A nutricionista Júlia Sousa da dicas sobre a busca do corpo perfeito no pós-parto e alimentação nessa fase.
Apesar da gravidez ser um momento único para as mulheres durante o qual o ganho de peso é aceitável, muitas apresentam descontentamento no pós-parto, querendo voltar ao peso normal de forma rápida. É comum a insatisfação corporal e baixa autoestima neste período, levando a lactante a comportamentos restritivos frente a alimentação, desencadeando sérias complicações para sua saúde e para saúde e bom desenvolvimento do bebê.
O período de puerpério é marcado por ajustes na vida da mulher para a adaptação a nova rotina de maternidade. Dentre os hábitos mais comuns podemos destacar: redução do tempo de sono, menos tempo para cuidar da sua alimentação (dando preferência a alimentos com maior densidade calórica, sendo considerado de fácil preparo) e menos tempo para realização de atividades físicas.
Não podemos esquecer que esse é o momento de exclusiva amamentação, e envolve importantes benefícios tanto para a saúde do bebê quanto para a saúde materna, entre os quais está o seu papel preventivo no desenvolvimento da obesidade materna e infantil e deficiência nutricional.
Diversos fatores contribuem para a estagnação ou aumento de peso nesse período para as mamães, como por exemplo, a restrição do sono que consequentemente ajuda na diminuição do gasto energético e desordens hormonais, levando ao aumento do apetite, principalmente por alimentos mais calóricos (comportamento de recompensa, compulsivo), causando dificuldade na diminuição do peso, emagrecimento.
A busca do corpo perfeito no pós-parto deve ser feita de forma lenta e de forma gradual, caso haja restrição alimentar, pode haver prejuízos na produção de leite (e consequentemente no desenvolvimento do bebê) e, além disso, deixar a lactante desnutrida devido à falta de nutrientes, e consequentemente diminuição da produção de um leite materno saudável, colocando em risco a saúde e bom desenvolvimento do bebe.
A amamentação exclusiva é uma aliada ao emagrecimento da mamãe, trás benefícios para a lactante e para o bebe. Nessa fase acontece uma alta demanda de energia gasta para a produção de leite materno (auxiliando no emagrecimento da lactante). Por conta disso, nós nutricionistas recomendamos aumentar o consumo energético através de uma dieta variada, contendo todos os nutrientes essenciais a fim de satisfazer as demandas nutricionais da lactante e produção de leite para o bebê.
O leite materno é o alimento mais importante e perfeito para a boa saúde do bebê nos primeiros meses de vida, não existindo nenhum outro alimento igual para substituí-lo com as mesmas vantagens:
- O leite está prontinho e disponível;
- Está na temperatura certa;
- Não existe preparo prévio;
- É fácil de administrar;
- É prático e econômico;
- É higiênico, sem contaminação;
- É de fácil digestão e absorção;
- Protege a criança contra doenças;
- Atende as necessidades nutricionais e afetivas da criança
Por isso fazer uma restrição alimentar após o parto não é saudável para a saúde e bom desenvolvimento do bebê.
E para as mamães que estão na busca do corpo perfeito no pós-parto conseguirem perder peso nesse período é necessário bons hábitos alimentares para a produção do leite materno, estimulo no emagrecimento e a prática moderada de atividade física. Que fique claro que a mamãe que amamenta perde calorias, aumentando, conscientemente, suas necessidades nutricionais. Logo, a dieta para a mamãe, deve ser equilibrada em proteínas, carboidratos e gorduras.
É importante que não se façam dietas para emagrecer neste período, apenas devem-se evitar os excessos.
Orientações para adequada alimentação da lactante:
- Consumir pelo menos 2 frutas por dia;
- Consumir legumes e verduras ao almoço e jantar;
- Prefira alimentos fresco e orgânicos com maior teor nutricional;
- Consuma peixes bem cozidos em pelo menos uma das refeições principais;
- Pequenas quantidades de alimentos com carboidratos aos lanches, como 30 g de cereais, 1 pão integral sem glúten ou 2 bolachas de arroz integral, por exemplo.
Além disso, é fundamental a ingestão de uma boa quantidade de água para ajudar na produção do leite materno, hidratação da mamãe e do bebe, cerca de 3 a 4 litros ao dia.
Durante a amamentação deve-se evitar alguns alimentos, como:
- Café, chá preto, chá mate e refrigerantes com cafeína, porque a cafeína passa para o leite e o bebê tem dificuldade em eliminar esse tóxico provocando também insônia no bebê. Pode beber-se apenas uma xícara de café por dia após dar de mamar até às 17h e caso a mamada seguinte não se realize em menos de três horas.
- Outro alimento que também pode provocar cólica no bebê é o leite de vaca, podendo ser necessário a mãe eliminar o leite de vaca da sua alimentação assim como todos alimentos confeccionados com leite como bolos, arroz doce e outros.
- Para evitar cólicas no bebê, é importante que a mãe não coma em excesso alimentos que provocam gases, como feijão, ervilhas, nabo, brócolis ou couve-flor, carboidratos refinados (massas, farinhas, açúcares e doces), por exemplo.
- Bebidas alcoólicas, pois o álcool passa para o leite materno e o bebê não tem a capacidade de eliminar esse tóxico do seu organismo, podendo prejudicar o fígado e rins do bebê.
- Adoçantes artificiais e alimentos diet ou light pois ainda não existem estudos que comprovem que não faz mal para a saúde do bebê.
- O chocolate não deve ser consumido em grandes quantidades pois tem substâncias estimulantes que passam para o leite materno, não deve ser ultrapassada a quantidade de 1 quadradinho por dia de chocolate meio-amargo após o almoço.
E tudo isso deve ter um acompanhamento multidisciplinar com nutricionista, psicólogo e médico, proporcionando espaços de escuta, acolhimento e aconselhamento sobre proteger a saúde e evitar doenças e deficiências, levando em consideração a individualidade e vida da mãe.
Júlia Sousa (CRN-3: 58500) | Nutricionista Clínica e Esportiva Funcional | @juliasousanutri