactentes. O sódio presente no leite materno é relativamente baixo (< 7 mmol/L, e < 15 mmol/L na fórmula infantil), bem como da alimentação complementar.

Orientações nutricionais europeias recomendam que a suplementação de sódio no lactente leve em consideração questões individuais como clima e perdas.

Nas crianças maiores e adultos as dietas com alimentos processados, como pão e queijos em geral, por exemplo, podem fornecer o sódio necessário para evitar distúrbios metabólicos.

 

  1. Aumento na ingestão de cálcio

Importante mineral para a formação da massa óssea, na fibrose cística, o cálcio pode sofrer influência pela deficiência de vitamina D, a qual regula o seu metabolismo. A avaliação da ingestão deve ser ao menos anual, principalmente nos casos de perda de peso, falência no crescimento, baixa ingestão e a dosagem de cálcio no sangue pode auxiliar na avaliação. As necessidades diárias na fibrose cística são iguais a da população em geral (1000mg/dia), sendo fundamental considerar a importância da alimentação para a fibrose cística.

Os alimentos mais ricos em cálcio incluem  o leite, queijos, iogurte, peixes e frutos do mar. A suplementação pode ser indicada, se necessário.

 

  1. Aumento na ingestão de ferro

A deficiência de ferro ocorre em cerca de 11% das crianças, sendo maior nos adultos estáveis. São muitos os fatores que contribuem para níveis baixos de ferro como a má absorção, infecções de repetição, inflamação, ingestão inadequada. Alimentos fonte de ferro incluem as carnes em geral, especialmente carnes vermelhas, ovos, e fontes vegetais, como aveia, catalonha, leguminosas em geral, agrião, pães e cereais com farinha fortificada, rúcula, castanhas e sementes e tofu. É importante considerar a suplementação, caso necessário.

 

  1. Aumento na ingestão de zinco

A deficiência de zinco pode causar atraso no crescimento, aumento da suscetibilidade a infecções, atraso na maturação sexual e anorexia associada a perda do paladar. A deficiência de zinco deve ser cogitada diante do crescimento insuficiente em lactentes e crianças, deficiência de vitamina A e a presença de gordura nas fezes em qualquer idade. Em tais circunstâncias orienta-se a suplementação por 6 meses, se necessário.

Alimentos fonte de zinco são as carnes, aves, peixes e ovos, além de fontes vegetais, como castanhas, sementes e leguminosas em geral, arroz integral e farinhas de soja e de centeio.

 

  1. Suplementação de enzimas pancreáticas

A insuficiência pancreática ocorre em 85 a 90% dos pacientes com fibrose cística e é um fator de risco para a desnutrição. Por isso, a suplementação de enzimas pancreáticas é essencial para melhorar a digestão e a nutrição.

 

  1. Suplementação de vitaminas lipossolúveis 

Sem a quantidade adequada de enzimas pancreáticas, a digestão de gorduras é comprometida. Isso pode levar a má absorção de gorduras e nutrientes lipossolúveis, como vitaminas A, D, E e K, sendo a suplementação recomendada e ajustada de forma individualizada.

 

Livia Freitas e Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutrição e Curadoria da Boomi.

Referências:

Sociedade Brasileira de Pediatria. Terapia Nutricional da Criança com Fibrose Cística. Departamentos Científicos de Suporte Nutricional e Pneumologia (2019-2021). Nº 8, 22 de Junho de 2021. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/22990c-DC-Terapia_Nutricional_da_Crianca_com_Fibrose_Cistica.pdf

 

Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da UFMG. Fibrose cística exige dieta especial. Universidade Federal de Minas Gerais. 2 de setembro de 2015. Disponível em: https://www.nupad.medicina.ufmg.br/fibrose-cistica-exige-dieta-especial/

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