A tireoidite de Hashimoto é uma doença autoimune, na qual a glândula da tireoide, responsável pela regulação do metabolismo, vai sendo destruída gradualmente. Diante dessa complexidade, uma dúvida muito comum é o que comer e o que evitar na tireoidite de Hashimoto e como os alimentos podem ajudar a reduzir a inflamação.
Como a alimentação desempenha um papel importante no sistema imunológico, o manejo de alguns nutrientes, como zinco, selênio, vitamina A, ferro e iodo, e a modulação da microbiota intestinal, podem ajudar a reduzir a inflamação, melhorar a função da tireoide e aliviar os sintomas associados à condição.
O que comer e o que evitar na tireoidite de Hashimoto
A tireoidite de Hashimoto é a causa mais frequente do hipotireoidismo (diminuição dos hormônios tireoidianos). Ela é caracterizada por ser uma doença autoimune, na qual os anticorpos produzidos pelo organismo atacam as células tireoidianas, destruindo-as.
Não se sabe ao certo a causa, mas acredita-se que se deva a uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Entre os fatores de risco estão antecedentes familiares da doença e histórico de outras doenças autoimunes.
O diagnóstico da tireoidite de Hashimoto normalmente é feito por exame de sangue, ao dosar o TSH (Thyroid Stimulanting Hormone – Hormônio Estimulador da Tireóide). Além do exame de sangue, uma ultrassonografia pode ser necessária para confirmar o diagnóstico.
A tiroidite de Hashimoto afeta cerca de 5% da população. Geralmente inicia entre os 30 e 50 anos de idade e é mais comum em mulheres.
A doença foi descrita pela primeira vez em 1912 pelo médico japonês Hakaru Hashimoto, reconhecida como uma doença autoimune em 1957.
Os principais sintomas incluem:
- Pele seca
- Queda de cabelo
- Ganho de peso
- Olhos inchados
- Tireóide aumentada
- Mudança de humor
- Problemas de concentração
- Fadiga constante
- Alterações na composição corporal
- Distúrbios na movimentação intestinal.
A maioria dos pacientes com tireoidite de Hashimoto precisará de tratamento pelo resto da vida. Como ainda não há cura, o tratamento é o mesmo que para outras causas de hipotireoidismo: reposição hormonal.
Embora a alimentação por si só não possa curar a Tireoidite de Hashimoto, uma dieta adequada pode ajudar a reduzir a inflamação, melhorar a função da tireoide e aliviar os sintomas associados à condição.
Abaixo, selecionamos o que comer e o que evitar na tireoidite de Hashimoto. Mas vale ressaltar que a consulta com um nutricionista é fundamental para avaliar as necessidades de forma individualizada.
- Priorize alimentos ricos em antioxidantes
A inflamação desempenha um papel central na tireoidite de Hashimoto. Por isso, optar por uma dieta rica em antioxidantes, que têm efeito antiinflamatório no organismo, como frutas, legumes e verduras, pode ajudar a reduzir a inflamação.
- Mantenha a ingestão adequada de zinco
O zinco é um mineral que participa da produção de hormônios tireoidianos, além de ter um papel fundamental na imunidade. Por isso, vale apostar em alimentos ricos nesse nutriente, como carnes magras em geral e alimentos fonte de zinco de origem vegetal, como castanhas e sementes, aveia, feijão, ervilha, lentilha, grão de bico e arroz integral.
- Mantenha a ingestão adequada de selênio
O selênio é um mineral importante para a saúde da tireoide e tem propriedades antioxidantes e antiinflamatórias, podendo melhorar a função da tireoide em pessoas com tireoidite de Hashimoto. Fontes alimentares de selênio incluem castanhas do Pará, sementes de girassol, ovos e carnes em geral.
- Aposte em alimentos fonte de Vitamina A
A vitamina A é essencial para a síntese do hormônio estimulante da tireoide (TSH). Em pessoas com hipotireoidismo, a deficiência de vitamina A pode comprometer a eficácia da síntese hormonal, contribuindo para agravar os sintomas do hipotireoidismo. Por isso, é importante apostar em alimentos fonte de vitamina A, que incluem frutas e legumes amarelos e alaranjados e vegetais verde-escuros são ricos em carotenóides: manga, mamão, cajá, caju maduro, goiaba vermelha, abóbora/jerimum, cenoura, acelga, espinafre, chicória, couve, salsa etc.
- Modere o consumo de alimentos ricos em iodo
O iodo é um mineral essencial para a produção de hormônios tireoidianos. Mas em excesso, pode desencadear ou piorar os sintomas em algumas pessoas. Portanto, é importante consumir alimentos ricos em iodo com moderação, como algas marinhas, frutos do mar, produtos lácteos e sal de cozinha.
- Não suplemente tirosina, ou qualquer outro nutriente, por conta própria
A tirosina é um aminoácido não essencial encontrado amplamente nas proteínas animais e vegetais. Junto ao iodo, ele auxilia na produção de hormônios tireoidianos. Muitas pessoas acreditam que os suplementos de tirosina podem ajudar na função da tireoide, quando, na verdade, podem atrapalhar. Assim como o iodo, a tirosina pode desencadear ou piorar os sintomas em algumas pessoas.
- Aposte em alimentos fonte de ômega 3
O ômega 3 é uma gordura poliinsaturada com efeito antiinflamatório no organismo. Os principais alimentos fonte são os peixes gordos, sementes e óleos de chia e de linhaça, ou suplementar, caso seja indicado por um médico ou nutricionista.
- Mantenha a ingestão adequada de ferro
Níveis adequados de ferro são essenciais para a síntese dos hormônios tireoidianos. Alguns estudos apontam que baixos estoques de ferro podem contribuir para a persistência dos sintomas. Por isso, mantenha a ingestão adequada de ferro através de alimentos como carnes em geral, ovos, e alimentos fonte de ferro de origem vegetal, como aveia, catalonha, leguminosas em geral, agrião, quinoa, tofu, castanhas e sementes.
- Aposte em alimentos pré e probióticos
Alimentos prebióticos incluem as frutas, legumes, verduras, grãos e cereais integrais. Suas fibras são fermentadas pelas bactérias intestinais benéficas, fazendo com que proliferem, mantendo uma microbiota saudável.
Já os alimentos probióticos são aqueles que contém as bactérias benéficas, como lactobacilos e bifidobactérias, contribuindo para a saúde intestinal. Alimentos probióticos incluem leite pasteurizado, iogurte, kefir, chucrute e kombucha, por exemplo.
- Evite alimentos potencialmente alergênicos
Para algumas pessoas, eliminar alimentos como trigo, laticínios e/ou soja, pode ajudar a reduzir a inflamação e melhorar a saúde da tireoide. No entanto, não é uma regra e não existem evidências suficientes que relacionem diretamente o consumo desses alimentos ao desenvolvimento de tireoidite de Hashimoto. Por isso, antes de fazer qualquer alteração na alimentação, consulte um nutricionista de sua confiança.
- Evite alimentos ultraprocessados e açucarados
Alimentos como doces em geral, macarrão instantâneo, refrigerantes, entre outros, são pobres em nutrientes. Além disso, costumam ser ricos em energia, em gorduras de má qualidade, açúcares e aditivos artificiais. Consumi-los em excesso pode contribuir para o ganho de peso e para processos inflamatórios no organismo, piorando os sintomas da tireoidite de Hashimoto.
Quem tem precisa evitar alimentos com glúten?
Na verdade, pessoas que têm tireoidite de Hashimoto não necessariamente precisam retirar o glúten da alimentação. Como também, não se pode afirmar que o glúten é o causador desta condição.
O que ocorre é que alguns estudos mostram que pessoas com doença celíaca têm um risco aumentado de desenvolver distúrbios da tireoide, como hipotireoidismo e tireoidite de Hashimoto.
No entanto, a relação exata entre sensibilidade ao glúten e distúrbios da tireoide não é uma regra e pode variar dependendo de vários fatores, como a genética e outros problemas de saúde subjacentes.
Livia Freitas e Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutrição e Curadoria da Boomi.
Referências:
Osowiecka K, Myszkowska-Ryciak J. The Influence of Nutritional Intervention in the Treatment of Hashimoto’s Thyroiditis-A Systematic Review. Nutrients. 2023 Feb 20;15(4):1041. doi: 10.3390/nu15041041. PMID: 36839399; PMCID: PMC9962371.
Murta, L. Tireoidite de Hashimoto e glúten, qual a relação?. Blog da Boomi: dicas de saúde e alimentação saudável. Dezembro, 2020. Disponível em: https://boomi.com.br/tireoidite-de-hashimoto-e-gluten-qual-a-relacao/
Valentino R et. al. Markers of potential coeliac disease in patients with Hashimoto’s thyroiditis, European Journal of Endocrinology, Volume 146, Issue 4, Apr 2002, Pages 479–483. Disponível em: https://doi.org/10.1530/eje.0.1460479
Ch’ng CL, Jones MK, Kingham JG. Celiac disease and autoimmune thyroid disease. Clin Med Res. 2007 Oct;5(3):184-92. doi: 10.3121/cmr.2007.738. PMID: 18056028; PMCID: PMC2111403. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2111403/