Dia 16 de outubro é comemorado o Dia Mundial da Alimentação.
O objetivo é proporcionar reflexões a respeito de problemas que envolvem a alimentação, como a fome e a desnutrição.
A cada ano um tema é abordado afim de elaborar iniciativas através de conferências, debates e seminários, em diversos países, para garantir a segurança alimentar da população.
“Nossas ações são o nosso futuro: melhor produção, melhor nutrição, melhor meio ambiente e uma vida melhor” é o tema do Dia Mundial da Alimentação de 2021.
Segurança Alimentar e Nutricional (SAN)
A SAN se define por estratégias e ações que assegurem o abastecimento regular de alimentos, por meio do acesso a terras e água, do fortalecimento da agricultura familiar e da agroecologia, da garantia de serviços públicos adequados à saúde, à prevenção e tratamento da obesidade, à educação, ao transporte, dentre outros.
Infelizmente, muitas pessoas no Brasil e no mundo vivem situação de insegurança alimentar, sem acesso a uma alimentação saudável, de qualidade e em quantidade suficiente permanentemente.
Portanto, as ações em SAN são imprescindíveis, afinal, a insegurança alimentar não abrange apenas o problema da fome, mas a produção, comércio e publicidade de alimentos ultraprocessados, o uso de agrotóxicos nocivos à saúde e o desrespeito ao meio ambiente e a biodiversidade.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO, do inglês Food and Agriculture Organization) é uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU), que lidera esforços internacionais para o enfrentamento da insegurança alimentar no planeta.
O objetivo da ONU é alcançar a segurança alimentar de todos e garantir que as pessoas tenham acesso regular a alimentos de alta qualidade, direitos básicos para que se tenha uma boa qualidade de vida.
Tanto que o seu lema é fiat panis, do latim, “haja pão”.
A data foi escolhida para lembrar a sua fundação, em 16 de outubro de 1945.
Porém, a primeira comemoração do Dia Mundial da Alimentação ocorreu em 1981, cujo tema abordado foi “A comida vem primeiro”.
Já no Brasil, o enfrentamento dessas questões se dá pelo Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN), proposto pela sociedade civil organizada, a fim de garantir a segurança alimentar e nutricional da população.
O SISAN foi instituído por meio da Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN, Lei nº 11.346/2006), cuja meta é garantir, através de ações públicas intersetoriais, participativas e articuladas, o Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA).
Sua criação deu-se através da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN), cujo instrumento é o Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PLANSAN).
Temas do Dia Mundial da Alimentação
Para se ter uma ideia, alguns temas abordados anteriormente no Dia Mundial da Alimentação, foram:
- Pobreza rural (1985);
- Alimentação e meio ambiente (1989);
- Lutar contra a fome para reduzir a pobreza (2001);
- Preço dos alimentos: da crise à estabilidade (2007);
- Sistemas alimentares saudáveis (2013);
- Proteção social e agricultura: quebrando o ciclo da pobreza rural (2015);
- O clima está mudando, a alimentação e a agricultura também (2016);
- Nossas ações são nosso futuro: um mundo #fomezero para 2030 é possível (2018);
- Dietas saudáveis para um mundo de #fomezero (2019);
- Cresça, alimente, sustente. Juntos (2020).
Dia Mundial da Alimentação 2021
“Nossas ações são o nosso futuro: melhor produção, melhor nutrição, melhor meio ambiente e uma vida melhor”.
Segundo a FAO, atualmente, mais de 3 bilhões de pessoas – o equivalente a quase 40% da população mundial – não podem pagar por uma dieta saudável.
E esse é o ponto em que a fome e a obesidade se encontram: a desnutrição.
A fome, por não haver ingestão suficiente de qualquer tipo de alimento. E a obesidade, pela alta ingestão de alimentos ricos em energia e pobres em nutrientes.
E muitas pessoas que têm obesidade, não tem acesso a alimentos in natura, seja pela baixa disponibilidade, seja pelo baixo preço e alta perecibilidade dos ultraprocessados.
Conflitos, problemas climáticos e questões econômicas são os principais motivos que retardam o progresso para a erradicação da desnutrição, principalmente onde a desigualdade social é alta. E a pandemia de COVID-19 tornou o caminho mais íngreme.
Somado a isso, ainda há o problema do desperdício e da má distribuição de alimentos.
Muitas terras são utilizadas para o plantio de soja e milho, para a produção de alimentos de origem animal, que nem todos têm condições financeiras de adquirir.
Como também, muitas terras são utilizadas por grandes indústrias para o plantio de cana de açúcar, milho, trigo, dentre outros alimentos utilizados na produção de ultraprocessados, como biscoitos e macarrão instantâneo.
Quando, na verdade, essas terras poderiam abrigar o plantio diversificado de vegetais ricos em nutrientes, para que assim, fossem mais bem distribuídos dentre as populações, atenuando o problema da desnutrição.
E é nessa tecla que o Dia Mundial da Alimentação 2021 está batendo: em um sistema agroalimentar sustentável.
Sistema agroalimentar significa a soma total de operações que envolvem um alimento: disponibilização de insumos, produção, armazenamento, transformação, distribuição e consumo.
Portanto, os alimentos que escolhemos e a forma como os consumimos impactam na forma como os sistemas agroalimentares funcionam, afetando a nossa saúde e a saúde do planeta.
Um sistema agroalimentar sustentável é aquele em que uma variedade de alimentos suficientes, nutritivos e seguros estão disponíveis a um preço acessível para todos. Assim, ninguém passa fome ou sofre de qualquer forma de desnutrição.
Por exemplo, em um sistema agroalimentar sustentável, as prateleiras são estocadas no mercado local, menos alimentos são desperdiçados e a cadeia de abastecimento de alimentos fica mais resistente a choques, como condições meteorológicas extremas, picos de preços ou pandemias, degradação ambiental e mudanças climáticas.
Os sistemas agroalimentares sustentáveis proporcionam segurança alimentar e nutricional para todos, sem comprometer as bases econômicas, sociais e ambientais, para as gerações futuras. Assim, levando a uma melhor produção, melhor nutrição, melhor meio ambiente e uma vida melhor para todos.
Para isso, a FAO propõe que os governos adotem novas políticas que promovam a produção sustentável de alimentos nutritivos a preços acessíveis e promovam a participação dos agricultores.
As políticas devem promover a igualdade e a aprendizagem, estimular a inovação, aumentar a renda rural, oferecer redes de segurança aos pequenos produtores e construir resiliência climática.
Como também, considerar as diversas ligações entre as áreas que afetam os sistemas alimentares, como educação, saúde, energia, proteção social, finanças dentre outras, de modo que as soluções se encaixem.
Os governos, o setor privado, a sociedade civil e as organizações internacionais precisam influenciar o que é produzido, aumentando a demanda por alimentos nutritivos produzidos de forma sustentável e, ao mesmo tempo, sermos mais sustentáveis nas nossas ações diárias, por exemplo, reduzindo a perda e o desperdício de alimentos.
Também temos a responsabilidade de divulgar, conscientizando sobre a importância de um estilo de vida saudável e sustentável.
Afinal, os esforços para mitigar as mudanças climáticas, a degradação ambiental e nosso bem-estar dependem disso.
Livia Freitas e Fernanda Furmankiewicz (CRN/SP 6042) – Nutrição e Curadoria da Boomi.