A doença de Crohn é uma condição inflamatória crônica do trato gastrointestinal que pode impactar significativamente a qualidade de vida. A alimentação desempenha um papel fundamental no tratamento, por isso saber quais são os melhores e piores alimentos para a doença de Crohn é essencial.
Esta condição afeta predominantemente a parte inferior do intestino delgado e o intestino grosso, como o íleo e o cólon. Por ser uma doença crônica, não tem cura, alternando entre fases de remissão (períodos em que não há manifestações clínicas) e a fases ativas. Junto a colite ulcerativa, a doença de Crohn é uma das principais formas de doença inflamatória intestinal (DII).
Melhores e piores alimentos para a doença de Crohn
A doença de Crohn é uma condição autoimune cuja causa é multifatorial e complexa, influenciada por fatores genéticos, ambientais (como o tabagismo e alimentação não saudável), desequilíbrios na microbiota intestinal, e sedentarismo. Embora o estresse não seja uma causa direta, pode influenciar na intensidade dos sintomas.
Os sintomas variam de leves a severos durante as fases ativas e podem desaparecer ou diminuir durante as remissões. Eles variam de pessoa para pessoa e incluem dor abdominal, desnutrição, diarreia, fadiga, úlceras e perda de peso.
O diagnóstico envolve uma combinação de exames clínicos, testes laboratoriais, procedimentos de imagem e biópsias. Endoscopias, colonoscopias, exames de sangue e imagens como a ressonância magnética são frequentemente utilizados para avaliar a extensão e gravidade da doença. O diagnóstico precoce é fundamental para iniciar o tratamento adequado e evitar complicações a longo prazo.
A doença de Crohn se manifesta igualmente em homens e mulheres e, em grande parte dos casos, em parentes próximos. A incidência é maior entre os 20 e os 40 anos e mais alta nos fumantes.
O tratamento da Doença de Crohn visa controlar a inflamação, aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. As opções de tratamento incluem medicamentos antiinflamatórios, imunossupressores e, em casos graves, cirurgia para remover as áreas afetadas do intestino. A abordagem terapêutica é personalizada, levando em consideração a gravidade dos sintomas, a extensão da doença e a resposta individual aos medicamentos e à alimentação.
Além dos medicamentos, a alimentação é determinante para a gestão dos sintomas, por isso é essencial saber mais sobre os melhores e piores alimentos para a doença de Crohn tanto nas fases ativas quanto nos períodos de remissão.
Os objetivos da dietoterapia incluem aumentar os períodos de remissão, reduzir o quadro inflamatório através da imunomodulação, manter o crescimento em crianças e recuperar ou manter o estado nutricional.
Vale ressaltar que as recomendações nutricionais são individuais, e é essencial consultar um nutricionista para orientação personalizada.
- Fases ativas
Durante as fases ativas, é preciso adotar uma dieta de baixo resíduos para reduzir a irritação no trato gastrointestinal. Isso envolve evitar alimentos que podem aumentam o volume das fezes ou piorar os sintomas como:
- Leite e derivados
- Alimentos fritos e gordurosos
- Alimentos ricos em fibras, como hortaliças e grãos integrais
- Alimentos picantes
- Alimentos ricos em polióis
Em casos de desnutrição ou incapacidade de tolerar alimentos sólidos, suplementos nutricionais podem ser prescritos para garantir a ingestão adequada de nutrientes. Os principais nutrientes incluem o ferro, folato, vitamina B12, zinco, magnésio, cálcio, selênio e vitamina D.
Manter-se hidratado é essencial, especialmente se houver diarreia significativa. A reposição de líquidos e eletrólitos ajuda a prevenir a desidratação, uma preocupação comum durante as fases ativas.
Nem todos os casos de doença de Crohn exigem hospitalização durante fases ativas, mas em situações mais graves, a internação pode ser necessária para fornecer tratamentos mais intensivos, como a nutrição enteral ou parenteral, por exemplo, e o monitoramento médico contínuo. Cada caso é único, e a abordagem deve ser personalizada com base na avaliação médica e nutricional.
- Períodos de remissão
Nos períodos de remissão, o foco, geralmente, é em manter uma dieta equilibrada e nutritiva, apostando em alimentos como:
- Frutas, legumes e verduras baixos em FODMAPS
- Carnes magras em geral
- Grãos integrais e laticínios, se tolerados
Cada pessoa pode ter tolerâncias alimentares diferentes, então é importante monitorar individualmente quais alimentos podem desencadear sintomas e ajustar a dieta conforme necessário.
Em alguns casos, a suplementação nutricional pode ser recomendada para garantir a ingestão adequada de nutrientes, especialmente se houver dificuldade em absorver nutrientes do trato gastrointestinal.
O acompanhamento regular com um médico e um nutricionista, é essencial para ajustar a abordagem dietética de acordo com as necessidades e a evolução de cada paciente.
Livia Freitas e Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutrição e Curadoria da Boomi.