A esclerose múltipla é uma doença neurológica crônica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Embora não haja uma cura definitiva, uma alimentação mais saudável desempenha um papel fundamental no gerenciamento dos sintomas e na melhora da qualidade de vida, sendo essencial conhecer mais sobre o que comer e o que evitar para tratar da esclerose múltipla.
Basicamente, o tratamento nutricional da esclerose múltipla envolve a suplementação de vitamina D, a obtenção desta vitamina pela exposição ao sol e adoção de um padrão alimentar mais baseado na dieta mediterrânea.
O que comer e o que evitar para tratar da esclerose múltipla
A esclerose múltipla é uma doença neurológica crônica que prejudica a comunicação entre o cérebro e o corpo, devido à inflamação da mielina, uma membrana que envolve os neurônios. Essa inflamação surge devido a uma resposta imunológica que não reconhece essa membrana como parte do corpo, levando à sua degradação.
As causas são multifatoriais e os mecanismos que levam ao desenvolvimento ainda não estão estabelecidos, mas acredita-se que ocorra com maior frequência em pessoas que tenham predisposição genética e que sejam expostas a determinados fatores ambientais, como:
- Deficiência de vitamina D
- Infecções virais (como o vírus Epistein Baar)
- Região de nascimento (em áreas mais distantes da linha do Equador)
- Obesidade na infância.
Os sintomas são variados e sua duração e gravidade dependem da área do cérebro afetada, por isso variam de pessoa para pessoa, mas incluem:
- Baixa visão
- Fadiga
- Fraqueza nos membros
- Dormência ou formigamento no corpo
- Visão dupla
- Dificuldade para falar ou engolir
- Incontinência urinária
- Tontura
- Perda de memória.
Para diagnosticar a esclerose múltipla, o médico avalia a história clínica do paciente e exames como exames de Ressonância Magnética e coleta de líquor.
O tratamento geralmente é medicamentoso e inclui a suplementação de vitamina D, mas a adoção de hábitos saudáveis de estilo de vida é essencial para tratar dos sintomas, por isso saber o que comer e o que evitar para tratar da esclerose múltipla é fundamental.
- Exposição ao sol
Como a prevalência de esclerose múltipla é maior em países mais frios, distantes da linha do Equador, e quando há deficiência de vitamina D, a exposição ao sol é uma forma de manter alta a concentração desta vitamina no organismo, além de suplementar.
Os raios ultravioletas são a maior fonte de vitamina D. Basta ficar por volta de 15 minutos no sol entre 11 às 15 horas, nas quais os raios UV estão no pico, sem filtro solar, que a derme é capaz de absorvê-la e transformá-la na sua forma biologicamente ativa. Depois, é importante passar o filtro solar.
- Alimentos fonte de vitamina D
Além da suplementação e da exposição ao sol, é essencial adicionar alimentos fonte de vitamina D no dia a dia, como ovos, peixes, frutos do mar, leite, iogurte, queijos e cogumelos.
- Antioxidantes
Os antioxidantes desempenham um papel potencialmente benéfico na esclerose múltipla devido à sua capacidade de neutralizar os radicais livres. Radicais livres são moléculas instáveis que podem causar danos celulares e estão implicados em processos inflamatórios. Como a EM envolve inflamação e dano oxidativo, os antioxidantes podem ajudar a proteger as células do sistema nervoso central contra esse estresse oxidativo.
Esses antioxidantes incluem tanto compostos bioativos, quando nutrientes essenciais, como vitaminas C e E e minerais como o selênio e o zinco, encontrados em:
- Flavonoides: vegetais em geral, especialmente verduras e legumes.
- Carotenoides: vegetais em geral, especialmente os de coloração amarela, laranja e vermelha, e folhas verde escuras.
- Vitamina C: frutas cítricas, como acerola, kiwi, limão, laranja
- Vitamina E: azeite e castanhas
- Selênio: castanha-do-Pará, semente de girassol, peixes em geral, cereais integrais.
- Zinco: carnes em geral, frutos do mar, feijão, ervilha, lentilha, grão-de-bico, soja, castanhas e sementes em geral e laticínios.
- Ômega 3
Alimentos fonte de ômega-3, como salmão, óleo de chia e de linhaça e nozes, são considerados benéficos para pessoas com esclerose múltipla, devido as suas propriedades antiinflamatórias e neuroprotetoras, podendo ajudar a reduzir a inflamação e promover a saúde do sistema nervoso central. Embora mais pesquisas sejam necessárias para confirmar seus benefícios específicos na gestão da esclerose múltipla, a inclusão desses alimentos pode ser uma abordagem interessante para melhorar a saúde de forma geral.
- Praticar exercícios físicos
O exercício físico é frequentemente recomendado para pessoas com esclerose múltipla, devido a vários benefícios para a saúde que podem melhorar a qualidade de vida e atenuar alguns sintomas associados à condição. O exercício regular pode ajudar a manter ou melhorar a força muscular, a flexibilidade e o equilíbrio, contribuindo para a prevenção de quedas, um desafio comum em pessoas com esclerose múltipla. Além disso, o exercício pode ter efeitos positivos na fadiga e na saúde mental, reduzindo sintomas de ansiedade e depressão. Além disso, há evidências de que o exercício pode modular a resposta imunológica e antiinflamatória, o que pode ser benéfico em uma condição autoimune como esta. No entanto, é essencial adaptar o programa de exercícios às necessidades individuais, consultando profissionais de saúde para garantir uma abordagem segura e personalizada.
Atente-se também ao que evitar
Alguns alimentos e hábitos de estilo de vida podem ser prejudiciais para esclerose múltipla e devem ser evitados, como:
- Alimentos refinados e açucarados: uma alimentação rica em alimentos refinados e açucarados tem sido associada a processos inflamatórios no organismo, exacerbando a resposta imunológica, o que pode ser prejudicial em condições autoimunes como a esclerose múltipla. Além disso, esses alimentos podem contribuir para o desequilíbrio dos níveis de glicose no sangue, afetando a energia e a disposição, aspectos particularmente relevantes em uma condição que já envolve fadiga e desafios neurológicos.
- Gorduras saturadas: encontradas em carnes gordurosas, as gorduras saturadas devem ser evitadas por quem tem esta condição. Estudos indicam que dietas ricas em gorduras saturadas podem desencadear respostas inflamatórias no corpo, o que é especialmente preocupante em doenças autoimunes como a esclerose múltipla.
- Álcool e tabaco: ambas as substâncias também têm o potencial de comprometer o sistema imunológico e a resposta inflamatória. O tabagismo está associado a uma maior incidência de desenvolvimento da esclerose múltipla, bem como a uma progressão mais rápida da doença. Além disso, o álcool pode interagir negativamente com medicamentos, além de agravar sintomas, como a fadiga. Portanto, evitar o álcool e o tabaco é uma medida importante para minimizar os sintomas e promover a saúde de pessoas que tem esclerose múltipla.
Referências:
Riccio P, Rossano R, Liuzzi GM. May diet and dietary supplements improve the wellness of multiple sclerosis patients? A molecular approach. Autoimmune Dis. 2011 Feb 24;2010:249842. doi: 10.4061/2010/249842. PMID: 21461338; PMCID: PMC3065662.
Livia Freitas e Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutrição e Curadoria da Boomi.